Flotilha da Liberdade enfrenta as ameaças de Israel e avança rumo a Gaza

No sexto dia de jornada do Madleen, a embarcação da Coalização Flotilha da Liberdade, que leva ajuda humanitária à população civil em Gaza, o ativista Thiago Ávila respondeu às ameaças das forças de segurança de Israel contra a embarcação.

“Ontem nós recebemos outra ameaça da entidade sionista. Eles disseram que se insistirmos eles vão atacar como fizeram há 15 anos no Mavi Marmara, quando mataram 10% dos nossos participantes, e não foram responsabilizados de forma alguma”, relatou o ativista, em vídeo postado nas redes sociais.

Ávila frisou que a Flotilha navega protegida pelas leis internacionais. “Estamos fazendo isso com apoio do Tribunal Internacional de Justiça que afirma que nenhum país tem o direito de impedir ajuda para chegar em Gaza. As resoluções do Conselho de Segurança da ONU, aprovadas há um ano e nove meses, afirmam a mesma coisa”, destacou.

Ele também citou a chancela do Tribunal Penal Internacional, destacando o mandato de prisão do tribunal contra o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu, não aplicado por nenhum país até agora.

Nesta quinta-feira (5), a agência de radiodifusão israelense informou que as autoridades de segurança do país decidiram não permitir que o navio Madleen, da Flotilha da Liberdade, se aproxime ou atraque na costa da Faixa de Gaza. Também circula nas redes o vídeo de um porta-voz do exército israelense afirmando que as forças de defesa do país estão preparadas para defender os cidadãos de Israel.

“Nós, as Forças de Defesa de Israel, estamos preparados para defender os cidadãos do Estado de Israel nas áreas de defesa avançadas em todos os setores – norte, sul, centro – e também na arena marítima. Operamos dia e noite para proteger o espaço marítimo e as fronteiras do Estado de Israel no mar. Neste caso também, estamos preparados. Não vou revelar os nossos métodos de implantação. Já adquirimos experiência nos últimos anos e agiremos em conformidade”, afirmou.

Ao analisar a declaração, John Dugard, professor emérito de direito internacional na Universidade de Leiden, na Holanda, afirmou como “absurdo absoluto” a alegação de “legítima defesa” por parte de Israel. Para “justificar uma ação em legítima defesa, Israel tem que convencer a comunidade internacional de que foi submetido a um ataque”, afirmou.

Ele destacou que o Estado da Palestina tem “direitos territoriais exclusivos sobre seu mar territorial” e que os ativistas, ao fornecerem ajuda a Gaza, estão simplesmente “cumprindo a obrigação do Reino Unido, cuja bandeira ele arvora, de impedir a prática do crime de genocídio”.

Cartas ao governo de Israel

Al Jazeera destaca que o governo de Israel já recebeu “um aviso formal” através do envio de 650.706 de cartas lembrando o país de suas obrigações sob o direito internacional.

A carta apresenta a rota planejada do navio Madleen e explica que “o navio está desarmado, não representa nenhuma ameaça e opera em total conformidade com o direito marítimo internacional, humanitário e de direitos humanos”. Diz ainda que “seus passageiros e tripulantes incluem parlamentares, jornalistas, advogados e defensores dos direitos humanos que representam a sociedade civil global”

E complementa: “qualquer interceptação, ataque, sabotagem ou interferência com o Madleen ou seus passageiros e tripulantes civis constituirá um ataque deliberado, consciente e ilegal contra civis e uma violação do direito internacional. Tais ações constituiriam graves violações da Quarta Convenção de Genebra e potencialmente constituiriam crimes de guerra segundo o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional”.

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