
Os preços do café vêm registrando quedas expressivas em junho e já acumulam recuo superior a 15%, segundo levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). A pressão baixista está diretamente ligada ao avanço da colheita da safra brasileira 2025/26, que aumenta a oferta do grão no mercado.
O Indicador do café arábica tipo 6, bebida dura para melhor, posto na capital paulista, recuou quase R$ 360 por saca de 60 kg ou 15,4% no mês, encerrando abaixo de R$ 2.000/sc. O patamar não era registrado desde o final de novembro de 2024.
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O robusta/conilon também segue em trajetória de queda. O Indicador do tipo 6, peneira 13 acima, a retirar no Espírito Santo, acumula baixa de 14,9% ou R$ 208,25 reais por saca de 60 kg em junho, com média de R$ 1.186,20/sc, o menor valor desde maio do ano passado.
Pesquisadores do Cepea destacam que os preços das duas variedades vinham operando em níveis historicamente elevados. As quedas, portanto, também refletem uma correção do mercado.
Impacto da Colheita no Mercado de Café
O avanço da colheita de café no Brasil, segundo o Cepea, tem exercido pressão de baixa sobre os preços do grão. Isso ocorre porque a maior oferta de café no mercado, resultante da colheita mais avançada, tende a reduzir a demanda e, consequentemente, os preços.
A colheita do arábica, que está mais adiantada neste ciclo, já alcançou de 20% a 25% da área até o fim da última semana. No caso do robusta, os trabalhos estão ainda mais avançados, com cerca de 50% da colheita concluída. A expectativa é de que a safra da variedade supere 20 milhões de sacas, o que deve compensar a menor produção do arábica neste ciclo.
Desempenho das exportações
Mesmo com menor volume embarcado, as exportações brasileiras de café entre janeiro e maio de 2025 somaram 16,79 milhões de sacas, uma queda de 19,2% frente ao mesmo período de 2024. Em contrapartida, a receita gerada cresceu 44,3%, alcançando US$ 6,48 bilhões, o maior valor já registrado para o período.
Segundo o Cecafé, o recuo nos embarques reflete a menor disponibilidade de arábica, cuja colheita se intensificou apenas neste mês de junho, e a menor competitividade dos canéforas brasileiros (robusta e conilon) frente a países como Vietnã e Indonésia.
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