Exportadores temem que tarifaço freie expansão do mamão capixaba nos Estados Unidos

Apesar de representar uma fatia menor das exportações capixabas de mamão, o mercado dos Estados Unidos é considerado estratégico pelos produtores do Espírito Santo. Com o anúncio de um possível tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, exportadores do setor estão em alerta, mesmo que o impacto direto na fruta ainda seja considerado mais moderado.

De janeiro a junho deste ano, o Espírito Santo exportou 11,2 mil toneladas de mamão, movimentando mais de US$ 16,3 milhões. Para os Estados Unidos foram 1,5 mil toneladas, que renderam US$ 2,1 milhões, cerca de 6% do total. Já em âmbito nacional, o Brasil exportou 27 mil toneladas de mamão no mesmo período, gerando receita de US$ 36 milhões.

União Europeia concentra a maior parte das exportações de mamão do Espírito Santo

Segundo José Roberto Macedo Fontes, presidente da Brapex, associação brasileira que representa os produtores e exportadores de mamão, o Espírito Santo é hoje o principal responsável pelas exportações da fruta para os EUA. “Cerca de 98% do mamão brasileiro exportado para o mercado americano saiu do Espírito Santo. Apenas 2% saíram do Rio Grande do Norte”, destacou.

Fontes explica que, por conta do envio ser feito exclusivamente por via aérea, as remessas para os EUA ainda não foram afetadas diretamente pela nova tarifa anunciada, prevista para agosto.

José Roberto Macedo Fontes, presidente da Brapex

“Como o mamão vai de avião, a gente consegue manter os envios até a semana anterior à implementação da tarifa. Já quem exporta por navio, como no caso do gengibre, está em situação mais delicada, porque os contêineres já estão a caminho e podem ser sobretaxados ao chegarem lá.”

Impacto nas exportações de mamão

O presidente da Brapex também lembra que o mamão já enfrenta uma taxa de 10% no mercado americano, e que o novo imposto pode comprometer a competitividade da fruta. “Se essa tarifa realmente se confirmar, o risco é que o consumidor final não absorva o aumento. E aí as vendas podem cair, mesmo sendo um produto considerado mais nobre por eles”, avaliou.

Embora o impacto seja menor se comparado ao de outras commodities, a preocupação existe. “É um mercado que poderia crescer, mas com uma tarifa tão alta, a tendência é que tenhamos que reduzir as expectativas. Não temos margem para sustentar um aumento de preço desse porte”, afirmou Fontes.

A maior parte do mamão exportado pelo Espírito Santo segue para a União Europeia, destino de 94% da fruta capixaba neste ano. Ainda assim, Fontes defende a importância de manter o mercado norte-americano como opção.

“O percentual é pequeno, mas é um destino estratégico para nós. Até junho, foram 2,2 milhões de dólares em negócios com os Estados Unidos. É um valor que não dá para ignorar.”

Leia também:

Exportadores descartam ruptura no fornecimento de café aos Estados Unidos

Café, gengibre e ovos: tarifa de 50% de Trump pode atingir produtos-chave do agronegócio capixaba

Adicionar aos favoritos o Link permanente.