
Funcionários confirmaram à Polícia Civil que supervisor de segurança deu socos e tapas nas mulheres. Crime ocorreu em 10 de maio no Shopping Rio Poty, em Teresina. Ao g1, unidade diz que demitiu o funcionário. Segurança de shopping é indiciado por tortura após agredir mulheres que furtaram perfumes
A Polícia Civil do Piauí indiciou um segurança do Shopping Rio Poty, em Teresina, por tortura na abordagem a duas mulheres flagradas furtando 11 perfumes e bijuterias de uma loja. Os crimes ocorreram em 10 de maio.
Câmeras do próprio shopping registraram a abordagem feita pelo homem, que ocupava o cargo de supervisor de segurança do empreendimento. A investigação usou as gravações (veja acima) para confirmar as agressões e definir pelo indiciamento.
Ao g1, o Shopping Rio Poty afirmou que demitiu o segurança “que agiu de maneira inadmissível” e que reforçará treinamentos das equipes para “proporcionar um ambiente acolhedor e seguro onde todos sejam respeitados”.
A reportagem questionou o Ministério Público do Piauí se há prazo para decidir se denuncia ou não o segurança pelo cometimento de tortura, mas não obteve resposta (abaixo, leia sobre os próximos passos do caso).
De acordo com a investigação da Polícia Civil do Piauí, as mulheres foram levadas pelos seguranças para o subsolo do shopping depois de serem flagradas cometendo o crime. As violências aconteceram neste local.
Câmeras de segurança gravaram agressões cometidas pelo segurança
Reprodução
Policiais analisaram as imagens gravadas e identificaram seis agressões cometidas pelo funcionário em um intervalo de 11 minutos, conforme consta na investigação. O período conta entre os seguranças colocarem as mulheres sentadas no chão na área de carga e descarga e a chegada da Polícia Militar.
Uma das mulheres disse à Polícia Civil que cometeu o crime para conseguir voltar à cidade onde mora e em que vive sua filha bebê. As agressões começaram depois de ela se explicar ao segurança.
“Nós já tínhamos devolvido [os perfumes], ele tirou os produtos de nós e começou a agredir, começou a dá-lhe [sic] porrada na gente, na minha cabeça”, contou em depoimento, dizendo que perdeu a unha de um dos dedos dos pés por conta das pancadas e pisões.
Outros funcionários filmados no local confirmaram à polícia terem visto o supervisor de segurança dando socos e tapas nas duas mulheres, ainda de acordo com o inquérito.
MP decidirá por denúncia ou arquivamento
Segundo a delegada Syglia Samuelle de Brito Silva, da Delegacia dos Direitos Humanos, foram “encontradas evidências dignas de nota e capazes de preencher a estrutura jurídica necessária” para enquadrar o segurança pela prática do crime de tortura.
O inquérito da polícia foi encaminhado no fim de junho ao Ministério Público do Piauí, que decidirá se oferecerá ou não denúncia contra o segurança pela prática de tortura. Caso o MP considere que há indício de crime, caberá à Justiça tornar ou não o homem réu.
O advogado Fábio Franklin Jr, defensor das duas mulheres, afirmou ao g1 que pedirá a responsabilização civil do shopping e indenização devido à ação cometida pelo segurança.
“Independentemente da acusação de furto, nenhuma pessoa pode ser submetida à tortura, agressão ou tratamento desumano por agentes de segurança privada. O que ocorreu é gravíssimo: minhas clientes foram agredidas de forma covarde e ilegal por seguranças que agiram como se fossem justiceiros, usurpando a função da polícia”, afirmou.
O que diz o Shopping Rio Poty
“O shopping informa já ter desligado o segurança que agiu de maneira inadmissível, desrespeitando os procedimentos definidos pela empresa para casos confirmados de furto.
Desde a ocorrência, a empresa colabora com as autoridades, prestando todas as informações solicitadas, mesmo não sendo parte do processo. Seguimos reforçando constantemente os treinamentos das equipes com o objetivo de proporcionar um ambiente acolhedor e seguro onde todos sejam respeitados.”