
O prefeito de Barra de São Francisco, Enivaldo dos Anjos (PSB), é mais um nome que vai entrar na briga por uma das duas vagas ao Senado que estarão em jogo no ano que vem.
Na última sexta-feira (04), Enivaldo esteve com o governador Renato Casagrande (PSB) e se colocou à disposição para renunciar ao mandato de prefeito em março de 2026 e disputar a segunda vaga ao Senado pelo grupo do governo: “Tratamos de assuntos políticos comuns, comuniquei a ele que vou sair em março para ser candidato e me coloquei à disposição do grupo”, disse à coluna.
Enivaldo é aliadíssimo de Casagrande e, como prefeito, até assumiu o compromisso de mobilizar lideranças na Região Noroeste em apoio ao projeto do governo de eleger o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB) ao Palácio Anchieta e Casagrande ao Senado.
Com uma experiência que soma três mandatos de prefeito, cinco de deputado estadual, passagem pelo Executivo estadual como secretário e 10 anos como conselheiro do Tribunal de Contas, Enivaldo está com os olhos, agora, voltados para Brasília.
“Minha disposição é ser candidato ao Senado com base no entendimento de uma candidatura que se propõe a unir os municípios, quero ser um senador municipalista, para defender os gestores municipais”, disse Enivaldo em nota encaminhada à imprensa por sua assessoria.
Perguntado pela coluna sobre qual foi a reação do governador, Enivaldo respondeu: “Reação de companheiro de partido, feliz por ter quadros do PSB manifestando vontade de participar do processo”.
O deputado estadual Mazinho dos Anjos (PSDB), sobrinho de Enivaldo, também participou do encontro com Casagrande, que ocorreu no Palácio Anchieta.
Duas cadeiras para o PSB?
O desejo de Enivaldo de alçar voos maiores e tentar uma vaga ao Senado é legítimo e encontra amparo em sua trajetória de vida e experiência política, que ele mesmo faz questão de apresentar e defender.
No entanto, há um detalhe que pode virar uma barreira e impedir que essa construção aconteça. Enivaldo é correligionário de Casagrande, ou seja, os dois fazem parte do mesmo partido, o PSB, que dificilmente irá ocupar as duas vagas de Senado da chapa do governo.
E isso não por falta de vontade. Qual partido não gostaria de ter quadros competitivos para disputar o Senado? Mas a questão é estratégica.
O PSB tem como prioridade eleger Casagrande ao Senado. O partido também já definiu o apoio a Ricardo Ferraço na disputa pelo governo do Estado.
Pelo andar da carruagem e por tudo que já foi visto nesse processo eleitoral antecipadíssimo, o cenário que se mostra é que a disputa tende a ser acirrada, dura, o que vai exigir do partido do governador flexibilidade para atrair lideranças e fechar alianças.
E é aí que sobem à mesa das negociações os demais postos na chapa: a segunda vaga de Senado, o nome de vice, o 1º suplente de Casagrande, etc. E o que não falta é gente de olho nesses espaços.
Recentemente, Casagrande recebeu no Palácio Anchieta o deputado federal Josias da Vitória (PP) e o presidente da Assembleia, Marcelo Santos (União), para tratar justamente dos arranjos da eleição do ano que vem.
Da Vitória será o presidente da futura federação União Progressista, que já nasce com a maior bancada da Câmara Federal – o que representa mais recursos para as campanhas e mais tempo de exposição em rádio e TV.
Valendo-se desse peso, que faz a diferença em qualquer eleição majoritária, Da Vitória também se colocou no jogo, querendo ter prioridade na escolha de um eventual substituto de Ricardo – caso o vice não se viabilize para concorrer ao governo. Se o plano A for mantido, o pleito de Da Vitória é para, então, disputar a segunda vaga ao Senado, em dobradinha com Casagrande.
A questão é: se o PSB bater o pé e quiser indicar os dois nomes para o Senado, o grupo do governo não corre o risco de perder aliados importantes e, para além disso, abrir o caminho para que eles migrem para uma candidatura adversária?
Não custa lembrar que o PP hoje também faz parte da base do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), um dos principais opositores de Casagrande e também pré-candidato ao governo do Estado.
Esse é um cálculo que a base de Casagrande vai precisar fazer, se é que já não esteja fazendo.
Enivaldo: “Ou o PSB me permite dar um voo mais alto ou vai encerrar minha carreira”
Se por um lado há um complicador estratégico para Enivaldo disputar o Senado, por outro, há a defesa do prefeito de que o grupo do governador não pode perder o espaço. Questionado se não seria complicado para o governo ocupar as duas vagas com nomes do PSB, Enivaldo respondeu:
“Pode até ficar, mas o PSB não pode ficar sem um segundo nome, porque aí é entregar de graça a segunda vaga do Senado. Não há proibição legal do partido ter dois candidatos. E pode ser que outros partidos não se interessem pela disputa. E se Da Vitória disputar o governo?”, questionou o prefeito.
De toda forma, Enivaldo disse que só irá renunciar se puder concorrer ao Senado. Do contrário, continua como prefeito até o final do mandato (2028) e depois encerra sua carreira política.
“Vou tentar ser candidato no PSB. Ou o PSB me permite dar um voo mais alto ou vai encerrar minha carreira”, disse o prefeito, ao ser questionado se poderia mudar de partido para concorrer.
Licença de 60 dias
Enivaldo entrou com uma licença do mandato de prefeito no último dia 1º e vai ficar fora da prefeitura por 60 dias. Segundo ele, o período afastado é para cuidar da saúde, fazer exames de rotina e talvez uma cirurgia de retirada da vesícula.
“Eu fiquei no mandato passado e seis meses deste mandato sem tirar férias ou licença. Aí resolvi tirar 60 dias agora para dialogar com os médicos e fazer exames. Ver vesícula, coração, rins, um joelho que está me incomodando. É checar o corpo”, disse Enivaldo.
A licença é sem remuneração e o cargo de prefeito está sendo ocupado pelo vice, Wanderson Melgaço (PSB).
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