Chegar aos 100 anos com saúde e lucidez é, sem dúvida, uma dádiva da vida. Estevão Ferreira da Conceição alcançou essa marca impressionante no último dia 14 de julho. Nascido na zona rural de Antônio Cardoso, mais precisamente na Fazenda Subaé, ele está longe de cansar da vida.
Pai de 10 filhos, quatro homens e seis mulheres, avô de 18 netos e bisavô de 15 bisnetos, Seu Estevão é referência de ternura, sabedoria e longevidade para toda a família. Para celebrar o centenário, seus familiares o homenagearam com uma missa especial na Catedral Metropolitana de Senhora Sant’Ana – um local que ele frequenta com devoção. Todos os domingos, está presente para orar, louvar e agradecer por ele e por todos que o querem bem.
O Acorda Cidade esteve com o aniversariante para saber como ele chegou aos 100 anos, conversando bem, cheio de vida, de saúde, com memórias e conselhos intactos. “Me sinto bem, Deus tem me dado o direito de viver e com muito amor a gente vive. Ter fé em Deus e ter amor a todo mundo. Eu, graças a Deus, sempre tive amor aos filhos, aos amigos e todo mundo.”
Morador de Feira de Santana desde 1969, Estevão já se tornou um filho da Princesa do Sertão. Nessa terra, ele conquistou o carinho no coração dos feirenses, principalmente dos moradores do bairro Muchila, onde ergueu sua mercearia e a mantém até hoje como um símbolo de brasilidade. Fala com orgulho da sua idoneidade por nunca agredir alguém, nem ter precisado da justiça para mediar sua vida.
Em seus 100 anos, muitas vivências marcaram bastante, desde a década de 30, onde se recorda que a vida já foi bem mais dura do que se encontra hoje. Ele relembrou o quanto a Segunda Guerra Mundial foi o período difícil vivido por todos. “Foi um tempo duro.”
Do tempo em que Antônio Cardoso ainda era chamado de Umburanas, Estevão viveu por muitos anos da terra, no campo, “trabalho pesado”, momento que lhe traz fortes lembranças de sua família.
“Naquele tempo, meu pai tinha 12 filhos, então ele não podia dar nada aos filhos porque a família era pobre. Então ele fez uma reunião dos filhos assim, olha: ‘Eu não posso dar nada a vocês. O que eu posso dar a vocês é de segunda a quinta, vocês trabalham para a despesa da casa.’ Porque naquele tempo só se comia o que plantava. Já não tinha esse negócio de vir de fora, isso veio aparecer depois da Guerra Mundial. Então, sexta e sábado, vocês vão trabalhar pra vocês”, relembrou.
Atualmente, ele conta que a vida está bem melhor. Aposentado, ao lado de sua esposa, cuidando do seu comércio que ele diz que é devagar, mas sempre traz a oportunidade de prosear com os clientes, jogar um dominó para distrair e trabalhar a cabeça.
Não mora mais com os filhos, mas faz questão de lembrar que, de alguma forma, todos, filhos, netos e bisnetos estão por perto. “Toda a família gosta de mim e eu também gosto deles. Todo mundo paparica”, brincou.
Fé em Deus, evitar bebidas alcoólicas, cigarro e dormir cedo são só alguns de seus ensinamentos para alcançar essa longevidade assim, cheia de expertise e saúde, saúde essa que “graças a Deus, anda bem”. Podem até surgir incômodos da idade que lhe fazem perder o sono, mas ele segue a vida agradecendo ao tempo por tamanha generosidade.
“Sou católico, não perco um domingo, que é o dia do senhor. Vou sempre à missa. Desde os 18 anos, meu pai era católico, eu nunca me afastei da igreja. Toda 18h eu rezo o terço. Às 7h da manhã, se eu não for à missa, eu assisto na TV. Não me afasto”, contou ao Acorda Cidade.
Além de se alimentar de fé, ele brinca que o “cair na sua boca, morre”. É um verdadeiro bom de papo e de garfo.
Típico de alguém que viveu muitos anos e já passou por muita coisa nessa vida, a mensagem que seu Estevão deixa para os leitores é que “Deus abençoe a todos”, para reforçar que, independente da festa ser para ele, o importante mesmo é ter com quem dividir a benção que é viver.
“A minha mensagem é que Deus abençoe a todos. Que Deus dê conforto. E também eu digo que ninguém seja violento, porque a violência não vai para lugar nenhum. Seja amigo, tenha amor. Em primeiro lugar, amor ao próximo, porque sem amor você não vive.”
Com informações do repórter do Ed Santos do Acorda Cidade
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