
Um estudo inédito no Espírito Santo revela que 15,4% das famílias capixabas possuem, pelo menos, uma pessoa com deficiência. Nos dados, a população indígena possui o maior percentual no Estado de diagnóstico de deficiência (11,4%) e autismo (1,8%).
Os dados são do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). A análise foi a partir do Censo 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo a publicação, são consideradas pessoas com deficiência aquelas que apresentam ao menos uma das seguintes dificuldades funcionais: enxergar, ouvir, andar ou subir degraus, pegar objetos pequenos ou abrir tampas, comunicar-se, cuidar de si, trabalhar ou estudar por limitações nas funções mentais.
Dificuldade para enxergar é o tipo de deficiência mais comum no ES
O estudo mostra que 7,3% da população brasileira com 2 anos ou mais de idade se enquadra no grupo de pessoas com deficiência, enquanto no Espírito Santo, o percentual é de 7,2%.
Ao detalhar os tipos de deficiência, o levantamento revela que a dificuldade permanente para enxergar, mesmo com o uso de óculos ou lentes, é a mais frequente tanto no Brasil quanto no Espírito Santo, com 4% e 3,9% respectivamente.
O segundo tipo de deficiência mais comum entre os capixabas é a dificuldade permanente para andar ou subir degraus, mesmo usando prótese ou outro aparelho de auxílio, sendo o índice de 2,7% no Estado.
Além disso, no recorte por sexo e raça, o Espírito Santo apresenta maioria de mulheres com deficiência (7,9%) e um índice de 11,4% entre indígenas.
Taxa de analfabetismo entre as pessoas com deficiência é maior para pretos e indígenas
Outro dado relevante é a taxa de analfabetismo entre pessoas com deficiência com 15 anos ou mais. O Piauí lidera com 38,78%, enquanto o Espírito Santo apresenta 19,49%.
Quando o recorte considera a população preta capixaba com deficiência, a taxa sobe para 25,51%. Já entre os indígenas com deficiência no Estado, a taxa de analfabetismo é de 25,04%.
Para o diretor-geral do IJSN, Pablo Lira, o mapeamento inédito favorece a construção de políticas públicas direcionadas para cada necessidade das pessoas com deficiência no estado.
Existe a necessidade das escolas, tanto públicas quanto privadas, se prepararem para ofertar de maneira adequada processos de ensino e aprendizagem para esse público. Da mesma forma, o sistema de saúde deve se adaptar à prestação de serviços adequados. E também, outro dado que chama a atenção é a necessidade de adequar nossas cidades a esse público, que é representativo no Brasil.
ES é o quarto estado do Brasil com a maior taxa de estudantes maiores de seis anos com autismo
A segunda parte do levantamento se debruça sobre os dados de pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). No Espírito Santo, 1,3% da população residente — o equivalente a 51.328 pessoas — foi diagnosticada com autismo.
A prevalência também é maior entre os estudantes de 6 anos ou mais: 2,1% no Espírito Santo, frente a 1,7% no Brasil. O dado configura o Estado com a quarta maior taxa do país.
Para o diretor do Instituto, há possibilidade de existir uma subnotificação dos diagnósticos de autismo, por conta dos cortes de custos no último Censo e pela falta de acesso aos exames necessários por parte de algumas famílias.
“Em 2022, o governo federal cortou os custos do Censo e as próprias equipes tiveram dificuldades de acessar os domicílios. E, ainda, às vezes acessa o domicílio, mas a pessoa não tem condições de fazer um exame para diagnosticar se ela tem autismo ou não tem nem a informação para saber se é necessário um exame. Principalmente, nos grupos mais vulneráveis. Então, por esses dois fatores, provavelmente há uma subnotificação nos dados”.
No recorte por sexo, os homens representam 3,1% dos diagnosticados no Estado. Entre os indígenas capixabas, o percentual diagnosticado com TEA chega a 1,8%, superando o índice nacional entre os indígenas (1,5%).
O documento ainda detalha que 2,3% dos estudantes indígenas de 6 anos ou mais no Espírito Santo foram diagnosticados com autismo, quase o dobro do registrado no Brasil (1,1%). Entre os cursos frequentados, a Alfabetização de Jovens e Adultos aparece com 4,4% dos diagnosticados.
Na faixa etária de 25 anos ou mais, tanto o Brasil quanto o Espírito Santo apresentam o mesmo percentual de pessoas diagnosticadas com autismo: 0,9%.