O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) avalia que a conquista da vice-presidência da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não compensa a derrota sofrida com a presidência do colegiado, controlada pela oposição bolsonarista.
“[Atenua] muito pouco porque a vice-presidência não tem um poder real dentro da CPMI. Poder mesmo para levar as pessoas que foram aprovadas nos requerimentos e [definir] a ordem delas cabe ao presidente”, afirma, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.
Nesta terça-feira (26), o deputado Duarte Jr. (PSB-MA) foi escolhido vice-presidente da CPMI do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Instalada na última quinta-feira (20), a comissão já havia eleito o senador Carlos Viana (Podemos-MG) como presidente e o deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL) como relator.
Segundo ele, no entanto, a disputa de espaços resultou em acordos que garantiram aos governistas a manutenção de assentos na mesa e a adoção de uma ordem cronológica para as convocações. “Ou seja, não vai ficar discricionário ao presidente convocar quem ele mais queira. Ele terá que chamar, na ordem cronológica, todos que foram aprovados dentro dos requerimentos. (…) Isso facilita o entendimento daquilo que é a verdade dos fatos”, diz.
Correia acusa ainda governos anteriores de compactuarem com fraudes no INSS. “É uma quadrilha que atua há muito tempo, em especial durante o governo [do ex-presidente Michel] Temer (MDB). (…) Isso se ampliou muito durante o governo [do ex-presidente Jair] Bolsonaro (PL), que, aliás, (…) sabia desde o início, quando ele ainda não tinha tomado posse”, aponta.
Imposto de Renda e centrão
Sobre a proposta do governo de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil mensais, o deputado critica a resistência de setores do centrão em apoiar a taxação dos mais ricos. “Essa é uma operação Robin Hood [personagem da lenda inglesa que roubava dos ricos para dar aos pobres]. Os muito ricos e milionários vão ter que pagar imposto de renda para os pobres poderem pagar o imposto de renda. Então, só vale ser aprovado na sua plenitude. Quem não votar assim estará votando contra a isenção do imposto de renda”, pontua.
Na avaliação de Correia, ministros de partidos como União Brasil e PP não podem permanecer no governo sem defender suas pautas. “Como alguém está no governo e faz oposição ao governo? Isso não existe em lugar nenhum do mundo. (…) Acho que quem ficar contra o povo, neste caso, e a favor dos milionários e bilionários, não devia ficar no governo presidente Lula. É a minha opinião”, protesta.
Cassação de Eduardo Bolsonaro e defesa da democracia
O deputado também defende a cassação do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pela atuação dele na definição do tarifaço decretado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros.. “Ele está lá fora conspirando contra o Brasil, tentando taxar o povo brasileiro a pagar mais impostos para os Estados Unidos. […] Então, a cassação dele era a medida mais correta”, declara.
Correia também pede pela cassação dos deputados que obstruíram o Congresso na volta do recesso parlamentar, no início de agosto, em defesa da anistia para os participantes do 8 de janeiro. Ele acredita que a pressão popular será decisiva para reverter a correlação de forças no Congresso e vê a possível prisão de Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado, como “um passo importante para o Brasil, para a defesa da democracia”.
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