Cientistas fizeram uma descoberta terrível e desoladora ao chegarem ao fundo do Mar Vermelho

Cientistas fizeram uma descoberta terrível e desoladora ao chegarem ao fundo do Mar Vermelho

Enquanto a exploração espacial atrai holofotes, um universo inteiro ainda desconhecido se esconde bem aqui na Terra: os oceanos. Estima-se que apenas 5% das águas marinhas tenham sido mapeadas, deixando um vasto território repleto de recursos, criaturas enigmáticas e fenômenos que desafiam a imaginação. Um desses segredos veio à tona em 2022, quando cientistas descobriram lagos de salmoura no fundo do Mar Vermelho — ambientes tão hostis quanto fascinantes, que podem guardar pistas sobre as origens da vida no planeta.

Onde a Água se Transforma em “Lago” Mortal

No Golfo de Aqaba, uma região que banha Egito, Israel, Jordânia e Arábia Saudita, uma equipe de pesquisadores encontrou algo incomum a 1.770 metros de profundidade: piscinas naturais de água extremamente salgada, conhecidas como *brine pools*. Esses “lagos” submarinos são formados quando altas concentrações de sais se acumulam em depressões do leito marinho, criando uma camada densa que não se mistura com a água ao redor. O resultado é um ambiente letal, onde a salinidade é até dez vezes maior que a do oceano comum e o oxigênio é praticamente inexistente.

Até então, esses ecossistemas eram registrados apenas em águas profundas do Golfo do México, do Mediterrâneo e de partes mais abissais do Mar Vermelho. A surpresa veio quando os cientistas identificaram os primeiros *brine pools* em uma região considerada “rasa” para esse fenômeno, ampliando a possibilidade de que locais semelhantes existam em outras áreas do globo.

Vida no Limite do Impossível

Se mergulhar em um *brine pool* seria fatal para a maioria dos seres vivos, algumas formas de vida não apenas sobrevivem ali como prosperam. Nas bordas dessas piscinas tóxicas, camarões e microrganismos adaptados a condições extremas desafiam as regras da biologia. Enquanto animais maiores que se aventuram nas águas salgadas são rapidamente paralisados e mortos, espécies menores aproveitam o cenário para se alimentar de cadáveres — como os camarões que aguardam nas proximidades para capturar presas desavisadas.

Pode não parecer grande coisa, mas confie em nós (YouTube/OceanX)
Pode não parecer grande coisa, mas confie em nós (YouTube/OceanX)

Dentro das próprias piscinas, porém, a história é diferente. Bacterias e archaeas (microrganismos primitivos) utilizam processos quimiossintéticos para obter energia, convertendo substâncias químicas — como metano e sulfeto de hidrogênio — em alimento, sem depender de luz solar ou oxigênio. Esses seres microscópicos formam a base de ecossistemas únicos, semelhantes aos que existiam nos primórdios da Terra, quando a vida ainda engatinhava no planeta.

Por que Essas Piscinas Importam para a Ciência?

Além de serem laboratórios naturais para estudar a evolução da vida, os *brine pools* funcionam como arquivos geológicos. As camadas de sedimentos em seu entorno preservam registros de mudanças climáticas, atividade tectônica e até eventos extremos, como tsunamis, ocorridos ao longo de milhares de anos. Para os pesquisadores, analisar essas informações é como folhear um livro de história escrito no fundo do mar.

Mas as implicações vão além da Terra. De acordo com Sam Purkis, líder da pesquisa e professor da Universidade de Miami, ambientes como esses são essenciais para entender se a vida poderia existir em outros planetas. A formação de *brine pools* depende de atividade hidrotermal, que, por sua vez, está ligada ao movimento de placas tectônicas — um fenômeno raro no sistema solar. Se a tectônica de placas for uma condição indispensável para a vida, como sugere Purkis, isso reduziria drasticamente as chances de encontrarmos seres vivos em outros mundos.

Cientistas fizeram uma descoberta terrível e desoladora ao chegarem ao fundo do Mar Vermelho
Podem não parecer grande coisa, mas essas piscinas de salmoura podem nos dizer muito sobre como encontrar planetas hospitaleiros (YouTube/OceanX)

Uma Janela para o Passado e para o Cosmo

A descoberta no Golfo de Aqaba reforça a ideia de que a Terra ainda guarda segredos capazes de redefinir nosso entendimento sobre a biologia e a geologia. Para astrobiólogos, estudar microrganismos em ambientes hostis — como os *brine pools* — é uma forma de traçar os limites da resistência da vida. Se criaturas sobrevivem em condições tão extremas, talvez formas similares possam existir em luas congeladas, como Europa (de Júpiter) ou Encélado (de Saturno), onde oceanos subterrâneos e fontes hidrotermais são suspeitos de existir.

Além disso, a pesquisa ajuda a responder perguntas sobre o próprio surgimento da vida em nosso planeta. Muitas teorias sugerem que os primeiros organismos surgiram em fontes termais submarinas, onde a quimiossíntese substituía a fotossíntese. Os micróbios dos *brine pools* oferecem um vislumbre de como esses processos podem ter começado há bilhões de anos.

Quem Desvendou Esses Mistérios?

A expedição que revelou os *brine pools* no Mar Vermelho foi uma colaboração entre a OceanX (organização dedicada à exploração oceânica), a Universidade de Miami e a empresa saudita NEOM. Usando veículos submarinos operados remotamente (ROVs), a equipe mapeou detalhadamente a área, coletando amostras de água e sedimentos. Os resultados, publicados na revista *Nature Communications*, não só ampliaram o conhecimento sobre esses ecossistemas, como abriram caminho para novas investigações em regiões pouco exploradas.

O Que Ainda Está Por Vir?

A descoberta recente é apenas um capítulo na longa jornada de exploração dos oceanos. Com tecnologias avançadas, como sonares de alta resolução e robôs capazes de suportar pressões absurdas, cientistas esperam encontrar mais *brine pools* — inclusive em profundidades menores. Cada novo achado pode revelar espécies desconhecidas, processos geológicos inéditos ou até pistas sobre como a vida se adapta (ou não) a ambientes hostis.

Enquanto isso, o Golfo de Aqaba segue sendo um ponto de interesse não apenas para biólogos e geólogos, mas para qualquer um fascinado pelos enigmas que ainda resistem sob as ondas. Afinal, se nem mesmo nossos oceanos foram totalmente desvendados, quem sabe quantos segredos esperam para surpreender a humanidade?

Esse Cientistas fizeram uma descoberta terrível e desoladora ao chegarem ao fundo do Mar Vermelho foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.

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