Identidade como pilar da segurança: o Papel do CISO na orquestração do IAM

Em um mundo digital cada vez mais descentralizado, o papel do CISO se tornou ainda mais desafiador e estratégico. A evolução da computação em nuvem, o trabalho remoto e o uso crescente de serviços distribuídos romperam os antigos conceitos de perímetro de segurança. Nesse cenário, a identidade emerge como o novo plano de controle, sendo o principal pilar da estratégia de proteção de dados e ativos das organizações.

Da complexidade à orquestração: o desafio da governança

Gerenciar e governar a cibersegurança tornou-se uma tarefa ainda mais intrincada, exigindo tecnologias adequadas, conformidade regulatória e adaptação contínua às novas ameaças. O crescimento de aplicações dispersas, especialmente no ambiente de nuvem, aumentou essa complexidade. Agora, mais do que nunca, os CISOs precisam enxergar além do tradicional “checklist” de compliance e adotar modelos dinâmicos e contínuos de governança de identidade para mitigar riscos em tempo real.

A segurança baseada em perímetro perdeu força frente ao avanço da nuvem e da mobilidade. As políticas tradicionais e estáticas de IAM (Identity and Access Management) não conseguem mais lidar com o risco contínuo e com as demandas de ambientes descentralizados. O conceito de Identity-First Security (Segurança com foco na identidade) surge como resposta a essa nova realidade, colocando a identidade no centro da estratégia de proteção e como facilitador de modelos como o Zero Trust.

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A base da jornada Zero Trust

O programa de segurança da identidade, de fato, coloca a identidade no centro do conceito de Zero Trust. Aqui, o IGA (Identity Governance and Administration) traz as bases para processos estruturados e dinâmicos respeitando a mudança contínua nas opções tecnológicas que precisamos gerenciar e proteger.

IGA  torna-se o plano de controle fundamental para essa abordagem porque oferece:

  • Gestão completa do ciclo de vida das identidades, incluindo onboarding, provisionamento, certificação e desprovisionamento;

  • Governança analítica e baseada em risco, com monitoramento contínuo para detecção de anomalias e suporte à conformidade;

  • Habilitação do Zero Trust, ao governar o acesso de usuários e máquinas em ambientes híbridos, on-premises e em nuvem.

Sinergia no IAM: integração como caminho

A construção de um Identity Fabric, framework que permite que diferentes sistemas e ferramentas de Gestão de Identidade e Acesso (IAM) funcionem juntos de forma integrada, depende da integração eficaz entre IGA, PAM (Privileged Access Management), AM (Access Management), CIEM (Cloud Infrastructure Entitlement Management) e provedores de nuvem (CSPs). Essa sinergia permite:

  • Redução de pontos cegos na gestão de contas privilegiadas por meio de integrações bidirecionais;

  • Decisões de acesso dinâmicas com base no compartilhamento de contexto entre IGA e ferramentas de AM;

  • Visibilidade aprimorada sobre permissões na nuvem ao integrar IGA e ZSP (Zero Standing Privilege), uma vez que o ZSP oferece a capacidade de remoção total de permissões em recursos de cloud e de gerenciamento de acesso privilegiado, com permissionamento somente no momento necessário da atividade;

  • Abordagens diferenciadas para governança de identidades de máquinas, com foco, por exemplo, em certificados digitais.

Caminho do CISO: da fragmentação à orquestração

Considerando um crescimento de 10% a/a no mercado de IAM, provedores tecnológicos buscam investir na construção de plataformas de identidade para viabilizar maior integração e orquestração no provisionamento, monitoria do comportamento e contenção de identidades de risco. 

Para concretizar a identidade como plano de controle e pilar de resiliência cibernética, os CISOs devem repensar o uso isolado de ferramentas de IAM, saindo da forma fragmentada para a orquestração. O roadmap inclui:

  • Priorização da integração do IGA com PAM, AM e sistemas em nuvem com base no risco e na criticidade;

  • Uso de analítica de identidade para monitorar riscos de acesso, violações de políticas e indicadores de experiência do usuário;

  • Alinhamento entre as operações de identidade (IdOps), operações de acesso (AccessOps) e operações de política (PolicyOps), promovendo agilidade e responsabilidade.

Esses elementos reforçam um modelo robusto de governança, no qual IdOps cuida da integração e automação dos processos de ciclo de vida, AccessOps foca na eficiência na concessão de acessos e PolicyOps assegura a gestão dos ciclos de vida das políticas de controle.

O futuro: AI e analítica a serviço da governança

As soluções de IGA de próxima geração incorporarão inteligência artificial e analítica avançada para oferecer:

  • Governança preditiva, com detecção proativa de anomalias;

  • Respostas automatizadas a riscos, aumentando a capacidade de adaptação e resiliência.

Assim, a Identity-First Security não será apenas um requisito técnico, mas um dos principais alicerces da transformação digital segura. O momento é de ação. Com um mercado em rápido crescimento, a convergência das soluções de IAM e o posicionamento da identidade como principal superfície de controle tornam imprescindível que os CISOs liderem iniciativas de orquestração, construindo um ecossistema integrado e resiliente. A governança de identidade é o caminho para que as organizações enfrentem os desafios atuais e futuros da cibersegurança com confiança.

Cláudio Neiva, CTO da CyberArk para a América Latina.

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