Sangrador de seringueira monta museu do rodeio em sítio de Palestina
“Desde pequeno, eu sempre gostei.” É assim que um sangrador de seringueira define o rodeio em sua vida. O amor pelas montarias é tão grande que ele decidiu criar um museu com fotos e peças únicas de peões em sua propriedade rural, localizada em Palestina (SP).
Lucas Gaudino Duarte, de 39 anos, teve o primeiro contato com a arena ainda na infância, quando começou a montar após ser estimulado pela família.
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Entretanto, na fase adulta, uma queda durante os treinamentos o fez desistir do sonho de ser competidor profissional.
“Parei de montar porque me machuquei e fiquei um longo período fazendo tratamento. Quando estava habilitado para voltar, acabei tendo medo e investindo em outra área. Comecei a trabalhar em fazenda, mas sempre com a sensação de que tinha algo mal resolvido”, conta em entrevista ao g1.
O medo de sofrer outro acidente o levou para outros caminhos, mas não foi capaz de fazer com que ele deixasse de acompanhar as festas de boiadeiro e as importantes competições que ocorrem em várias partes do Brasil. Muito pelo contrário: o fez se tornar cada vez mais próximo do mundo do agronegócio.
Lucas Gaudino Duarte criou um museu de rodeio em uma propriedade rural de Palestina (SP)
Arquivo pessoal
Foi justamente por conta dessa paixão que, em 2006, já na fase adulta, Duarte resolveu vencer os próprios temores e subir em cima de um touro novamente.
“Foi para acabar com o meu medo e encerrar esse ciclo dentro de mim. Eu já não tinha o foco de seguir carreira. Era para vencer esse obstáculo que eu mesmo criei”, relembra.
Além da atividade no seringal, Lucas trabalha com cutelaria. Ele usa o barracão de seu sítio para fazer facas personalizadas e conseguir mais uma fonte de renda.
Nesse espaço, decidiu criar um canto especial dedicado à montaria. Como tem vários amigos que ainda estão em atividade nas arenas brasileiras, começou a juntar algumas fotos, mas não imaginava que a ideia daria tão certo.
“Inicialmente, eu pensei em 20 fotos, mas consegui, através das famílias, fotos de peões famosos que já faleceram. Decidi usar essas imagens com muito carinho… Já gastei mais de R$ 3 mil com porta-retratos. Vou fazendo aos poucos, conforme as economias do mês”, conta.
Hoje, menos de um ano após a ideia inicial, ele tem um museu com pelo menos 900 imagens expostas. São registros de eventos importantes e de personalidades do rodeio, desde as mais conhecidas às menos populares.
Entre eles, estão os mais premiados em provas: Fabricio Alves, que já conquistou 42 carros, 41 motos e sete caminhonetes; Rogerio Ferreira, que acumulou 47 carros, 48 motos e quatro caminhonetes; e Vilmar Felipe, que somou 26 carros, 27 motos e uma caminhonete.
O barracão, de 81 metros, tornou-se um espaço onde Lucas passou a receber visitantes e simpatizantes do rodeio.
“É muito agradável receber essas pessoas. A maioria delas acaba trazendo novas imagens e contando, lembrando sobre histórias do rodeio. É tudo de uma época em que tinha muitos peões bons”, comenta.
Museu do rodeio criado por sangrador de seringueira em Palestina (SP)
Arquivo pessoal
Outros objetos
Além das fotos, Lucas tem uma série de objetos importantes, como troféus, fivelas, capacetes, esporas, coletes, luvas, botas e rédeas: a tralha completa de um peão.
Quatro luvas estão autografadas pelos peões Sidney Maria, Silvano Alves, João Ricardo Vieira e Guilherme Marte. “Fiz um quadro com as fotos e as luvas penduradas embaixo”, reforça.
Duarte também fez um ranking entre os mais premiados e, agora, pretende usar todos os dados que conseguiu para criar uma conta nas redes sociais e difundir informações.
“Procuro informações de outros peões que não ficaram tão conhecidos na mídia, mas que também fizeram um trabalho brilhante nas arenas do Brasil. Quando não encontro na internet, eu fico ainda mais interessado em ir atrás. Amo fazer isso”, finaliza.
Museu do rodeio criado por sangrador de seringueira em Palestina (SP)
Arquivo pessoal
Museu do rodeio criado por sangrador de seringueira em Palestina (SP)
Arquivo pessoal
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