O mercado global de celulose encerra o primeiro semestre de 2025 atravessando uma das fases mais desafiadoras do ciclo atual, com os preços da fibra curta sob forte pressão e um cenário de incerteza econômica persistente. Após uma queda expressiva de US$ 80 a US$ 90 no fim de maio, os preços na China estabilizaram entre US$ 500 e US$ 510 por tonelada, segundo a Fastmarkets.
Nesse nível, cerca de 7 milhões de toneladas por ano de celulose de fibra curta e o mesmo volume de fibra longa operam abaixo do custo, de acordo com levantamento da consultoria Hawkins Wright. Apesar da demanda enfraquecida e do excesso de oferta, os produtores chineses seguem operando próximos da capacidade total, mesmo com a expectativa de um terceiro trimestre com consumo sazonalmente fraco, aponta o BTG Pactual.
Na América Latina, a Suzano mantém o avanço em produção com o Projeto Cerrado, sua nova fábrica de 2,5 milhões de toneladas em Mato Grosso do Sul, que opera em plena capacidade desde o início do ano. Tentativas recentes de aumento de preço por alguns fornecedores, como a Asia Pulp & Paper, não foram aceitas pelos compradores chineses, que seguem pressionados pela ampla oferta disponível.
Segundo analistas, o mercado de celulose opera atualmente em um dos pisos do ciclo. O Goldman Sachs avalia que o risco de novas quedas é limitado e projeta recuperação mais consistente até o fim de 2025. Fatores como o possível fechamento de fábricas por inviabilidade econômica — como já anunciado pela Metsä Fibre, na Finlândia —, e uma eventual recuperação econômica da China, podem puxar os preços para cima nos próximos trimestres.

O Itaú BBA aponta ainda que a diferença de preços entre fibras curtas e longas segue elevada, o que pode estimular a substituição pela BHKP. Para o J.P. Morgan, um acordo comercial entre Estados Unidos e China também poderia destravar a recomposição de estoques na Ásia e limitar a pressão sobre os preços.
No Brasil, Suzano e Klabin enfrentam o cenário de preços baixos com estratégias diferenciadas. O Itaú BBA projeta preço médio de US$ 530 por tonelada para a Suzano em 2025, ante US$ 590 no ano anterior. Para a Klabin, a expectativa é de US$ 555, abaixo dos US$ 630 registrados em 2024. Ainda assim, o BTG considera o atual nível de preço como uma oportunidade de valorização para os papéis das duas empresas.
O Goldman Sachs, por sua vez, elevou a recomendação de compra para as ações da Suzano, com novo preço-alvo de R$ 65 por ação — um potencial de alta de 22,6%. A recente joint venture da Suzano com a Kimberly-Clark, envolvendo US$ 1,7 bilhão para a aquisição de 51% dos ativos de tissue fora da América do Norte, também foi bem recebida pelo mercado. O anúncio impulsionou as ações da companhia no Ibovespa, com o J.P. Morgan destacando que a transação ajudou a reduzir preocupações sobre novas fusões e aquisições por parte da empresa.
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