
Uma pontada súbita e aguda no peito é uma sensação que muitas pessoas já tiveram. Em um instante, surge a preocupação de que possa ser algo grave no coração. Porém, em grande parte dos casos, especialmente entre jovens, essa experiência tem um nome bem menos assustador: Síndrome da Dor Precordial Aguda, também conhecida como Captura Precordial.
Essa condição, descrita há mais de um século, é caracterizada por uma dor muito intensa, mas de duração muito curta. Normalmente, ela aparece em um ponto pequeno do lado esquerdo do peito, muitas vezes abaixo do mamilo. A dor pode durar apenas alguns segundos, chegando em alguns casos a poucos minutos, e desaparece tão repentinamente quanto começou, sem deixar qualquer rastro.
O perfil mais comum de quem passa por esses episódios são crianças e adolescentes, geralmente entre 6 e 20 anos. Embora menos frequente em adultos, ainda pode ocorrer em pessoas mais velhas. Esse padrão de idade é um dos motivos pelos quais não está associado a problemas cardíacos, que costumam aparecer em faixas etárias mais avançadas. A síndrome é considerada totalmente benigna, sem qualquer risco físico para a saúde.
Um dos aspectos mais marcantes é o momento em que surge. Diferente de eventos cardíacos, que podem estar ligados a esforço físico ou estresse intenso, a dor precordial costuma aparecer em repouso. A pessoa pode estar sentada, deitada, lendo ou prestes a dormir quando, de repente, sente a fisgada no peito.
A sensação é descrita como uma pontada de agulha, uma fisgada profunda ou até uma pequena facada. Muitas vezes, parece que a dor está “presa” em um ponto específico do tórax. O incômodo é tão agudo que a reação natural é prender a respiração e ficar imóvel, já que o desconforto piora quando se tenta inspirar profundamente. Em alguns casos, uma inspiração forçada pode encerrar o episódio, mas durante o momento de dor a tendência é justamente evitar respirar fundo.
Apesar de observada há décadas, a causa exata ainda não tem consenso. A explicação mais aceita é que a dor resulta de uma irritação momentânea de nervos intercostais, que passam entre as costelas. Outra hipótese envolve pequenos espasmos musculares na parede do tórax. Ambas as teorias reforçam o caráter benigno da condição, sem relação com problemas cardíacos.
A principal diferença entre a dor precordial aguda e um evento cardíaco sério está nos sinais acompanhantes. Situações graves costumam vir com falta de ar intensa, suor frio, palidez, náusea, tontura ou dor que se espalha para o braço, mandíbula ou ombro. Já na síndrome, a dor vem sozinha, localizada em um ponto específico, sem esses sintomas adicionais.
O maior impacto, na verdade, costuma ser psicológico. Pais de crianças que sentem a dor podem ficar extremamente preocupados, assim como os próprios jovens ou adultos que a experimentam. Procurar informações sobre dor no peito frequentemente leva a cenários assustadores, o que aumenta a ansiedade em torno do sintoma.
Não existe exame capaz de identificar a síndrome diretamente. Raio-X, exames de sangue ou eletrocardiogramas não mostram alterações. O diagnóstico é feito pela descrição dos sintomas e pelo histórico, com o objetivo principal de descartar condições mais sérias. Uma vez confirmada a natureza benigna, o papel do médico é tranquilizar o paciente.
O tratamento não envolve remédios. O mais importante é a educação: saber que a dor, por mais incômoda que seja, é inofensiva. A recomendação é respirar de forma lenta e suave e aguardar que o episódio passe. Para pessoas que apresentam crises frequentes, podem ser indicadas técnicas de respiração ou relaxamento muscular, sempre com acompanhamento médico.
É essencial, no entanto, saber quando buscar ajuda imediata. Dores que duram mais do que alguns minutos, que se intensificam com esforço físico, que se espalham para outras regiões ou que vêm acompanhadas de sinais de alerta devem ser avaliadas com urgência. A síndrome da dor precordial é breve, isolada e autolimitada. Qualquer dor diferente disso merece atenção médica.
Esse Pontadas no peito: é por isso que você às vezes sente uma dor repentina foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.