Após três meses de bloqueio e 57 bebês mortos de fome, Israel permite entrada de ajuda em Gaza

Israel afirmou que 93 caminhões de ajuda humanitária da ONU entraram na Faixa de Gaza nesta terça-feira (20), um dia após a agência anunciar que foi autorizada a enviar suprimentos. No dia anterior, o governo israelense havia dito para a ONU que liberaria apenas nove caminhões de ajuda pela primeira vez em mais de 80 dias de bloqueio, mas após pressão internacional, permitiu a entrada de 100 veículos no total.

Esta é a primeira vez que Israel permite a entrada de quaisquer tipos de suplementos dentro do na Palestina desde 2 de março. De acordo com dados da Agência da ONU para Refugiados Palestinos (Unrwa), ao menos 57 bebês morreram de fome desde o bloqueio por falta de suplementos alimentícios.

A chegada de provisões nesta terça chega após um fim de semana de ataques terrestres intensificados pela IDF (exército israelense) no enclave, que matou 144 pessoas em apenas um dia. Desde a última quarta-feira, 14 de março, o exército israelense matou 340 pessoas na Faixa de Gaza, média de quase 50 por dia. A grande maioria dos mortos é de mulheres e crianças.

Além disso, estima-se que outros 100 mil palestinos foram, mais uma vez, deslocados de suas casas e abrigos desde quinta-feira (15), e que, portanto, não têm mais para onde ir.

Em duas semanas, Israel matou 804 pessoas, média diária de 57 mortos. Desde 7 de outubro de 2023, ataques na Faixa de Gaza mataram mais de 53 mil palestinos e deixaram outros 121 mil feridos.

Reação brasileira

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, pediu à comunidade internacional para não permanecer “de braços cruzados” diante da “carnificina” das forças militares de Israel contra os palestinos em Gaza. O Brasil tem sido uma das vozes mais críticas da cena internacional contra o governo israelense comandado por Benjamin Netanyahu, que intensificou nos últimos dias sua ofensiva contra o movimento islamista Hamas nesse território palestino.

“Há um número elevadíssimo de crianças mortas. […] É algo que a comunidade internacional não pode ver de braços cruzados”, declarou Vieira durante uma audiência em uma comissão do Senado.

O ministro lamentou que o Conselho de Segurança das Nações Unidas esteja “paralisado” diante do “desrespeito” de Israel ao direito internacional. Lula já classificou em várias oportunidades a ofensiva militar israelense em Gaza como um “genocídio”. O presidente também reiterou seu compromisso com a solução de dois Estados, um palestino e um israelense, no âmbito das fronteiras vigentes antes da Guerra dos Seis Dias de 1967 em que Israel ocupou vários territórios da área.

Reino Unido suspende negociações comerciais com Israel

Após o anúncio da entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza por Israel, feito na segunda-feira (19), o Reino Unido anunciou, nesta terça, a suspensão das negociações sobre um acordo de livre comércio com Israel e convocou sua embaixadora em Londres, Tzipi Hotovely, em resposta à intensificação da ofensiva desse país em Gaza.

Os dois países trocaram 5,8 bilhões de libras (US$ 7,74 bilhões de dólares ou R$ 47 bilhões de reais na cotação da época) em bens e serviços em 2024, mesmo com os ataques israelenses já em curso na Faixa de Gaza.

*Com informações da Al Jazeera e AFP

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