O embate entre o governo e o Congresso Nacional em torno do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) trouxe à tona o debate sobre quem deve pagar a conta. Nas últimas semanas, diversos vídeos foram lançados nas redes sociais questionando por que os mais ricos também não contribuem, ou se o ajuste fiscal deve ser feito somente com cortes em serviços públicos como saúde e educação, atingindo os mais pobres.

É nesse contexto que movimentos populares, centrais sindicais e entidades lançaram o Plebiscito Popular, para perguntar ao povo brasileiro se ele é a favor do fim da escala 6×1, da redução da jornada sem redução de salários e da taxação dos super-ricos para isentar de Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil.
No centro de Porto Alegre, acompanhamos um dia de coleta de votos e conversamos com algumas pessoas sobre o aumento de imposto para os mais ricos, com o objetivo de aliviar a carga para quem ganha menos. A aposentada Jussara Costa e a autônoma Elisangela Oliveira concordam com a proposta.
“Tem que cobrar dos mais ricos, porque até agora só eles que tão levando vantagem, só eles que crescem, o pobre tem que se submeter, se humilhar, digamos assim”, opina Costa.
Confira a reportagem em vídeo:
“Acho que todo mundo é a favor, quem ganha bem menos. A gente paga mais do que eles, quem ganha um salário de R$ 5, 10 mil, 20 mil, 30 mil tinha que pagar mesmo, tem que pagar porque é a gente que paga por eles”, complementa Oliveira.
A aposentada Ivone Marques Moraes está de acordo. “A pessoa que ganha R$ 50, 100 mil por mês, ela pode muito bem distribuir um pouquinho, um milésimo daquilo que ela ganha pra ajudar aquela pessoa que não pode, que recebe bem pouquinho.”
“A pessoa não tem uma folga pra poder resolver coisas da vida”
Também perguntamos o que as pessoas acham sobre o fim da escala 6×1, sem redução de salário. Os trabalhadores Lucas Vinicius Caldeira, Maria Inês de Oliveira e Rafaela Nunes comentam a proposta.
“Eu sou contra a escala 6×1 porque eu já trabalhei nessa escala. Quem geralmente está nessa jornada é linha de frente, então a pessoa não tem uma folga pra poder resolver coisas da vida, poder descansar de fato. Acho que isso é uma coisa desumana”, avalia Caldeira.
“É muito melhor, porque o jeito que tá hoje em dia é uma escravidão medonha, tem pessoas que acham que não é, mas é. Se parar para pensar, todos nós estamos num trabalho escravo, mas, como precisa, né?”, diz Oliveira.

“Eu sou a favor que tire a escala. Porque eu já trabalhei e é bem complicado pra gente que tem criança pequena. Tu não consegue dar atenção, porque a gente trabalha fora e tem a escala. É ruim porque o tempo que tu tem pra aproveitar com a criança, tu tá lá trabalhando. A questão de folga e tudo é bem complicada”, reforça Nunes.
Como votar
O coordenador estadual do Plebiscito Popular no Rio Grande do Sul, Lucas Monteiro, explica que existem duas formas para a população votar. Uma delas é a partir das urnas físicas, que estão colocadas em diversos pontos das cidades pelo Brasil inteiro. “Cada vez mais, mais pessoas cadastram urnas para a gente poder participar dessa votação. Então, diariamente, nas redes do plebiscito popular, tu encontra os locais de votação.”
A segunda forma é a urna digital. Segundo ele, qualquer pessoa pode cadastrar uma e coletar votos. “É através do site do plebiscito que a gente cadastra, a gente recebe um QR Code e a pessoa pode também, da mesma forma que uma urna física, ela vai apresentar o QR Code para outra pessoa (votar).”
Disputa de ideias
As organizações que estão promovendo o plebiscito incentivam o voto presencial, como uma forma de dialogar com as pessoas sobre temas. “A gente quer que as pessoas priorizem o voto presencial, porque a gente quer que as pessoas dialoguem umas com as outras, a gente quer fazer uma disputa de ideias, disputar: porque a gente é realmente contra o fim da escala 6×1, porque a gente é a favor da taxação dos super ricos.”
O plebiscito, ressalta Monteiro, serve tanto para unificar setores progressistas e a população em torno de uma pauta comum, quanto para pressionar o Congresso Nacional. “(A gente) considera que é fundamental para, inclusive, pressionar esse Congresso que hoje cada vez mais demonstra que é um inimigo do povo. Por isso que a gente tem reforçado muito também essa mensagem junto com esse processo de construção do plebiscito. Então o plebiscito está aí para isso, para a gente dialogar, se unir e construir as nossas forças em torno de um projeto que realmente paute a vida dos trabalhadores e das trabalhadoras.”

O post Fim da escala 6×1 e taxação dos ricos: saiba o que pensa quem vota no Plebiscito Popular apareceu primeiro em Brasil de Fato.