A RSA Conference 2025, realizada em maio nos Estados Unidos, consolidou-se como um dos maiores eventos de cibersegurança do mundo. Apesar da grandiosidade do evento, que acontece há mais de 30 anos, muitas das discussões reforçaram o que já está em pauta no mundo da cibersegurança.
O destaque do evento? IA, claro. De agentes a soluções generativas, passando pelos SOCs (Security Operations Centers), o protagonismo da inteligência artificial foi inquestionável. Parece que estamos em um ciclo sem fim onde IA é a resposta para tudo — mesmo quando as soluções ainda não chegam ao impacto prometido.
Ainda assim, a edição deste ano surpreendeu. De acordo com os organizadores, mais de 44 mil pessoas participaram, um recorde absoluto. Mas o que chamou mesmo a atenção foi a presença brasileira. O Brasil, com 762 representantes, foi o segundo país em número de visitantes, atrás apenas dos anfitriões.
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E não parou por aí: além de explorar as inovações, os brasileiros também marcaram presença como palestrantes. Especialistas da Presidência da República e do Banco do Brasil subiram ao palco, reforçando o papel emergente do País no setor de cibersegurança.
Apesar do grande volume de público e da participação ativa dos brasileiros no evento, ainda é visível a distância que separa as realidades do Brasil com a que existe lá fora.
A força da necessidade sobre a teoria
O Brasil pode estar atrasado no desenvolvimento de IA em relação a potências como Estados Unidos e China, mas compensa com experiência prática. Nossa realidade nos força a detectar e mitigar rapidamente os usos mal-intencionados dessas tecnologias.
Enquanto lá fora discutem cenários hipotéticos, aqui os cibercriminosos já estão aplicando as inovações com criatividade e eficiência — a famosa “malemolência brasileira”. Talvez seja exatamente esse ambiente adverso que nos torna pioneiros na detecção de fraudes e golpes digitais.
Para ter uma ideia da realidade em que vivemos, de acordo com uma pesquisa da ClearSale, no primeiro trimestre deste ano, o País registrou cerca de 572 mil tentativas de fraude em compras no ecommerce, que geraram um prejuízo de R$ 737 milhões.
O potencial de protagonismo
Se as tecnologias que estão dominando o mercado fossem desenvolvidas no Brasil, talvez fossem mais robustas e adaptadas à realidade. Com o potencial que temos para inovação e adaptação, não seria exagero imaginar que, no futuro, o Brasil possa ser o palco dos maiores eventos de cibersegurança, deixando de ser apenas visitante para se tornar protagonista.
Mas, por enquanto, seguimos exportando talentos e soluções enquanto importamos as tecnologias que, na prática, acabamos dominando melhor do que muitos que as criaram.
Leandro Roosevelt, diretor de vendas Brasil da VU.
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