Em um mundo em que tantas espécies vivem à beira da extinção, uma pequena criatura voadora gera preocupação: as abelhas. 

Em 2019, o Earthwatch Institute, durante um encontro da Royal Geographical Society of London, declarou que as abelhas são os seres vivos mais importantes do planeta. 

Seria esse um exagero? Ou finalmente estamos reconhecendo o valor de uma das maiores engenheiras da vida na Terra?

Como fotógrafo de natureza, já percorri muitos lugares do mundo e encontrei diversas espécies incríveis, de todos os tamanhos e cores, vivendo na terra e no mar.

Mas poucas vezes vi uma história tão fascinante, persistente e essencial quanto a das abelhas — principalmente as nativas brasileiras, como as jataís, uruçus, as solitárias.

Trabalho silencioso que sustenta a vida

Segundo a matéria publicada na The Science Times em julho de 2019, cerca de 70% da agricultura mundial depende da polinização feita pelas abelhas. 

Sem elas, muitas das plantas que sustentam ecossistemas — e o nosso prato — simplesmente deixariam de se reproduzir. A vida entraria em colapso, desde os frutos das florestas até o alimento das cidades.

As abelhas sendo extintas, o equilíbrio dos ecossistemas que tanto dependemos, pode entrar em colapso. Em tempo de crise climática em curso, nos vemos em um dilema como sociedade. Mudar nossa relação com a natureza, ou corrermos o risco de desaparecermos como sociedade.

As abelhas brasileiras

Aqui no Espírito Santo, na Mata Atlântica, me acostumei a registrar as abelhas nativas em ação. As pequenas jataís construindo ninhos nas frestas das árvores. As uruçus amarelas dançando em torno das flores da restinga. Ou as solitárias verdes metálicas reluzindo nas folhas úmidas da floresta, como pequenas joias vivas.

Muitas dessas abelhas são sem ferrão, vivem em sociedade, produzem mel e polinizam plantas endêmicas da nossa vegetação. E o melhor: estão ao nosso redor, mesmo que a maioria das pessoas sequer perceba sua presença.

Uma colmeia no escapamento do carro

Um dos momentos mais marcantes que vivi com abelhas aconteceu de forma inusitada. Estávamos com o carro do Instituto Últimos Refúgios parado há alguns dias, quando descobrimos que uma colmeia havia se formado dentro do escapamento. 

Em vez de simplesmente ligar o motor — o que resultaria na morte das abelhas — tomamos uma decisão mais ética: retiramos todo o escapamento com cuidado e instalamos um novo. As abelhas foram salvas, e seguiram sua missão de polinizar e sustentar a vida.

Foi um gesto simples, apesar de trabalhoso, mas que representa muito. Essa história pode ser vista nos reels que tenho publicado no Instagram.

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Ameaças crescentes

Infelizmente, muitas espécies de abelhas já desapareceram em algumas regiões do planeta nos últimos anos. 

O uso indiscriminado de agrotóxicos, a destruição de florestas e até a urbanização acelerada têm empurrado esses seres para o abismo. 

E, junto com elas, toda a complexa teia da qual dependemos para viver. Manter abelhas vivas não é apenas proteger insetos bonitinhos.

Se não forem as mais importantes, certamente estão entre elas

Talvez a declaração de que as abelhas são os seres mais importantes do planeta soe exagerada para alguns, pois organismos como os plânctons, também cumprem um papel importante. 

Mas talvez essa questão não seja uma competição. Mais importante do que ranqueá-los, é proteger todos os sistemas interdependentes que nos mantêm vivos.

Um convite à reflexão

Respeitar a natureza é essencial. Precisamos valorizar os pequenos seres que trabalham em silêncio, realizando importantes serviços ecossistêmicos, sem exigir nada em troca — exceto que os deixemos existir.

Se você também já se encantou com o voo de uma abelha ou se surpreendeu ao ver uma colmeia construída em algum canto inusitado, saiba que esse é um privilégio. Ao menos para mim, sempre é!

Minha missão com a fotografia de natureza é sensibilizar por meio da beleza, provocar empatia com minhas histórias, e inspirar ações reais de pessoas empáticas.

Te convido a conhecer meu trabalho, compartilhar essa mensagem e seguir acompanhando minhas aventuras e registros no Instagram @leonardomercon e @ultimosrefugios. Vamos juntos cuidar da biodiversidade, antes que não tenhamos mais essa opção.