Após anos fora da escola, estudante surdo de Euclides da Cunha ingressa em universidade pública

Estudante de Euclides da Cunha
Foto: Clécio Cruz

Após 17 anos longe da escola, Clécio da Silva Cruz, egresso do Educandário Oliveira Brito (EOB), em Euclides da Cunha, conquistou um marco histórico. Ele é o primeiro estudante surdo da cidade, em mais de 20 anos da Lei n° 10.436/2002, que reconhece a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio legal de comunicação, a concluir o Ensino Médio com intérprete profissional e a ingressar em uma universidade pública. A aprovação foi para o curso de Educação Inclusiva na Universidade do Estado da Bahia (Uneb).

A trajetória de Clécio foi marcada por desafios. Ele precisou interromper os estudos na 1ª série do Ensino Médio por falta de acessibilidade. Em 2021, decidiu voltar à sala de aula e contou com o apoio essencial de professores e profissionais da rede estadual de ensino. Intérprete de Libras, a professora Ester Alves Pereira Andrade acompanhou cada etapa dessa retomada até a conclusão do curso, em 2023. “Foi um dos estudantes mais aplicados que já trabalhei. Não perdia um dia de aula e fazia questão de participar até dos projetos estruturantes no colégio”, destacou.

Estudante de Euclides da Cunha
Foto: Clécio Cruz

Ao recordar o período no EOB, Clécio fala com gratidão. “Foi um período muito bom. Tive contato com vários professores, colegas e com a minha intérprete Ester, que sempre me incentivava. Aprendi muito, graças à acessibilidade que tive. Agradeço aos professores e à gestão escolar que me ajudaram. Foi um momento em que ampliei meus conhecimentos e tive acesso a vários conteúdos e temáticas”.

A aprovação na universidade veio por meio do Processo Seletivo Especial, que considerou a nota do histórico escolar. Para Clécio, essa etapa tem sabor de vitória. “Escolhi o curso de Educação Inclusiva porque quero, no futuro, auxiliar outras pessoas com deficiência. Passar na Uneb me deixou muito feliz. Tenho a sensação de conquista. Sou o primeiro surdo da cidade a entrar na universidade pública e isso é muito importante para mim”.

O coordenador de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva da Secretaria da Educação do Estado, Alexandre Fontoura, afirma que “o sucesso do estudante mostra que, quando garantimos não só o acesso, mas também a permanência, como prevê a Lei Brasileira de Inclusão, estamos construindo uma educação verdadeiramente inclusiva e transformando vidas”.

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