
Idosa de 90 anos desenvolve paixão pela arte através de desenhos
No cantinho da cômoda do quarto, de pé, com um lápis de cor na mãos e bastante concentração. É assim que Auta Pereira Gomes, de 90 anos, se dedica na criação de desenhos todos os dias em Londrina, no norte do Paraná.
As flores, que são a especialidade dela, inspiraram a neta, Letícia Massuco Santana. Como forma de eternizar as obras da avó, ela conta que passou a reproduzir os desenhos da matriarca em tatuagens, que são disponibilizadas para os clientes.
“Pessoas vão, mas a arte fica. Quando eu comecei a pensar em transformar projetos dela em tatuagem, pensei nisso pra mais pessoas terem acesso, conhecerem e levarem com elas essa questão geracional e esse sentimento. Poder eternizar isso em outras pessoas é um sonho”, disse Letícia.
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Entre os clientes que já registraram desenhos da dona Auta estão os netos Guilherme Serra e Edvaldo Massuco Santana. O primeiro fez questão de tatuar no braço a assinatura da avó, e o segundo registrou na perna as flores desenhadas por ela.
Neta passou a tatuar os desenhos da avó Auta.
RPC
E opções para as tatuagens não faltam. Todos os dias, Auta passa pelo menos 1h30 produzindo os desenhos. Ela também distribuiu as obras entre os netos – cada um deles possui um caderno com 100 folhas desenhadas por ela.
“Ela faz composições maravilhosas, como se alguém tivesse ensinando, mas ela aprendeu sozinha. Acho impressionante, ela nem enxerga direito, pois tem 90 anos. Ela desenha em pé, de maneira bem difícil. Se fosse eu ou qualquer outra pessoa, estaríamos com dor nas costas e na mão. E ela fica lá desenhando, um desenho mais lindo que o outro”, contou Edvaldo.
Auta Pereira Gomes, de 90 anos, estima já ter feito mais de 2 mil desenhos.
Rogério Pinheiro/RPC
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Dom veio da infância
O gosto pelo desenho caminha com dona Auta desde a infância. Durante os almoços na roça, ela conta que costumava fazer os desenhos no chão.
A então menina artista cresceu, mas não deixou o dom de lado. Quando conseguia, sempre desenhava ou inspirava quem estava por perto, como fez com a neta Letícia.
“A gente chegava aqui, a vó espalhava pedaços de papel pela casa. Eu e meu irmão ficávamos desenhando. Tinha um monte de canetinha. Sempre tivemos acesso a esse tipo de material, pois isso a gente estava aqui sempre desenhando”, contou a tatuadora.
Auta estima já ter feito mais de 2 mil desenhos.
RPC
A filha, Rozilda Pereira Sant’Ana, também conta que, na época de escola, sempre ganhou nota com os desenhos que, na verdade, eram feitos pela mãe.
“Desde criança, meus trabalhos, as professoras viam o ‘meu desenho’ e eu ganhava nota, mas era a minha mãe que fazia os desenhos pra mim. Sempre foi”, contou Rozilda.
Auta voltou a se dedicar aos desenhos há quatros
Todos os dias, Auta se dedica pelo menos 1h por dia na criação dos desenhos.
RPC
Ao longo dos anos, o contato com os desenhos diminuiu. Mas, inspirada pelo neto Edvaldo, ela voltou a fazer o que tanto amava. Isso aconteceu há quatro anos, quando o neto viu um dos desenhos dela na mesa de cabeceira da cama.
“Um dia meu neto, o ‘Vado’, não sei o que ele pediu para mim e eu mexi na mesinha e tinha um papel branco desenhado e com o meu nome. Ele pegou o papel e perguntou se tinha sido eu e eu confirmei. Falei que quando eu morrer, alguém vai mexer e vai achar meu desenho. Ele admirou e achou bonito. Passou uns três dias e ele chegou com tudo aqui, caixa de caneta, caderno de desenho, um monte de coisa. Desde aquele dia eu não parei mais de desenhar”, contou Auta.
Dona Auta estima que já fez mais de dois mil desenhos. Alguns dele, inclusive, passaram a estampar tecidos e viraram decoração nas paredes da casa onde mora com a família.
“Eu fico feliz, porque antigamente ela não tinha hobby nenhum. E de repente, ela descobriu o desenho. Eu fico feliz, pois se ela se sente bem, faz bem pra ela, a gente fica feliz também”, disse a filha Rozilda.
Aos 90 anos, dona Auta encanta com obras de arte
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