Adultização infantil pede urgência para proteger nossas crianças

Polarização trava debate para proteger crianças e adolescentes nas redes sociais (Foto: Gabriel Barros/ Folha Vitória)

Ninguém aguenta mais essa esquizofrenia política. À esquerda ou à direita o que vemos é uma desorganização do pensamento.

Tanto é assim, que mesmo diante de um tema de tamanha urgência como a adultização de crianças, a racionalidade pode ser solapada pela polarização política.

A exposição precoce de crianças em conteúdos que normalizam comportamentos sexualizados ao invés de mobilizar consensos, virou mais um campo de embate ideológico.

O que deveria ser uma debate pautado em premissas técnicas está sendo distorcido por narrativas partidárias. O tema não deve servir de pretexto para censura de outras pautas e tão pouco estabelecer pré-julgamentos à margem da justiça.

Fato é que há três anos, sim, há três anos – você não entendeu errado – circula no Congresso um projeto de lei sobre essa temática, ou seja, deputados e senadores se omitiram até aqui. Entenderam que crianças e adolescentes não precisam da proteção da lei, ou dito de outra maneira, não são necessários instrumentos legais para combater a exploração sexual infantil nas plataformas digitais.

Agora, só depois do assunto ganhar destaque nas redes sociais e nos veículos de comunicação por conta de denúncias feitas pelo youtuber Felipe Bressanim, conhecido como Felca, que mostrou como criadores de conteúdo ganham dinheiro com vídeos com apelos sexuais envolvendo menores de idade, é que o presidente do Congresso Hugo Mota prometeu votar o projeto em regime de urgência. É um escárnio, no mínimo.

Fora do mundo político, claro, está que a definição de regras representa um avanço na defesa dos direitos das criança e adolescentes. Para citar dois exemplos: a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq).

Essa semana será decisiva. Deputados e senadores precisam dar um sinal claro de que estão comprometidos com os assuntos que de fato importam para a sociedade. O mundo é maior do que o umbigo deles.

Ninguém aguenta mais.

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