Tecnologia sozinha não basta: por que o atendimento ainda depende do fator humano

Nos últimos anos, a transformação digital mudou de forma radical a forma como empresas interagem com seus clientes. Chatbots com inteligência artificial, plataformas de atendimento multicanal e sistemas de análise de dados em tempo real passaram a ser vistos como soluções capazes de resolver, de uma vez por todas, os gargalos do relacionamento com o consumidor.

Mas a experiência mostra que a equação não é tão simples. Investir em tecnologia é necessário, mas insuficiente quando não existe uma estratégia que valorize pessoas, processos e cultura organizacional.

Em vez de usarmos a tecnologia como aliada para facilitar nossa jornada, corremos o risco de nos tornar subordinados a ela, como se estivéssemos “carregando” o peso da própria criação.

Interpretar sentimentos e oferecer acolhimento são competências que nenhuma plataforma, por mais sofisticada, consegue replicar integralmente.

A promessa da automação

Ferramentas inteligentes foram incorporadas às centrais de atendimento com a promessa de reduzir custos, acelerar respostas e elevar índices de satisfação. Os números impressionam: no Brasil, mais de 85% das empresas já investem em soluções de IA, e quase 90% experimentam ou utilizam automação em seus canais de contato.

Os ganhos são reais. Em alguns casos, empresas relatam quedas de 75% no volume de reclamações, aumento de 25% na resolução no primeiro contato e avanços de até 20% no índice de satisfação (CSAT). Ainda assim, nem todos os problemas se resolvem com dados e algoritmos.

O cliente moderno não quer apenas ser atendido, ele deseja ser ouvido, compreendido e valorizado.

Onde a tecnologia encontra limites

O maior desafio não está nas máquinas, mas na forma como as organizações estruturam seus processos internos. Falta integração entre áreas, as métricas muitas vezes estão desalinhadas com as necessidades reais do cliente e a cultura empresarial, em muitos casos, ainda privilegia a eficiência operacional em detrimento da empatia.

Esse descompasso cria uma lacuna: a expectativa do consumidor é de atendimento rápido e eficaz, mas apenas um terço dos clientes afirma sentir-se realmente compreendido. A pressa, sozinha, não gera conexão.


O papel insubstituível da empatia

Tecnologia é capaz de organizar fluxos, processar grandes volumes de informações e oferecer disponibilidade 24 horas por dia. O que ela não entrega, no entanto, é a sensibilidade humana. Entender nuances, interpretar sentimentos e oferecer acolhimento são competências que nenhuma plataforma, por mais sofisticada, consegue replicar integralmente.

Para que a inovação realmente gere valor, ela precisa caminhar lado a lado com equipes preparadas, capazes de transformar dados em decisões assertivas e conversas em experiências memoráveis.

Satisfação e percepção do atendimento automatizado

Preferência por chatbots em questões simples
Segundo a Chatbot Magazine, 69% dos consumidores preferem usar chatbots quando precisam de respostas rápidas para perguntas simples, evidenciando que a agilidade ainda é um ponto forte desse tipo de atendimento.

Autonomia e preferência por automação
A pesquisa da AWS, realizada em parceria com a ESG, revelou que 74% dos entrevistados preferem evitar o contato com um agente humano, principalmente por valorizarem a rapidez e praticidade, enquanto 87% esperam uma resposta imediata nas interações.

Maior confiança e satisfação com atendentes humanos
De acordo com um levantamento do SurveyMonkey:

  • 90% dos consumidores preferem atendimento humano em vez de chatbots;
  • O Net Promoter Score (NPS) métrica de satisfação é 72 pontos mais alto para agentes humanos comparado aos chatbots;
  • 61% afirmam que humanos entendem melhor suas necessidades; 53% apontam que dão explicações mais completas; 52% consideram os humanos menos frustrantes; e 50% dizem que oferecem mais opções de solução.

Sentimento de desconexão contínua
Outro estudo apontou que 75% dos consumidores preferem agentes humanos, e quase metade (cerca de 50%) não confia nas informações fornecidas por chatbots, ressaltando que confiança ainda é um desafio para a automação.

Expectativa e fidelidade ao atendimento com IA
O relatório “Voz do Consumidor” da ServiceNow indica que 87% dos consumidores no Brasil e no México atribuem importância a um bom serviço via chatbot, e que mais de um terço espera que o atendimento seja totalmente automatizado até 2025.

Reconhecimento e ambivalência dos consumidores brasileiros
Pesquisa da Hibou revela que 92% dos brasileiros conseguem identificar quando estão sendo atendidos por IA, e 76% preferem ser informados desta situação. Ainda assim, 39% manifestam preferência por atendimento humano, enquanto outros aceitam a automação se ela trouxer eficiência.


Rapidez e disponibilidade

  • 69% preferem chatbots para perguntas simples
  • 87% esperam respostas imediatas

Autonomia

  • 74% evitam contato humano quando possível

Confiança e empatia

  • 90% preferem atendimento humano
  • NPS é 72 pontos maior para humanos

Desconfiança em chatbots

  • Quase 50% não confiam nas informações fornecidas por robôs

Expectativas futuras

  • 87% valorizam bom atendimento via IA
  • 1/3 espera automação total até 2030

Cenário brasileiro

  • 92% reconhecem quando estão sendo atendidos por IA
  • 76% querem ser informados
  • 39% ainda preferem humanos

Caminho para o futuro

A combinação entre tecnologia e empatia é o que cria um atendimento de excelência. As máquinas garantem velocidade e escala; as pessoas oferecem inteligência emocional e flexibilidade. Quando esses elementos se complementam, o resultado é um relacionamento mais humano, transparente e sustentável.

O cliente moderno não quer apenas ser atendido, ele deseja ser ouvido, compreendido e valorizado. Esse é o verdadeiro diferencial competitivo em um mundo cada vez mais digital.

Não queremos ser dominados pela inteligência artificial, mas sim colocá-la a serviço de nossos processos, melhorando a vida das pessoas e ampliando o alcance daquilo que só o humano consegue entregar.


A tecnologia pode ser uma valiosa aliada para todos nós, desde que seja utilizada de maneira equilibrada e segura, garantindo que todos nós tenhamos acesso seguro e informações confiáveis.

Compartilhe com a gente as suas experiências, ou se precisar esclarecer alguma dúvida entre em contato, será uma satisfação para nós poder te ajudar de alguma forma. Fique sempre ligado no Folha Digital.

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