PT em disputa: Críticas à atual gestão e planos de “reavivar” o partido para 2026 e 2028

Os deputados estaduais petistas Iriny Lopes e João Coser (foto: Fabi Tostes)

Em meio à campanha pelo comando do PT estadual, os deputados estaduais João Coser e Iriny Lopes concederam uma entrevista à coluna De Olho no Poder, na última terça-feira (03). Eles estão juntos numa única chapa contra a atual presidente, a deputada federal Jack Rocha.

Se vencerem, vão se revezar na presidência: Coser assume e depois de dois anos renuncia para Iriny. A renúncia poderá ser antecipada se Coser, no ano que vem, for eleito deputado federal.

O deputado iniciou a entrevista – Iriny chegou quase no final – criticando bastante a gestão da atual presidente, a quem apoiou há seis anos. Ele lista, uma por uma, as razões de enfrentá-la agora nas urnas e garante que o partido sairá unido, seja qual for o resultado no dia 6 de julho (dia da eleição interna).

Como presidente, ele disse que quer “reavivar o PT” que, segundo ele, está “morto”, inoperante na função de formar, mobilizar e apresentar candidaturas. “O PT precisa voltar a encantar as pessoas”, disse Coser.

Para 2026, afirmou que uma candidatura própria ao governo do Estado dependerá de decisão da cúpula nacional, que a candidatura à reeleição do senador Fabiano Contarato terá “força total” e avaliou a possibilidade do PT pedir votos para Casagrande.

Já com relação a apoiar uma candidatura a governador de Ricardo Ferraço (MDB), ponderou: “Não temos condições de falar sobre isso”.

Veja abaixo a entrevista:

DE OLHO NO PODER – Deputado, o senhor já teve dois mandatos, por que o senhor quer voltar agora à presidência do partido?

DEPUTADO ESTADUAL JOÃO COSER – Nós estamos fazendo um movimento, que tem como objetivo tentar resgatar a vida do partido. Fui candidato dez anos atrás, depois substituímos, votamos e elegemos a Jackeline e ela está no mandato, mas nós tivemos dificuldade de protagonismo, ela não conseguiu corresponder à nossa expectativa.

Há muito tempo estou trabalhando com os outros grupos do PT. O PT é um partido constituído por tendências e, neste momento, nós conseguimos praticamente unificar o partido inteiro. A ideia era unificar o partido, mas ela não aceitou porque ela deseja mais um mandato, mas nós nunca tivemos ninguém com 10 anos de mandato.

Nesse período, o PT perdeu muita energia, porque o modelo de gestão que ela desenvolve é concentrador. É um modelo que não permite ao partido ter vida. Os diretórios estão praticamente paralisados, a Executiva não funciona, os setoriais não funcionam.

Não tem debate político mais do PT. Infelizmente, esse modelo de gestão complicou a nossa vida um pouco, tivemos um desempenho ruim nas eleições do ano passado. Não é culpa individual dela, mas do modelo de gestão.

Os municípios do interior se sentem totalmente abandonados e ela cometeu um equívoco muito grande de ponto de vista estratégico. O grupo dela, que é chamado CNB Sindical, tirou uma resolução de não apoiar as candidaturas a prefeito do PT, à exceção de Vitória, de só focar em vereador. Isso acabou dando um desgaste grande, porque muitos deles começaram a se aproximar de candidatos que não eram do PT.

Ela acabou seguindo mais a orientação da tendência. Dos 14 candidatos a prefeito do Estado, ela não foi na campanha nem da metade. Nem como presidente do partido, nem como deputada federal. Uma pessoa que se coloca como candidata à prefeitura espera que a maior liderança vá ao evento, numa caminhada, e ela não fez.

Isso acabou trazendo um desgaste, uma insatisfação generalizada no partido. Então, nós começamos a conversar e aí fizemos um movimento de construção mais coletivo, deixou de ser o João. Passou a ser João e Iriny, porque eu fico dois anos, Iriny fica dois.

