
Nicolly Fernanda Pogere, 15 anos.
Arquivo pessoal
Os adolescentes de 17 e 14 anos, suspeitos de matar Nicolly Fernanda Pogere, de 15 anos, usaram um carrinho de mão para levar o corpo da menina até uma lagoa, onde o corpo foi encontrado em Hortolândia (SP) na sexta-feira (18), segundo a Polícia Civil.
Delegado titular do 2º Distrito Policial de Hortolândia, José Regino Melo Lages Filho informou que o Corpo de Bombeiros realizava buscas na lagoa, nesta segunda-feira (21), por partes dos restos mortais de Nicolly.
Nicolly Fernanda Pogere foi esfaqueada e esquartejada em um crime com “requintes de crueldade” e “violência extrema”, segundo a investigação. O enterro ocorreu sob protesto em Mococa (SP) na manhã de domingo (20).
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De acordo com a polícia, um dos suspeitos apreendidos pela morte de Nicolly é um adolescente de 17 anos, namorado da vítima. Já a menina de 14 anos, também apreendida, mantinha um relacionamento com o jovem.
Lages Filho afirmou que os suspeitos disseram que Nicolly os atacou com uma faca e, para evitar a agressão, eles reagiram e mataram a adolescente. Para o delegado, Nicolly foi atraída até a casa do namorado.
Encontro do corpo
Um cão farejador da Guarda Municipal de Hortolândia encontrou o corpo de Nicolly enquanto as equipes faziam buscas pela vítima em um lago, no bairro Jardim Amanda I.
“O avô da menina trouxe algumas roupas dela e os profissionais do Canil fizeram o reconhecimento do faro com o cachorro Thor. Foram para o local e fizeram um trabalho de praticamente 3 horas e meia, que culminou em encontrarem o corpo dessa menina”, disse o secretário de Segurança Pública de Hortolândia, Joldemar Nunes Corrêa.
A Polícia Civil informou que a menina foi esquartejada. O corpo estava enrolado em dois lençóis e em uma lona azul, parte dele dentro da água. Ainda segundo a polícia, o casal de adolescentes usou um carrinho de mão para levar o corpo até a lagoa.
O pai do namorado de Nicolly, que não estava em casa no momento do crime, reconheceu os lençóis e a lona como dele. O adolescente morava com o pai, já que a mãe está presa por um crime que não foi informado.
O corpo tinha muitas perfurações de faca, além da inscrição das iniciais do PCC. No interior dos lençóis, foram encontradas pedras usadas para manter o corpo submerso na lagoa, caracterizando esforço de ocultação do cadáver.
Nesta segunda-feira (21), o Corpo de Bombeiros ainda fazia buscas na lagoa por partes dos restos mortais de Nicolly.
Segundo Lajes Filho, os dois adolescentes suspeitos afirmaram que deram apenas uma facada nas costas de Nicolly, mas o encontro do corpo desmente a versão deles.
“Eles não demonstram arrependimento, mas falam sim que não era isso que eles queriam e quando perceberam o que tinha feito resolveram fugir para não sofrer as consequências”, explicou.
Moradora de Mococa (SP), Nicolly Pogere foi assassinada em Hortolândia
Reprodução/Facebook
O que disseram os suspeitos, segundo o delegado
Os adolescentes de 17 e 14 anos que confessaram o assassinato da jovem Nicolly Fernanda Pogere, de 15 anos, alegaram legítima defesa, segundo a Polícia Civil. O delegado que investiga o caso, José Regino Melo Lages Filho, informou, no entanto, que há indícios de que o assassinato foi premeditado pelos dois suspeitos, que estão apreendidos e tiveram internação provisória decretada.
“As versões deles são diferentes para essa suposta legítima defesa. Nunca tinha visto nem adulto fazer isso, ainda mais adolescentes”, disse o delegado.
“Eles informam que o crime foi porque a vítima foi à casa do adolescente porque tinha um relacionamento anterior com ele, não aceitava o fim, flagrou os dois tendo um relacionamento, ficou com ciúme e quis agredir os dois. Eles dizem que ela pegou uma faca e eles, para se defender, acabaram esfaqueando ela”, informou o delegado.
“Inicialmente eles disseram que não tinham a intenção de assassinar a adolescente, mas quando perceberam o que tinha acontecido, eles tiveram a ideia de esconder o corpo e, para isso, eles esquartejaram o corpo”, completou o delegado.
‘Pior dor que uma mãe pode passar’
O crime chocou familiares e amigos da vítima e surpreendeu a própria polícia. Segundo a investigação, os suspeitos chegaram a escrever a sigla da facção criminosa do Primeiro Comando da Capital (PCC) no corpo da adolescente para disfarçar a autoria e a real motivação. O caso é investigado como feminicídio.
“A pior dor que uma mãe pode passar. Luto eterno! Você será amada e lembrada para sempre meu amor, minha princesa, minha riqueza, meu tudo. Justiça seja feita para esses monstros e todos que acobertaram. Nada vai te trazer para a mamãe de volta, mas vamos lutar por justiça”, escreveu Priscila Magrin, mãe de Nicolly, em uma postagem no Facebook.
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Viagem e desaparecimento
Segundo o padrasto de Nicolly, Felipe Espanha, a jovem e o suspeito se conheciam desde a infância e estudaram juntos até a família da jovem se mudar para Mococa (SP). Eles começaram um relacionamento à distância e, no dia 29 de junho, ela foi a Hortolândia visitar o avô e encontrar o namorado.
O padrasto ainda afirmou que ela ficou alguns dias na casa do suspeito e voltaria para a casa do avô no dia 14 de julho. A família, porém, não conseguiu contato com Nicolly.
A família de Nicolly chegou a ligar para o namorado, mas o adolescente afirmou que eles haviam terminado o relacionamento no dia 12 de julho. A partir daí, a jovem desapareceu.
O avô registrou Boletim de Ocorrência relatando o desaparecimento de Nicolly na delegacia de Hortolândia, o que motivou o início da investigação.
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Apreensão dos adolescentes
Os dois adolescentes estavam escondidos na casa da avó do garoto, em Cornélio Procópio (PR), e foram encontrados e aprendidos no domingo (20). Segundo o delegado, eles afirmaram que fugiram com medo de não serem encontrados pela polícia.
Os dois suspeitos tiveram internação provisória decretada e foram encaminhados para a Fundação Casa Andorinhas, em Campinas (SP). Agora, a Polícia Civil vai investigar se os adolescentes tiveram ajuda na fuga e se a avó do jovem sabia do crime quando abrigou os dois.
“Eles disseram que a avó não sabia e apenas relataram para elas que tinham sido expulsos de casa. Eles vão responder por ato infracional, e o prazo da internação é de 45 dias. Depois, o promotor da vara da infância avalia se prorroga”, afirmou José Regino Melo Lages Filho.
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