‘Não há herdeiros políticos para candidatura de Bolsonaro’ para 2026, afirma cientista político

A divulgação recente de trocas de mensagens entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pela Polícia Federal (PF) escancarou que a relação da família com o atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, está fragilizada.

Para o cientista político Paulo Niccoli Ramirez, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), ficou clara a antipatia do filho de Jair Bolsonaro por Tarcísio.

“Tarcísio fica para cima e para baixo, de um lado para o outro, sem se localizar muito bem. Mas ficou muito claro com os áudios e com os textos que o Tarcísio não é uma figura bem vista pelo Eduardo Bolsonaro. Eu acho que isso cria um atrito. Claro que o Tarcísio vai tentar minimizar essa situação, porque o que o Tarcísio está atrás, na verdade – e nesse ponto o Eduardo Bolsonaro está certo – é dos votos do seu pai, do Jair Bolsonaro”, afirmou em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.

Na visão de Ramirez, Eduardo percebe a “moderação” de Tarcísio em relação ao Estado Democrático de Direito, especialmente quando há outros políticos articulando diálogos com os Estados Unidos.

“Por isso mesmo o Eduardo Bolsonaro visa descartá-lo. Tarcísio pode não ser um pleno paladino em defesa da democracia, mas pelo menos tem uma visão mais pragmática, que quer se sustentar durante um bom tempo dentro da esfera política. Por isso, não faz os mesmos ataques, não são os mesmos latidos que Eduardo Bolsonaro acaba fazendo. Então isso cria esse distanciamento”, avalia.

Trono vazio

O distanciamento, para o cientista político, pode se estender a políticos como Romeu Zema (Novo) e Ronaldo Caiado (União Brasil), governadores de Minas Gerais e Goiás, respectivamente. Assim, o trono político do ex-presidente ficaria vazio, pela falta de candidatos aptos.

“Não há herdeiros políticos para a candidatura de Bolsonaro, a não ser os filhos. Mas hoje fica mais difícil uma candidatura deles, porque Eduardo Bolsonaro é um pária, é alguém que atua contra o Brasil, então a imagem dele fica manchada para a maioria dos eleitores. O outro filho, Carlos Bolsonaro, ele mais late do que fala, não tem muitas habilidades comunicativas. O Flávio Bolsonaro é uma figura mais tímida, sem carisma. E Jair Renan é uma piada, convenhamos”, disse.

Tarifaço

Ao comentar a última pesquisa de opinião na qual a aprovação do governo teve crescimento, Ramirez afirmou que o bolsonarismo perdeu o debate na opinião pública com o tarifaço.

“Eles estragam a própria imagem diante da opinião pública, fortalecem a imagem do Lula com a questão do tarifaço e vão se complicando cada vez mais. À medida que há um prejuízo à economia brasileira, vários setores, antes extremamente bolsonaristas, como o agronegócio e exportadores para os Estados Unidos, hoje não olham mais com positividade o que a família Bolsonaro tem feito. Então, a gente pode dizer que os bolsonaristas fazem gols contra, e isso favorece o Lula, que tem melhorado muito a sua comunicação nas redes sociais também”, pontua.

Para ouvir e assistir

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira: a primeira às 9h e a segunda às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

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