A gente não está atrás do cargo de presidente, está atrás de tentar recuperar o papel do PT na própria sociedade. A gente fez um diálogo muito grande com Contarato, Helder, Perly, outras lideranças dos 13 vereadores eleitos e 11 já nos declararam apoio. Com a presença de movimentos sociais, com sindicatos rurais, sindicatos urbanos. É uma massa de liderança muito crítica que quer fazer com que PT volte a ter papel na formação política.

Nós precisamos de um partido forte, organizado e mobilizado. Infelizmente, nenhuma dessas coisas está acontecendo na gestão dela. Nós tivemos uma quantidade de filiação grande, mas o filiado não sabe o que fazer, não sabe onde ir, porque não tem reunião, não tem direção, não tem plenária, não tem militante.

Se eu for eleito, nós vamos fazer no primeiro momento uma reunião grande do diretório estadual com todos os presidentes municipais, com todos os vereadores, deputados e senadores para fazer uma análise do cenário e principalmente dizer: “Nós estamos aqui e queremos ir para onde?”

Não só para 2026, mas muito para 2028, porque o nosso desempenho de não ter nenhum prefeito, um vice e apenas 13 vereadores é um absurdo. Um partido que tem a Presidência da República, uma votação expressiva, o deputado federal mais votado do Estado, o Helder, ter um desempenho de vereador desse porte…

E sobre apoio do Lula, não é nem resposta, mas o Lula também nunca se envolveu em eleições municipais e nem estaduais. O Lula está cuidando do Brasil e do mundo. Tem mais de 10 mil chapas espalhadas pelo Brasil. Então, não tem essa coisa de candidatura de Lula. O Lula é de todo mundo, Lula é do PT.

O senhor falou que o partido precisa ter vida. Qual é o seu projeto para transformar o partido, caso o senhor volte à presidência?

Nós temos que abrir o partido à sociedade. Hoje é um partido estreito e sem funcionamento. A primeira coisa é retomar a democracia interna, fazer as coisas abertas, deixar as pessoas falarem. O petista gosta de falar, gosta de reunir, gosta de criticar, gosta de propor. Isso está morto, não tem reunião. A primeira coisa é dar vida ao partido.

A segunda coisa é ter protagonismo na sociedade. O PT não se coloca sobre nenhum tema na sociedade. Nós não existimos mais perante a sociedade. As coisas acontecem, o partido não tem uma nota, não tem uma posição política porque não está discutindo, não está debatendo. O diretório não formula mais política.

Nós também não temos mais interação com os outros partidos, com prefeitos, com os personagens. Quando discute a política no Estado, o PT está paralelo. Ele não está no meio. Nós queremos voltar para o cenário político para fazer isso. Reorganização dos diretórios municipais, porque nós queremos chegar nos municípios. Quando eu fui presidente, lá atrás, eu cheguei nos 78 municípios.

Chegamos a ter sete prefeituras. Hoje não temos nenhuma. Tudo bem, o PT passou por tempestades, passou por dificuldades, tudo isso é real. A gente não está colocando a culpa em uma pessoa. Mas agora que nós somos a Presidência da República, nós temos que levantar a cabeça, reorganizar o partido. Tem milhares de pessoas que querem se filiar ao PT.

O PT é um partido muito aberto, tem uma democracia interna invejável. O Lula, que é o Lula, pra disputar a eleição presidencial, ele disputou uma prévia. Essas chapas, esse debate dentro do PT é legítimo. Faz parte do nosso modelo de construção. Porque depois a gente unifica o diretório.

Mas houve um rompimento, ainda assim o senhor acredita que o partido sairá unificado, independentemente do resultado?

Vai, com certeza. Vamos unificar, porque a composição é proporcional. Quem faz 30 coloca 30, quem faz 40 coloca 40, então a ideia é que depois da eleição a gente dê um tempo para que as pessoas façam as indicações dos nomes e aí forma o diretório.

No meu caso, se for eleito presidente, combinei uma renúncia com dois anos para que a Iriny assuma. Então, este processo se dará no diretório composto com a presença de todas as chapas. Ninguém sai perdendo assim. Ninguém fica fora, só se desejar.

