O antropólogo Roberto Kant de Lima morreu na noite desta segunda-feira (19), aos 80 anos, em Niterói (RJ). Uma das maiores referências acadêmicas no campo da segurança pública no Brasil, ele era professor emérito da Universidade Federal Fluminense (UFF), e membro eleito da Academia Brasileira de Ciências.
Formado em direito, em 1968, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o especialista é mestre em antropologia social pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tem doutorado pela universidade estadunidense de Harvard e pós-doutorado pela Universidade do Alabama em Birmingham.
Kant de Lima era Cientista de Nosso Estado (CNE) pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), além de ter criado e coordenado o Instituto Nacional de Estudos Comparados em Administração de Conflitos (INCT-InEAC).
Em sua rede social, o INCT-InEAC publicou uma nota em que afirma que a partida do especialista “representa uma perda irreparável para a ciência, para a universidade pública, para os estudos sobre temas como justiça, segurança pública e direitos humanos, assim como para todas as pessoas que tiveram o privilégio de aprender com ele, caminhar ao seu lado e partilhar de sua generosidade intelectual e humana”.
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Já o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni), da UFF, ressaltou que o pesquisador “foi pioneiro na análise antropológica das instituições jurídicas e policiais brasileiras, abrindo caminhos para uma compreensão crítica e profunda da administração da justiça no país”. “Sua obra permanece essencial para todos aqueles e aquelas que pensam e atuam em defesa dos direitos humanos, da democracia e da transformação das práticas de segurança pública”, acrescenta a nota.
A UFF declarou que o especialista é “considerado um dos principais antropólogos brasileiros da atualidade, destacou-se pela sua luta por uma sociedade que tivesse como base o respeito e a garantia dos direitos fundamentais”. “Autor de obras fundamentais como A Polícia da Cidade do Rio de Janeiro: seus dilemas e paradoxos e A Antropologia da Academia: quando os índios somos nós, Kant analisou as relações intrínsecas entre cultura, poder e legalidade no cotidiano brasileiro.”
O velório está marcado para esta quarta-feira (21), das 10h15 às 14h15, no Salão Nobre do Cemitério Parque da Colina, em Niterói.