Um caso recente de peste no condado de El Dorado, na Califórnia, trouxe à tona uma doença que muitos acreditavam estar confinada aos livros de história. Uma pessoa foi diagnosticada após provavelmente ter sido picada por uma pulga infectada durante uma atividade de camping. O paciente recebeu tratamento médico adequado com antibióticos e já se recupera em casa.
Este evento isolado é parte de um panorama pequeno, mas constante, nos Estados Unidos. A cada ano, são registrados em média sete casos de peste no país. A maioria das infecções acontece em estados do oeste, como Arizona, Califórnia, Colorado, Novo México e Nevada. No mês de julho, um homem no Arizona faleceu em decorrência da doença.
A peste é causada pela bactéria Yersinia pestis, o mesmo microrganismo responsável pela pandemia de peste negra que devastou a Europa no século XIV. A presença da bactéria é natural em várias regiões da Califórnia, incluindo áreas de maior altitude, como partes do condado de El Dorado. A doença não some, ela permanece circulando silenciosamente em focos naturais.
A transmissão para os humanos ocorre principalmente através de picadas de pulgas que previamente se alimentaram do sangue de animais infectados. O contato direto com tecidos ou fluidos de um animal doente também é uma via de infecção. Diversas espécies podem carregar a bactéria, incluindo roedores como ratos, esquilos, cães-da-pradaria e coelhos, mas também animais maiores como lebres, furões e até mesmo predadores como pumas. Gatos domésticos são particularmente susceptíveis à infecção e podem funcionar como elo de transmissão para seus donos.
A manifestação da doença se apresenta de três formas principais. A forma bubónica é a mais comum, representando mais de oitenta por cento dos casos nos Estados Unidos. Ela recebe esse nome devido ao aparecimento de inchaços dolorosos nos gânglios linfáticos, chamados de bubões. Esses inchaços são normalmente próximos ao local da picada da pulga infectada, como nas axilas ou virilhas, e resultam de uma intensa reação inflamatória.
Se a infecção avança e atinge a corrente sanguínea, ela se transforma em peste septicémica. O estágio mais grave é a peste pneumónica, que ocorre quando a bactéria invade os pulmões. Esta forma causa pneumonia, falta de ar e dor no peito. Diferente das outras formas, a peste pneumónica é contagiosa entre pessoas. A transmissão acontece através de gotículas respiratórias expelidas quando o indivíduo doente tosse ou espirra.
O período de incubação pode ser muito curto, com sintomas surgindo em apenas um dia após a exposição no caso da forma pneumónica. Não é uma regra absoluta que a doença progrida sequencialmente de bubónica para septicémica e depois para pneumónica. Uma pessoa pode desenvolver a peste pneumónica diretamente ao inalar bactérias de outro paciente ou de um animal infectado.
Ilustração 3D da bactéria da peste, Yersinia pestis
O sucesso do tratamento depende crucialmente da sua precocidade. Por ser uma infecção bacteriana, a peste é tratada com antibióticos comuns. Quando o diagnóstico é rápido e a medicação é administrada a tempo, as chances de recuperação total são muito altas. Sem tratamento, a doença pode evoluir rapidamente e ter um desfecho fatal.
Alguns animais funcionam como reservatórios para a bactéria. Eles podem abrigar a Yersinia pestis sem apresentar sintomas graves, mantendo o microrganismo em circulação na natureza. Em outros casos, a infecção provoca surtos de mortalidade em massa entre populações de roedores. Esses eventos, conhecidos como epizootias, podem ser um prenúncio de casos humanos. Com a morte dos animais hospedeiros, as pulgas infectadas precisam buscar novas fontes de alimento, passando a procurar mamíferos de sangue quente, incluindo humanos.
A prevenção é a estratégia mais eficaz. As autoridades de saúde recomendam evitar qualquer contacto com animais silvestres, especialmente roedores. Alimentar esquilos ou outros animais em parques e áreas de camping representa um risco. É crucial nunca manipular um animal que pareça doente ou que esteja morto.
O uso de repelente de insetos é altamente recomendado durante actividades ao ar livre, como caminhadas e acampamentos, para evitar picadas de pulgas. Para quem tem animais de estimação, é essencial manter cães e gatos protegidos com produtos contra pulgas. É igualmente importante impedir que os pets explorem tocas de roedores ou persigam animais silvestres, pois podem trazer pulgas infectadas para perto das pessoas.
Não existe atualmente uma vacina contra a peste disponível para o público. Versões mais antigas foram descontinuadas nos Estados Unidos em 1999 devido a preocupações com a sua segurança e eficácia limitada. Esforços de pesquisa continuam a explorar o desenvolvimento de novas vacinas mais eficazes.
Esse Homem testa positivo para peste negra nos EUA foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.
