O que a ciência descobriu sobre dormir com a luz acesa vai te deixar alerta

O que a ciência descobriu sobre dormir com a luz acesa vai te deixar alerta
O que a ciência descobriu sobre dormir com a luz acesa vai te deixar alerta

Pouca gente percebe, mas dormir com a luz acesa pode ser um dos hábitos mais traiçoeiros da vida moderna. Parece inofensivo deixar aquela lâmpada do corredor acesa ou o abajur no quarto ligado, mas estudos recentes mostram que essa prática mexe com muito mais do que seu descanso. Ela altera hormônios, confunde seu cérebro e pode, silenciosamente, afetar sua saúde ao longo do tempo.

Dormir com a luz acesa afeta a produção de melatonina

A melatonina, o chamado “hormônio do sono”, é responsável por preparar o corpo para o descanso. Ela começa a ser liberada naturalmente quando o ambiente escurece. Porém, ao dormir com a luz acesa, esse processo sofre um bloqueio parcial ou até total.

Pesquisadores da Northwestern University, nos EUA, mostraram que mesmo uma luz fraca já reduz significativamente os níveis de melatonina durante o sono. A consequência? Um repouso mais superficial, menos reparador e maior dificuldade para alcançar o estágio de sono profundo, essencial para a regeneração física e mental.

Risco aumentado de doenças cardiovasculares

A interferência da luz artificial à noite vai além do sono ruim. Um estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences revelou que pessoas expostas à luz durante o sono apresentam maior frequência cardíaca, mesmo quando dormem. Isso significa que o corpo não está realmente descansando.

Essa atividade cardíaca elevada por longos períodos, noite após noite, está associada a um risco aumentado de hipertensão, doenças cardiovasculares e até diabetes tipo 2. Em resumo, a luz interfere em todo o sistema autônomo do corpo.

O impacto de dormir com a luz acesa no metabolismo e ganho de peso

Dormir com a luz acesa também pode estar ligado a mudanças metabólicas importantes. Pesquisadores do National Institute of Health (NIH), nos Estados Unidos, observaram que mulheres que dormiam com algum tipo de luz no quarto tinham 17% mais chances de ganhar peso ao longo dos anos do que aquelas que dormiam no escuro total.

Isso ocorre porque a luz desregula o ritmo circadiano, afetando a produção de insulina e os mecanismos que controlam a fome e a saciedade. Ou seja, sem saber, você pode estar comendo mais e acumulando gordura simplesmente por não apagar a luz.

Efeitos cognitivos e emocionais a longo prazo

Nosso cérebro precisa do sono profundo para consolidar memórias, organizar pensamentos e estabilizar emoções. Com a luz atrapalhando esse ciclo, há evidências de aumento no risco de depressão, ansiedade e até problemas de memória.

Pesquisas com adolescentes mostraram que aqueles que dormem com luz no quarto tendem a ter pior desempenho escolar, maior impulsividade e dificuldades de concentração. Em adultos, os efeitos vão desde irritabilidade matinal até quadros de esgotamento mental recorrente.

Crianças e idosos: os mais vulneráveis

A sensibilidade à luz durante o sono é ainda mais crítica em dois grupos: crianças e idosos. Os pequenos, em fase de desenvolvimento neurológico e hormonal, têm o ciclo circadiano mais delicado, e uma luz acesa pode atrasar o sono e diminuir o tempo total dormido.

Nos idosos, por outro lado, a produção de melatonina já é naturalmente menor com a idade. Qualquer interferência luminosa pode agravar quadros de insônia, agitação noturna e até aumentar o risco de quedas, já que o repouso de má qualidade afeta equilíbrio e cognição.

Qual tipo de luz faz mais mal?

Nem todas as luzes impactam o corpo da mesma forma. A mais prejudicial é a luz azul — emitida por telas de celulares, computadores e TVs. Ela suprime a melatonina mais do que qualquer outro espectro luminoso.

A luz branca fria, comum em luminárias LED, também é bastante agressiva. Já as luzes quentes (amareladas), embora causem menos dano, ainda assim são capazes de interferir no sono, especialmente se estiverem próximas do rosto ou em intensidade alta.

O que fazer para dormir melhor?

Se você tem o hábito de dormir com luz acesa por medo, costume ou conveniência, é hora de repensar. Aqui vão estratégias simples, mas eficazes:

  • Use cortinas blackout para impedir a entrada de luz externa, como de postes ou carros.
  • Desligue ou cubra luzes de aparelhos eletrônicos, como roteadores e carregadores.
  • Evite o uso de telas uma hora antes de dormir.
  • Experimente usar uma máscara de dormir, caso não consiga escurecer totalmente o ambiente.
  • Substitua luzes de emergência ou abajures por luzes âmbar ou vermelhas, que têm menos impacto na melatonina.

Mas e quem tem medo do escuroe prefere dormir com a luz acesa?

É um ponto real e que merece acolhimento. Para crianças e adultos que sentem ansiedade no escuro, a dica é usar uma luz noturna de baixa intensidade e cor âmbar, posicionada longe do rosto. Há ainda soluções com sensores de movimento, que acendem apenas quando necessário — assim, o sono não é interrompido à toa.

Dormir com a luz acesa pode parecer um detalhe trivial no meio da rotina. Mas a ciência está deixando claro: esse pequeno hábito tem um custo invisível. Apagar a luz, nesse caso, pode ser uma das atitudes mais simples e poderosas que você pode tomar pela sua saúde a longo prazo.

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