Nossa ideia é um movimento mais para dar ao PT força, organização, mobilização e encantamento. O PT precisa voltar a encantar as pessoas, incluindo os seus militantes. Porque nós, com esse modelo atual, perdemos muito.

Então, se nós conseguirmos fazer isso, a gente consegue reavivar o partido e ter resultados, inclusive eleitorais, melhores.

Há alguma possibilidade do senhor e do grupo da Jack chegarem a um consenso até a data de eleição ou irão manter a candidatura até o final?

A nossa candidatura está mantida porque ela foi construída por muitos nomes e já faz parte de um combinado antigo com aval de parte da direção nacional. São muitas lideranças importantes envolvidas no partido. Então nós não temos nenhuma condição de voltar atrás.

Antes de constituir, nós chamamos o grupo da Jackeline e conversamos. Propusemos que ela viesse para a nossa chapa para garantir a proporcionalidade no diretório, fazendo uma presidência sem debates. Ela não aceitou porque ela queria ser candidata a presidente, aí não teve acordo por causa deste ponto.

Ela cita muito a questão de ser a primeira vez que o partido tem à frente uma mulher negra, que isso é muito importante para a história do partido. O que o senhor acha dessa colocação?

Jackeline é uma boa deputada, não tem nada que a desabone. Ela só não foi uma boa presidente de partido, ela não conseguiu conduzir o partido, e aí não importa se é negra, se é branca, se é mulher, porque o partido está colocado em risco e a gente não pode deixar o partido paralisado.

Então, não é contra ela que a gente está trabalhando, a gente está trabalhando a favor de um novo projeto para o Partido dos Trabalhadores, o qual ela não conseguiu trabalhar.

Há seis votamos nela, eu votei nela. Meu grupo foi fundamental para a eleição dela. Era um modelo congressual. Nós tínhamos as nossas chapas, tinha mais duas chapas da CNB, nós juntamos e indicamos o nome dela e ganhamos apenas por dois votos. Então, não tem nada contra ela.

Só que neste caso, ela não conseguiu responder à nossa expectativa na gestão e no funcionamento do partido. E também ela deixou de ser mais presidente de partido e acabou sendo mais orientada pela tendência. Ela foi muito penalizada pela posição da tendência, é a minha avaliação.

Além de que, quando ela vira deputada federal, ela também não consegue mais dar atenção. Então, os companheiros do interior não conseguem falar com ela, não conseguem ter reunião porque ela só está aqui na sexta-feira. Não tem uma presença física da presidente aqui.

Com relação à substituição do nome, nós discutimos muito. Acho que pelo acúmulo, pela experiência e como também não estou disputando para ficar quase cinco anos, facilitou a minha indicação. Eu só fico dois anos.

Eu não acho que um deputado federal consiga tocar o PT no modelo que nós pensamos. Ele vai para Brasília e Brasília consome. Eu estou aqui na Assembleia, eu posso receber as pessoas aqui qualquer hora, qualquer dia, até final de semana.

Então, se eu for eleito deputado federal, sou pré-candidato a deputado federal, vou abdicar da presidência. Tomei posse, no dia seguinte faço a renúncia e deixo a Iriny assumir, porque não quero que aconteça no meu mandato o que aconteceu com ela.

O que faz a diferença no PT é a sua presença lá no movimento social, no movimento sindical, na igreja, em qualquer lugar o PT tem que estar vivo. Para ele estar vivo, quem dirige tem que dar exemplo, tem que puxar.

O PT é um partido presidencialista. Quando o presidente para, o partido para, não tem funcionalidade. E ela conseguiu parar toda a Grande Vitória, porque são cinco pessoas ligadas a ela. E a conta no resultado eleitoral veio muito alta para nós.

Deputada federal Jack Rocha preside o PT (foto: Lucas Rezende)

Quais as prioridades do partido para as eleições de 2026 e também a de 2028, caso o senhor seja eleito e presidente? Qual será o foco do partido?

Nós vamos fazer essa grande reunião que eu te falei, do diretório, com vereadores, para fazer uma análise do cenário, mas nós temos já algumas prioridades definidas.

