Mulher agredida por atleta de bodybuilder em Itajubá fala sobre o que passou
O caso de violência doméstica registrado por uma câmera de segurança em Itajubá (MG) ganhou grande repercussão nas redes sociais e na cidade. As imagens mostram o momento em que a esteticista Noelly Michelly Clósimo, de 39 anos, é brutalmente agredida pelo ex-companheiro, o fisiculturista Rafael Pedro da Silva, de 28 anos, dentro do próprio estúdio de trabalho.
📲 Participe do canal do g1 Sul de Minas no WhatsApp
A agressão ocorreu no dia 8 de maio, mas foi nesta semana que Noelly decidiu falar publicamente sobre o que aconteceu. Segundo ela, a exposição foi motivada pela força que vem recuperando, pela repercussão do caso e também pela campanha do Agosto Lilás, que reforça o combate à violência contra a mulher.
“Eu decidi contar agora devido a estar preparada psicologicamente pela repercussão, por ele ser uma pessoa famosa no meio da academia e também devido ao Agosto Lilás, pra gente poder ter voz e também porque começou a surgir boato na cidade que era mentira minha”, disse Noelly.
Ex-namorada agredida por fisiculturista em MG fala pela 1ª vez após divulgação de vídeo: ‘Fui enforcada e desmaiei’
Reprodução EPTV
Ela contou que, após o fim do relacionamento de um ano e três meses, passou a ser perseguida por Rafael. No dia da agressão, ele a abordou com o pretexto de entregar um presente de Dia das Mães. Quando ela retornou ao estúdio, foi surpreendida por ele, que a obrigou a conversar e, em seguida, iniciou os ataques.
“Ele monta em mim e fala que eu não tenho opção de não querer ficar com ele. Primeiro ele me desmaia, vai me enforcando até eu apagar e depois já começa o soco”, relatou a vítima.
Noelly afirmou ainda que foi trancada em um cômodo, ameaçada com uma faca e forçada a ingerir remédios para dormir. Mesmo com medo, conseguiu acionar a Polícia Militar. Rafael foi preso em flagrante e teve a prisão convertida em preventiva. Ele foi indiciado por lesão corporal, cárcere privado e ameaça.
A delegada da Mulher de Itajubá, Karyna Tribst de Campos, reforçou a importância de denunciar:
“Ao primeiro indício, ao primeiro fato de agressão ou qualquer tipo de violência contra a mulher, efetuar a denúncia. Temos o Disque 180, 181, a delegacia virtual, o Chame a Frida, as unidades policiais, o 190. Os canais de denúncia são muito importantes.”
O caso de Noelly se soma a uma estatística preocupante. De acordo com dados da Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais, Itajubá registrou 367 casos de violência doméstica e familiar nos seis primeiros meses de 2025, o que representa uma média de mais de duas ocorrências por dia.
Vídeo mostra mulher sendo brutalmente agredida por ex-namorado em estúdio de estética em Itajubá, MG
Redes sociais
Para a advogada Priscila Brandão, presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB de Itajubá, os sinais de violência muitas vezes começam de forma sutil.
“Antes das agressões físicas, há a violência psicológica. A mulher é controlada, impedida de sair, trabalhar, ter contato com familiares. Tudo isso já é um alerta”, explicou.
Noelly recebeu apoio da Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica, da Polícia Militar, que acompanha vítimas mesmo após o registro da ocorrência. O sargento Ricardo de Oliveira Rangel explicou que o trabalho da patrulha vai além do atendimento inicial.
“Há um acompanhamento durante todo o processo. Não é só o boletim de ocorrência. Existe uma rede de apoio psicológico e social que ampara essas mulheres.”
“Denuncie e fica forte, porque a nossa cidade tem rede de apoio. Eu não sabia. Às vezes o medo, o preconceito, as piadinhas atrapalham. Mas no que denunciar, fica forte.”, completou Noelly.
Veja mais notícias da região no g1 Sul de Minas
