A arte nos espaços de saúde: estética que cura e acolhe

Obra de arte em consultório. Foto: Divulgação

Na busca por inovação, humanização e bem-estar, o setor da saúde tem observado o poder da arte. O que antes parecia reservado a museus e galerias agora ganha espaço em clínicas, hospitais, programas de prevenção e até nos bastidores da comunicação em saúde.

Nesta edição da coluna, conversamos com a advogada e curadora de arte, Flávia Dalla Bernardina, especialista em Propriedade Intelectual e mestre em Artes Visuais pela UFES. Ela é diretora artística da Matias Brotas arte contemporânea, curadora independente e coordena a coluna Arte+ no portal Folha Vitória, além de atuar na comissão da OAB ligada aos direitos culturais e propriedade intelectual.

A arte que ambienta — e acolhe

Em meio ao branco frio dos hospitais, uma obra de arte pode ser mais do que decoração: pode ser alívio, esperança e estímulo.

Estudos mostram que ambientes esteticamente agradáveis estão associados a menor percepção de dor, redução da ansiedade e até menor tempo de internação. A presença de arte em hospitais e consultórios é, portanto, uma escolha que une sensibilidade e ciência.

Flávia explica que pacientes sentem menor ansiedade na sala de espera e profissionais afirmam ter mais motivação no dia a dia após a presença de obras de arte no espaço. “Não é só um mero “embelezamento” — é uma mudança na percepção e no estado emocional, o que pode impactar nos indicadores de recuperação e adesão ao tratamento”, comenta a curadora de arte.

Arte e saúde mental: da ambientação à terapia

Se por um lado a arte ambienta, por outro ela também cura. A chamada arteterapia já é reconhecida como prática integrativa no SUS e usada em diversos contextos: de grupos de apoio psicológico à reabilitação física e neurológica.

Pintura, música, dança, escrita — são linguagens que permitem expressão emocional, processamento de traumas e fortalecimento do vínculo com o próprio corpo.

“Em um mundo em que saúde mental e bem-estar se tornaram prioridade, a arte pode oferecer momentos de pausas significativas, gerar empatia e transformar ambientes frios em lugares de encontro. É uma linguagem comum – no sentido de comunidade –  que aproxima, acolhe e cria experiências que vão muito além do tratamento médico”, destaca Flávia.

A arte como estratégia nos negócios da saúde

Incorporar arte não é só um gesto poético: é também uma escolha estratégica. Instituições que apostam em espaços mais humanizados, com design sensível e presença artística, colhem frutos em engajamento de pacientes e bem-estar de profissionais.

Em um tempo em que falamos tanto de tecnologia, produtividade e inovação, talvez seja a arte quem nos lembre o essencial: o cuidado começa no olhar, no sentir, no estar presente.

Levar arte para os espaços da saúde é mais do que embelezar: é criar ambientes que acolhem, fortalecem e promovem saúde mental e emocional. Como lembra Flávia: “O encontro entre arte e saúde mostra que o cuidado, quando atravessado pela arte, ganha novas camadas de sentido e acolhimento. E isso faz toda a diferença”.

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