A escritora Daisy Serena lança, neste sábado (23), o livro escolher falar de amor não cessará nenhuma bomba, na Livraria Megafauna (Copan), a partir das 17h, em São Paulo. Na obra, a autora traz um debate sobre afetos negros, anticolonialidade, maternidade e racismo no Brasil. Em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, nesta sexta-feira (22), Serena comentou sobre o processo de escrita, que durou cerca de uma década, e a escolha do amor como tema: “Nossos afetos são algo básico e também base para nossas denúncias e ferramentas de luta”.
“Quando eu me entendi como uma mulher negra, foi no terceiro ano da faculdade, lendo um texto da bell hooks, Vivendo de Amor. Foi aí que compreendi como, para os corpos negros, atravessados historicamente pelo processo de escravização, aceitar que falar de amor é algo necessário para a nossa sobrevivência, que não é um tema fútil. Porque eu acho que a gente guarda isso como se fosse algo menor, sendo que é algo básico: os nossos afetos. E eles também são base para as nossas denúncias, para todas as nossas ferramentas de luta”, afirma.
Daisy Serena lembra que, mesmo tendo lançado o primeiro livro há dez anos, em uma produção artesanal pela Tadeia Editorial, só encontrou sua linguagem poética depois. Ao longo da última década, tornou-se mãe e foi desenvolvendo uma relação mais profunda com a negritude e a arte negra. “Ao longo desses 10 anos, eu me aproximei dos movimentos negros, principalmente artísticos, fotografando dança, cenas de poesia, de teatro. Isso influenciou totalmente como passei a enxergar a minha palavra e o meu olhar”, conta.
O evento de lançamento do livro, que conta com financiamento do Programa de Ação Cultural (ProAC), também terá a estreia do álbum visual homônimo, dirigido por Sérgio Silva. “A partir do livro, eu queria que o máximo de pessoas da minha comunidade estivesse envolvido, porque a gente sabe que esses projetos e financiamentos públicos geram mais empregos. Por isso, quis desdobrar esse livro em várias etapas, também porque sou artista multilinguagem. Então, tem o livro, vão ter três oficinas de poesia e de poesia em vídeo, além de uma ação no CDC [Clube da Comunidade] Vento Leste, na zona leste, com a leitura da obra”, explica.
Para ouvir e assistir
O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira: a primeira às 9h e a segunda às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.
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