
Mercados de Teresina seguem como espaço de convivência e trabalho para gerações
No Dia do Feirante, celebrado nesta segunda-feira (25), o g1 mostra como profissionais dos mercados do Mafuá e da Piçarra, nas zonas Norte e Sul de Teresina, mantêm viva a tradição, mesmo com a concorrência dos supermercados e a queda no número de clientes.
Mesmo com os desafios, as feiras livres da capital continuam movimentadas. Por trás das bancas, estão feirantes que resistem com dedicação e mantêm viva uma profissão tradicional.
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50 anos de feira e resistência
Maria de Fátima dos Anjos, de 76 anos, atua como feirante há 50 anos no bairro Piçarra. Ela começou quando o mercado ainda funcionava ao ar livre.
“Naquele tempo era melhor. Hoje tem muita concorrência, supermercado vende de tudo”, lembra Fátima.
Ela reclama da insegurança e da dificuldade de vender produtos perecíveis. “Vendia tomate e cebola, mas parei. Comprava, trazia e não vendia. Estragava tudo”, contou.
Hoje, aposentada, Fátima vende produtos não perecíveis, como azeites, temperos, condimentos e folhas medicinais secas.
Profissão passada de geração em geração
Luana Maria Aline, de 43 anos, trabalha como feirante há mais de 20 anos. A banca foi da avó, passou pela mãe e chegou até ela.
“É uma profissão honrada. Muitos pais feirantes conseguiram formar filhos médicos e advogados. Antes o fluxo era maior. Hoje há mais opções, como restaurantes e mercados, e isso dividiu o público. Mesmo assim, o mercado ainda é o queridinho das pessoas”, relatou.
Luana destaca que os mercados continuam sendo ponto de encontro, principalmente nos fins de semana e madrugadas após eventos.
Socorro Rodrigues, de 56 anos, também herdou a banca da mãe. “Ela estava cansada e perguntou quem queria continuar. Ninguém quis, então eu disse: ‘deixa comigo’”, contou.
“Os clientes comparam preços com os supermercados, mas aqui a gente trabalha com menor escala e mais qualidade. O produto bom é mais caro, mas eles reconhecem e acabam levando”, explicou.
Cliente fiel vê feira como espaço de convivência
Alexei Peixoto, de 56 anos, é cliente assíduo do Mercado do Mafuá. Vai ao local cerca de cinco vezes por semana e valoriza o atendimento. “Às vezes o produto nem é o melhor, mas o atendimento faz toda a diferença”, afirmou.
Ele também destaca o lado social da feira. “Tenho muitos amigos aqui. A gente conversa, compra, brinca. É uma diversão. Quando eu estiver mais velho, quero vir todo dia”, disse, sorrindo.
Entre desafios e conquistas
Anselicinda Barros, de 63 anos, conhecida como Teté, trabalha há 40 anos como feirante no Mafuá. A banca passou da tia para a irmã e depois para ela. “Para quem sabe trabalhar, a feira é uma boa fonte de renda. Já consegui formar duas filhas, uma delas médica. Tudo com o dinheiro da feira”, disse.
Teté lamenta a queda na clientela e a concorrência com os supermercados. “Hoje é difícil competir. Eles compram em grande escala e vendem barato”, lamentou.
“Nós compramos caro e não temos como acompanhar. Mas não desistam. Persistam. Tem dias ruins, mas também tem dias bons. É daqui que nós vivemos”, completou.
Denisar Souza do Bonfim, de 66 anos, começou na feira ainda criança, ajudando o pai. Ele diz que produtos como farinha, goma e feijão ainda têm boa procura nas feiras.
“Os supermercados vendem quase tudo, mas tem gente que compra lá o que não encontra aqui e vem para a feira buscar o restante.”
Denisar afirma que a queda nas vendas é visível. “Antes vendia até três sacos de feijão por dia. Hoje, se vendermos meio saco, já é lucro. Os supermercados dominam tudo”, destacou.
Reconhecimento
Francisco Raimundo da Silva Freitas, de 72 anos, mora ao lado do Mercado do Mafuá e é cliente há duas décadas. Ele elogia o esforço dos feirantes:
“Admiro demais o trabalho deles. É uma rotina dura e sacrificada. Às 4h da manhã, eles já estão aqui na luta. Só tenho elogios a fazer.”
Dia do Feirante: mercados de Teresina seguem como espaço de convivência e trabalho para gerações
Tayson Meneses/Arquivo Pessoal
Dia do Feirante: mercados de Teresina seguem como espaço de convivência e trabalho para gerações
Carlos Rocha/G1
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