A celulose brasileira foi incluída na lista de exceções à tarifa de 50% que os Estados Unidos aplicarão sobre exportações do Brasil, medida oficializada nesta quarta-feira, 30. Por outro lado, alguns produtos do setor de base florestal, como madeira serrada, foram atingidos pelo chamado “tarifaço”.
Nas últimas semanas, o setor privado atuou em conjunto com o governo brasileiro e contratou escritórios jurídicos especializados nos EUA para demonstrar a importância do mercado americano para seus negócios, segundo fontes ouvidas.
Em 2024, o Brasil exportou 1,8 milhão de toneladas de celulose de eucalipto para os Estados Unidos, volume que, caso fosse tarifado, seria difícil de redirecionar a outros mercados devido à escala e à tecnologia aplicada. Essa celulose é desenvolvida “sob medida” para atender às especificações de clientes americanos e é utilizada principalmente na produção de papéis de higiene (tissue).
No total, o país exportou 18,57 milhões de toneladas de celulose no último ano, segundo a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), sendo 2,8 milhões destinadas aos EUA. A associação comemorou a inclusão do produto na lista de exceções.
“Representativa da maior proporção dessas exportações, a celulose de fibra curta à base de eucalipto é uma matéria-prima não produzida nos EUA”, afirmou Paulo Hartung, presidente da Ibá, em nota. O executivo destacou que produtores brasileiros desenvolveram, ao longo dos anos, celuloses adaptadas às necessidades do mercado americano.
Por outro lado, Hartung expressou preocupação com o impacto das tarifas sobre painéis de madeira, madeira serrada, embalagens e sacos industriais. No caso das embalagens, o efeito seria indireto, já que grande parte da produção é destinada ao transporte de frutas e proteínas animais para exportação.
“A Ibá seguirá atuando pela superação deste momento desafiador, defendendo o diálogo e em permanente articulação com os diversos ‘stakeholders’ [partes interessadas]”, disse Hartung.
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