Eleição do Lula é a prioridade e a do Contarato já está definida. Deputado estadual e federal do PT, as pessoas podem se inscrever, não tem veto. Vamos motivar novas pessoas a serem candidatas a deputado federal. No meu caso, eu sou federal. O Julinho é estadual, a Karla é pré-candidata a estadual, a Iriny é estadual, a princípio.

O Helder tem disposição de disputar se for uma necessidade do governo e do PT nacional. Como é que nós vamos fazer isso? Depois dessa reunião grande, dessa avaliação, nós já estamos combinando com Edinho Silva – que, tudo indica, será o presidente –, e com a Gleisi, nós vamos à direção do partido com os parlamentares fazer uma reunião para saber o que eles querem do Espírito Santo. Eles que vão dizer.

Porque para a eleição estadual é sempre o governo Lula, o governo e a chapa presidencial que decidem se é importante ter candidato a governador. Se for importante para o projeto do Lula, que é o projeto prioritário, e se o PT bancar a candidatura, em todos os sentidos, o Helder tem condições de ser candidato a governador, mas hoje ele é candidato a deputado federal, porque nós ainda não fizemos esse debate.

Mas, o senhor defende uma candidatura própria ao governo?

O PT inteiro gostaria de ter uma candidatura para o governo, inclusive eu. Desde que seja uma candidatura que contribua com o palanque do Lula, porque não pode ter uma candidatura e depois ele não aparecer aqui, tem muitos aliados, a chapa é muito ampla e acaba sendo uma candidatura sem o apoio necessário para disputar.

O Helder foi o deputado mais votado. Pode não ganhar, mas pode ir para o segundo turno ou a gente pode ter uma votação que decida uma eleição no segundo turno. Então, é muito importante uma candidatura nossa. Mas eu não posso falar ainda porque eu sequer ouvi o partido.

Então, eu tenho que tentar fazer uma média das opiniões, sempre tentando fortalecer o partido, a candidatura ao governo fortalece o partido, ajuda na formação, mas ela tem que ter o aval da nacional e tem que ser importante para o projeto do presidente Lula.

E, caso não tenha candidatura própria? No cenário hoje, o PT é aliado de Casagrande e o grupo de Casagrande tem como prioridade o nome de Ricardo Ferraço. O PT apoiaria Ricardo Ferraço ao governo?

Nós não temos condições de falar sobre isso não, a nossa aliança é com Renato. Renato é um aliado importante, PSB também. Então provavelmente nós estaremos muito perto dele na eleição. Ele é candidato ao Senado. No caso de governo, nós vamos ter que analisar. As candidaturas não estão todas colocadas, o cenário não está constituído, então seria muito temerário você arriscar uma opinião agora. Nós não vamos pedir para entrar, nós temos que estar num movimento que nos deseja.

Então, com certeza o PT vai ter uma posição política um pouco mais firme desse momento. Podemos ser força auxiliar, podemos ajudar, mas ajudar no lugar em que as pessoas queiram que a gente esteja.

Nós não podemos apoiar um candidato bolsonarista, não tem sentido. Tem que ter alguém que dialogue com a candidatura do Lula, que dialogue com a centro-esquerda, com o centro. Nós vamos encontrar esse candidato.

E com relação à candidatura ao Senado, que são duas vagas? Sendo eleito presidente, o senhor pretende conversar com o governo para que o grupo apoie o Contarato e o PT apoie Casagrande, por exemplo, fazer uma dobradinha entre Casagrande e o Contarato?

Olha, eu particularmente sou defensor da candidatura do Casagrande ao Senado, quero contribuir com ela. Mas isso também não está acumulado internamente ainda. Nós temos que fazer exatamente isso que você falou, conversar com o governador, conversar com outras pessoas, mas principalmente conversar no partido, porque nós temos que construir uma unidade mínima.

Ter um senador eleito como o Casagrande é importante para nós. Ele não vai ficar contra o presidente da República, se tiver o segundo mandato. Ele não vai fazer o papel daqueles senadores de extrema-direita e, com certeza, é um homem altamente qualificado.

