Infecção urinária frequente em mulheres: entenda os riscos e como prevenir

Infeccção urinária
Imagem: Freepik

As infecções do trato urinário (ITU) estão entre as doenças infecciosas mais comuns do mundo, especialmente entre mulheres. Embora muitas vezes vistas como simples e tratáveis, elas podem se tornar um problema de saúde crônico e debilitante quando se tornam recorrentes.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 400 milhões de pessoas sofrem com infecções urinárias anualmente, e uma em cada duas mulheres terá ao menos um episódio ao longo da vida.

Em até 30% desses casos, o problema se repete em intervalos curtos, o que caracteriza a chamada infecção urinária recorrente.

O que é infecção urinária recorrente

Segundo Carolina Salume, infectologista e coordenadora do Serviço de Infectologia do Hospital Santa Rita, uma infecção urinária recorrente é definida como dois ou mais episódios em seis meses ou três em um ano.

A maioria dos casos, segundo a médica, envolve bactérias que colonizam o trato urinário inferior (uretra e bexiga), com destaque para a Escherichia coli, que responde por cerca de 80% das infecções.

Quando o problema se torna frequente, observamos um desequilíbrio local ou sistêmico, que precisa ser cuidadosamente investigado.

Fatores que contribuem para a infecção

Vários fatores contribuem para a repetição do quadro. De acordo com a infectologista, as mulheres são mais suscetíveis devido à anatomia do trato urinário, muito próxima a do trato gastrointestinal.

Entretanto, ela explica que outros fatores também contribuem para o problema. São eles:

  • Hábitos de higiene relacionados à atividade sexual;
  • Uso de espermicidas;
  • Queda de estrogênio vaginal;
  • Alterações na microbiota da vagina relacionadas ao climatério;
  • Consumo de antibióticos com frequência

“Há outros fatores que também potencializam o surgimento dos quadros infecciosos. Entre eles, problemas anatômicos como o refluxo vesicoureteral – que é uma condição em que a urina flui de volta da bexiga para um ou ambos os ureteres e, em alguns casos, para os rins – e o uso de cateterismo urinário prolongado ou de repetição”, explica Carolina Salume.

Sintomas e diagnósticos

Embora os sintomas variem de acordo com a localização da infecção, os mais comuns incluem ardência ou dor ao urinar, vontade constante e urgente de fazer xixi, urina com cor turva e até presença de sangue, além de dor pélvica nas mulheres.

Em casos mais graves, as pacientes apresentam febre, calafrios e dor lombar, sinalizando infecção nos rins, conhecida como pielonefrite.

Segundo a especialista, é essencial que a paciente procure um especialista ao identificar os sintomas, principalmente em casos de infecção recorrente, para garantir um diagnóstico preciso.

“O diagnóstico é feito por meio de exame de urina (EAS). Em alguns casos, é recomendado urocultura com antibiograma para identificar o agente causador e a sua sensibilidade a antibióticos. Exames de imagem, como ultrassom ou cistoscopia, podem ser indicados para investigar alterações anatômicas ou funcionais”, disse a infectologista.

Medidas para reduzir a recorrência de infecções

Segundo Eduardo Pandini, infectologista do Hospital São José e professor do Unesc, algumas medidas simples podem reduzir significativamente a recorrência das infecções urinárias. São elas:

  • A ingestão de água ao longo do dia;
  • Urinar após a relação sexual;
  • Evitar o uso de duchas vaginais e produtos irritantes;
  • Escolher roupas íntimas de algodão e que sejam mais largas;
  • Tratar doenças de base, como diabetes ou alterações hormonais.

Seguir o tratamento correto após identificar uma infecção também é essencial para diminuir as chances de repetição.

Sobre o tratamento, Carolina Salume completa que o padrão envolve antibióticos, mas, diante do uso repetido, o risco de resistência bacteriana cresce substancialmente.

“Por isso, a abordagem atual tem priorizado estratégias como a profilaxia antibiótica contínua em baixa dose, além de terapia pós-coito (em mulheres com infecções associadas à relação sexual), uso de estrogênio vaginal em mulheres no climatério, suplementos como D-manose e extrato de cranberry”, diz a médica.

Infecção exige cuidado

Embora não sejam consideradas doenças graves em sua maioria, as infecções urinárias recorrentes afetam significativamente a qualidade de vida. Além disso, Pandini ressalta que as infeções podem representar um risco crescente para a saúde pública, devido à resistência bacteriana.

A boa notícia é que, com diagnóstico correto, hábitos saudáveis e, quando necessário, estratégias médicas individualizadas, é possível controlar e até evitar o retorno constante da doença.

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