O presidente dos Estados Unidos Donald Trump não tem o direito de criticar o processo em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é réu, acusado de tentativa de golpe de Estado. Essa é a opinião de 57% dos brasileiros, segundo nova rodada da pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (16). Outros 36% acham que o mandatário estadunidense tem esse direito e 7% não sabem ou não responderam.
De acordo com o levantamento, 79% da população acredita que as tarifas de 50% sobre produtos brasileiros anunciadas por Trump no último 9 de julho vão prejudicar sua vida. Entre bolsonaristas, esta opinião é compartilhada por 82% dos entrevistados. Entre apoiadores do Lula, 77%.
A pesquisa também constatou que a avaliação de que a taxa vai ter impacto negativo é majoritária tanto entre as pessoas de esquerda não identificadas com o PT quanto as de direita não alinhadas com o bolsonarismo. Em ambos os casos, 77% avaliam que a tarifa vai lhes prejudicar diretamente.
Para 72%, Trump erra ao impor as medidas acreditando que existe uma perseguição contra Bolsonaro. Neste contexto, a resposta do governo Lula (PT) com possíveis medidas similares a partir da lei de reciprocidade é aprovada por 53% dos eleitores. Outros 39% desaprovam a resposta do governo federal.
Segundo o levantamento, a ofensiva de Trump despertou um sentimento em 84% dos entrevistados de que governo e oposição devem enfrentar os Estados Unidos em um esforço de união nacional.
Para 26% dos brasileiros, o que provocou Trump a anunciar a alta da tarifa foram as falas de Lula durante a Cúpula dos Brics. O encontro entre o grupo de países emergentes – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – aconteceu no Rio de Janeiro (RJ) entre os dias 6 e 7 de julho.
Para 22% dos entrevistados, a sanção estadunidense foi motivada pelas ações do Supremo Tribunal Federal (STF) contra Jair Bolsonaro. Outros 17% acham que foi pela influência de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, onde vive enquanto deputado federal licenciado desde fevereiro. As ações do STF contra big techs americanas foram o motivo elencado por 10% dos participantes da pesquisa.
Aprovação de Lula sobe
A pesquisa Quaest aponta que o embate com Trump trouxe efeitos políticos importantes para o mandato de Lula. A desaprovação do governo diminuiu de 57% para 53% em relação a maio, enquanto sua aprovação subiu de 40% para 43%.
A melhora da avaliação do governo Lula foi alavancada, primordialmente, por eleitores de fora de sua base de apoio já consagrada. Entre eles, os que têm renda mensal entre dois e cinco salários mínimos, ensino superior completo e que não recebem o Bolsa Família.
A oscilação positiva para a gestão petista foi mais forte no Sudeste, região mais populosa do país e com histórico conservador. São Paulo, o maior estado sudestino e onde está boa parte do setor produtivo brasileiro que exporta para os EUA, está sob o governo do bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Possível presidenciável da direita em 2026, Tarcísio deu declarações dúbias a respeito do episódio, passando por apoio a Bolsonaro e responsabilização do governo Lula pela taxação até defesa de que a economia deve prevalecer à demanda por anistia aos envolvidos na trama golpista.
A Genial/Quaest fez 2004 entrevistas face a face com brasileiros de 16 anos ou mais em 120 municípios. Os dados foram coletados entre os dias 10 e 14 de julho. Financiado pela corretora de investimentos do banco Genial, o levantamento tem 95% de confiabilidade e uma margem de erro de 2% para mais ou para menos.
O post Para 57% dos brasileiros, Trump não tem direito de criticar processo em que Bolsonaro é réu apareceu primeiro em Brasil de Fato.