
Pirarucu de 130 kg e mais de 2 metros é pescado no Triângulo Mineiro
Um pirarucu de 2,42 metros e cerca de 130 quilos foi capturado no Rio Paranaíba, em Ipiaçu, no Triângulo Mineiro. A captura ocorreu na madrugada de sexta-feira (18) e repercutiu nas redes sociais após o pescador Wilson Carioca, de 48 anos, publicar uma foto em que ele aparece ao lado do gigante das águas.
Segundo o pescador, que sustenta a família com a atividade, foi uma surpresa se deparar com o pirarucu preso ao espinhel.
“Essa é minha vida, faz parte do meu cotidiano, mas encontrar um peixe desse tamanho não é algo esperado. Foram cerca de 2 horas tentando colocar ele para dentro da canoa, afinal, eu estava sozinho, quer dizer, era eu e Deus”, afirmou Carioca.
🔍O espinhel é um aparelho de pesca que funciona de forma passiva e utiliza iscas para a atração dos peixes. Ocorre que, ao tentarem se alimentar das iscas do espinhel, os peixes ficam presos nos anzóis.
Após o achado, Carioca resolveu vender o peixe a R$ 50 o quilo. Até o momento, a família lucrou aproximadamente R$ 1,5 mil e acredita que a carne do animal possa render R$ 5 mil após toda a venda.
Peixe foi capturado na madrugada de sexta-feira (18) no Rio Paranaíba
Reprodução/TVM
Captura preocupa pescadores e biólogos
Apesar da conquista, uma questão ainda preocupa o pescador, afinal, a presença do gigante das águas amazônicas em Minas Gerais não é nada comum.
“Ele é muito predador, come as outras espécies”, afirmou Carioca.
De acordo com o pesquisador do Instituto de Biologia da Universidade federal de Uberlândia (UFU) Kléber Del Claro, o achado da espécie no Rio Paranaíba deve acender um alerta para as autoridades da região e pode significar que alguém trouxe o pirarucu de maneira indevida para o rio.
“O que acontece é que ele se torna uma espécie invasora e pode ocupar o nicho ecológico de outra espécie, de forma que não sobrará comida para as outras espécies, provocando o que chamamos de exclusão competitiva e pode diminuir a biodiversidade do rio como um todo”.
Contudo, mesmo com a preocupação, Carioca conta ter a esperança de pescar outros pirarucus nos próximos dias e continuar com o sucesso das vendas.
“Tem gente da cidade toda vindo comprar, o pessoal quer experimentar esse peixe que não é comum na região, para quem sabe daqui 50 anos contar para os netos sobre essa experiência de comer o primeiro pirarucu pescado na região”, ressaltou o pescador.
Para Kleber, o que deve ser feito nas próximas semanas é uma análise do rio e busca por outros peixes da espécie. Se encontrados, eles devem ser transportados de volta para o seu habitat natural na Amazônia, onde estão com risco de extinção.
“Esse peixe chega na fase adulta com 5 anos, então podemos dizer que esse pirarucu encontrado por eles tenha em média 8 anos. O pescador acha que é algo bom, que está saindo no lucro, mas é um alerta para o risco de outras espécies”, afirmou Kleber.
Enquanto isso, em Ipiaçu, a comunidade comemora e afirma que esse será o primeiro dos muitos pirarucus pescados no rio.
“Aqui foi só alegria. É uma experiência única, sem explicação, é só o primeiro dos outros que virão”, comemorou a esposa de Wilson, Edina Cândida.
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