Prefeitura de Olinda determina desocupação de comerciantes na Avenida Pan Nordestina
A prefeitura de Olinda determinou a retirada de diversos pontos de comércio localizados na Avenida Pan Nordestina, uma das principais vias da cidade (veja vídeo acima). Comerciantes que trabalham no local há décadas contaram à TV Globo que foram surpreendidos pela medida, sem qualquer garantia de indenização ou realocação.
“A gente está sem saber para onde ir […]. A gente está levando a vida daquele jeito. Todo dia, a gente está nem dormindo direito com essa situação e contas a pagar”, disse Cícero Pedro Barbosa, dono de um self-service no local.
Procurada, a prefeitura disse que as construções são irregulares e se encontram em área que pertence ao Departamento de Estradas de Rodagem (DER), do governo do estado. Já o DER afirmou que não tem “nenhum envolvimento” com a decisão de retirar os trabalhadores (saiba mais abaixo).
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A ordem de remoção atingiu estabelecimentos que funcionam no entorno da Escola de Referência de Ensino Médio Áurea de Moura Cavalcanti, no bairro de Ouro Preto. Entre os empreendimentos que atuam no local, estão empresas de vários segmentos, como óticas, lojas de acessórios para celular, serralharia, salão de beleza e restaurantes.
“Chegaram aqui com caminhões informando que teríamos cinco dias para desapropriar esse local. […] Aqui dependem famílias. A situação já não está boa para todos. Imagine a gente ser pego de surpresa e perder esse sustento”, disse Sandra Santos da Silva, que tem três pontos comerciais alugados no local.
Os comerciantes receberam a intimação em 9 de julho. Nesse intervalo, eles procuraram a prefeitura e entraram com um recurso pedindo por mais tempo. Até agora, ninguém da gestão municipal apareceu nem para cumprir a ordem nem para conversar com eles.
“Quando a gente recorreu, eles deram mais um prazo, mas esse prazo a gente não sabe qual é. Não sabe se é hoje, se é amanhã, disseram nada. E a gente está aqui sem saber o que fazer. Tem muitos pais de família. Todo mundo depende disso aqui”, declarou o serralheiro Givaldo Oliveira Lopes.
O serralheiro disse, ainda, que não entende por que a retirada dos comerciantes foi ordenada de forma repentina, depois de tantos anos de ocupação.
“Por que deixaram construir? Por que deixaram colocar fiteiro? Se era proibido, assim que começou a primeira estaca levantar, era para proibir. Agora, depois de 22 anos, muitos aqui estão com 35 anos, agora chega de uma hora para outra e sai”, afirmou.
Dono de uma borracharia na área há 35 anos, Antônio Macena disse que recebeu a notificação depois que adoeceu e ficou sete dias internado no hospital.
“Sou natural de Condado [na Zona da Mata Norte], mas eu vivo aqui [em Olinda] há muitos anos, desde 1966. Montei esse negocinho aqui. Quando vim, não tinha nada […]. O ganha-pão é esse. E vai sair assim, sem direito a nada? É sufoco”, comentou.
Comerciantes receberam ordem para desocupar tradicional área de comércio na Avenida Pan Nordestina, em Olinda
Reprodução/TV Globo
O que dizem a prefeitura e o DER
Por meio de nota, a prefeitura de Olinda informou que:
fez uma vistoria no local e técnicos constataram que as construções são irregulares;
os comércios estão nas calçadas do entorno da Escola Áurea de Moura Cavalcanti, ocupando indevidamente o espaço público;
os imóveis estão numa área que é de domínio do DER.
Também procurado, DER informou que não tem envolvimento com demolição de barracas ou remoção de estruturas na área da Avenida Pan Nordestina.
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