Então, de fato, ele é um nome que contempla um voto nosso pensando lá no Senado Federal. Mas isso é uma opinião do João. Nós temos que conversar entre a gente e aí sim conversar com o governador, para ver como ele pensa, se dá para fazer essa parceria, se ele deseja.

Não tem um espírito de troca, que também não é bonito, né? Mas tem um espírito de solidariedade, construção coletiva, parceria.

Há alguma possibilidade da federação colocar dois nomes para disputar o Senado, Contarato e mais um?

Não, isso não está previsto e não tem ninguém no PT que defende a federação colocar dois nomes. Tem quase um consenso, para facilitar a vida de Contarato, de que ele precisa ter dobradinha, uma parceria fora do PT.

O Lula tem 40 e poucos por cento de votos aqui, se Contarato tiver todos esses votos já é suficiente para ele. Mas o ideal é que ele consiga ampliar os votos.

Já teve conversas nesse sentido com o governador? Pergunto porque a gente tem visto algumas movimentações com Da Vitória e Marcelo Santos. Se o governo fechar com eles, ainda assim o PT apoiaria Casagrande ao Senado?

Ninguém leva os votos todos. Casagrande se for coligar com qualquer um de direita, uma parte grande dos votos vem para nosso lado, inclusive do PSB. Porque o voto não é automático. Particularmente, eu não acho que isso incomoda ou tenha uma dificuldade.

Passado esse processo interno, a gente vai fazer uma reunião grande com o governador Casagrande e com o PSB para conversar sobre política. Nós faremos também com o Psol, com o PDT, com as federações, porque nós queremos protagonismo novamente. Nunca teve uma conversa porque não tem partido funcionando. Tudo isso nós vamos fazer acontecer após o dia 6 de julho.

Falando do desempenho do partido, numa entrevista anterior o senhor disse que não poderia colocar tudo na conta da Jackeline por conta do perfil do Estado. Vimos que em 2022, o Bolsonaro ganhou do Lula aqui. Como o senhor pretende, como presidente, fazer com que o PT esteja mais próximo da população e que tenha um desempenho melhor nas urnas?

Então, primeiro assim, não tem de nossa parte nenhuma intenção de colocar na conta de Jackeline o resultado. Nem o que ela fala que é positivo, que não é, como é o caso das filiações, e do aumento das bancadas estadual e federal, porque isso é fruto de todo partido.

Nós temos que fazer diferente. Nós temos que mobilizar o partido para ter candidaturas nos municípios mais importantes, fazer grandes chapas de vereadores. Não conseguimos fazer agora. Na Serra nós perdemos por meia dúzia de votos. Em Cachoeiro também. Então, a direção estadual tem que motivar e ajudar a organizar. Temos 15 cidades importantes que não podem ficar sem vereador.

(nesse momento Iriny chega à entrevista)

Então, o resultado tem uma parte desse equívoco de não fortalecer o PT e não fazer movimento. Nós queremos abrir o partido. Precisamos acolher quem tem liderança, que gosta da boa política, fazer com que eles se motivem para as candidaturas.

Foto: Ascom/João Coser

Para o ano que vem, qual é a meta para a Câmara Federal e para a Assembleia?

A gente não definiu isso como chapa e nem como partido. Mas nós falamos de pelo menos garantir a bancada federal e aumentar a bancada estadual. Estamos querendo trabalhar para três ou para quatro estaduais. Eu acho que se nós colocarmos as candidaturas que estamos pensando, dá para fazer quatro. O PT já fez cinco de uma vez. Mas quatro é mais fácil.

E os projetos para 2028?

Para 28 é fortalecer, abrir o partido. Vai voltar muita gente para o PT. Companheiros nossos que eram do PT, vereadores, saíram para se candidatarem em outro partido, porque não tinha legenda. Isso nós temos que superar.

Temos que, no mínimo, fazer legenda, faz o primeiro vereador e pode vir o segundo e o terceiro. Vamos acompanhar o Estado inteiro, mas as 15 maiores cidades vamos acompanhar com lupa. Vamos designar dirigentes para organizar regionalmente e a gente vai lá de tempo em tempo unir e motivar. Meu papel e da Iriny é mais de motivar, fazer funcionar e motivar. Porque está faltando motivação, infelizmente.

