Vivemos um momento promissor na contribuição tecnológica para o sistema financeiro brasileiro. À medida que avançamos para a consolidação do Open Finance, damos um passo significativo rumo à democratização do crédito e à promoção de um ambiente mais competitivo, justo e centrado no consumidor. Um marco dessa transformação é a chegada da portabilidade do crédito pessoal via Open Finance — prevista para ser liberada ao público geral em dezembro de 2025.
Na Sensedia, como empresa global especializada em APIs e integrações e com forte presença desde os primórdios do Open Banking, estamos à frente desse movimento. Já iniciamos o desenvolvimento de ambientes tecnológicos que permitirão a habilitação da portabilidade de Crédito Pessoal Clean (CPC), modalidade sem garantia que representa um dos pilares do crédito para pessoa física no país.
Segundo dados do Banco Central, o estoque de crédito pessoal não consignado no Brasil ultrapassa os R$ 270 bilhões. Ainda assim, muitos consumidores enfrentam barreiras quando tentam migrar contratos entre instituições, mesmo quando há condições mais vantajosas disponíveis no mercado. Atualmente, essa transferência pode levar semanas e depende de processos manuais via registradoras, que desestimulam o uso da portabilidade.
Veja também: Executivas do Bradesco falam sobre como acelerar a inovação com IA e a importância da infraestrutura na estratégia digital
Com a chegada do Open Finance nesse contexto, a jornada será radicalmente diferente. O uso de APIs seguras permitirá a migração de contratos em até três dias úteis, com consentimento digital e sem a necessidade de burocracia excessiva. Para o consumidor, isso significa autonomia real sobre seus dados e contratos. Para o mercado, significa competição saudável e inovação acelerada.
Estudo do Banco Mundial mostrou que a falta de concorrência efetiva no setor financeiro é uma das principais razões para a persistência de taxas de juros elevadas em países em desenvolvimento. O Open Fiance atua diretamente sobre esse gargalo, ao facilitar a comparação de ofertas e a movimentação de contratos
Nesta primeira fase, a obrigatoriedade do Bacen recai sobre instituições classificadas como S1 e S2 com mais de 5 milhões de clientes. Já as instituições proponentes — aquelas que desejam atrair contratos portados — poderão participar de forma voluntária. Ainda assim, muitas já se mobilizam para adaptar seus sistemas e aproveitar essa janela de inovação. E com razão: instituições que conseguirem aliar compliance regulatório a uma jornada de crédito fluida e personalizada sairão na frente.
A tecnologia, nesse contexto, é mais do que um habilitador, é um diferencial competitivo. Estamos falando de ambientes seguros, escaláveis e com capacidade de evoluir conforme novas modalidades, como o crédito consignado federal, que já está sendo desenhado pelo regulador para 2026.
O Open Finance está reformulando as bases do sistema financeiro, e a portabilidade do crédito pessoal é um exemplo claro de como essa mudança afeta diretamente o dia a dia do consumidor. Trata-se de colocá-lo no controle, oferecendo acesso fácil, rápido e transparente a melhores opções de crédito.
A transformação já começou. E quem estiver preparado, tanto do ponto de vista tecnológico quanto estratégico, será protagonista dessa nova era.
Marcilio Oliveira, cofundador e Chief of Growth da Sensedia.
Inscreva-se em nosso canal do Whatsapp e tenha acesso as principais notícias do mercado.