DEPUTADA ESTADUAL IRINY LOPES – E quando o município-polo cria esse clima, ele contagia. Então, essa busca por fortalecer o PT inteiro e ter alguns focos não é um em detrimento do outro, é porque quando você fortalece determinado município, ele repercute no território.

Uma pergunta aos dois: Como traduzir isso em votos? Porque a gente está falando de um estado, que a gente percebe pelas eleições, que é mais conservador, que tem uma certa aversão a partidos de esquerda. Vocês acreditam que apenas fortalecer o partido vai trazer esse desempenho nas urnas esperado pelo PT? Ou precisa de algo mais nessa conversa com a sociedade?

IRINY – Quando um setor da esquerda se fortalece, o conjunto da esquerda se fortalece. Nós temos as federações. Então, nós temos a nossa federação, onde o PT fortalecido também fortalece a federação e a federação pode estabelecer coligações, fazer coligações com partidos que não são federados e também pode fazer coligações com outras federações.

Então, nós temos o próprio partido, nós temos relações políticas com movimentos sociais que mobilizam a sociedade dentro dos seus devidos setores e podemos ampliar muito a nossa presença no campo dos partidos.

Neste momento, o PT, apesar da força institucional representativa que tem, não transforma em movimento. Nós temos o presidente da República filiado ao nosso partido. Temos um senador, uma deputada federal e um deputado federal. Nós temos uma deputada estadual e um deputado estadual e 13 vereadores e vereadoras. Não é todo partido que tem essa força institucional.

Então, deixa de ser só uma vontade nossa e vamos ter instrumentos para fazer essa ampliação que nós tanto almejamos.

COSER Tirando essa doença coletiva do bolsonarismo, que é recente, o Estado não é tão conservador assim. Nós elegemos prefeito de Vitória três vezes. A Serra tem eleito prefeitos que não são de extrema-direita, tem o Helder que foi prefeito de Cariacica.

Nós estamos num momento difícil. Mas, o Lula teve no mínimo 1.250.000 votos aqui. Então, assim, as dificuldades estão no nosso partido. Voto, o PT tem. Agora tem que ter candidatura, tem que ter projeto, tem que ter programa. Não é um problema do cidadão. O cidadão vai numa cidade e não tem nenhum petista para ele votar.

Se a gente conseguir motivar, eu tenho certeza que nós vamos ter um resultado maior em 28. Bem maior. Não vamos conseguir eleger prefeito em todas as cidades, mas nós vamos ter candidaturas bacanas, competitivas. Então, assim, eu estou muito motivado, muito animado com essa possibilidade, de resgatar o PT.

Só repetir a Iriny uma pergunta já feita ao Coser. A senhora defende candidatura própria do PT ao governo no ano que vem?

IRINY – Eu tenho muita esperança de que nossa chapa será vitoriosa, porque ela está em muita sintonia com a base do PT. Então, isso nos traz uma esperança muito grande. Essa nova direção, essa nova maioria que nós vamos constituir, vai fazer uma profunda avaliação sobre a correlação de forças no Espírito Santo, a força dos nomes e dos partidos e dos setores sociais organizados.

E nós vamos escolher o melhor cenário para a reeleição do Lula. Quem define a questão de candidatura a governo não somos nós sozinhos. A palavra final é da direção nacional. Agora, a direção nacional não está aqui todo dia. Então, nós que devemos levar a leitura mais correta à direção nacional com argumentos consistentes.

Vai ser um processo de construção com um olho na eleição do Lula e o outro olho na manutenção do crescimento do PT do Espírito Santo. Essas duas coisas não podem ser adversárias uma da outra. Elas têm que convergir, tá certo? Então, assim, eu falaria que sou favorável. Todo petista quer ter candidato ao governo.

Agora, nós temos que agir com responsabilidade sobre essa questão e essa responsabilidade será um produto da democracia interna do partido. Os petistas estão muito animados, mas tem muito chão ainda para correr.

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