CPT celebra 50 anos com homenagem na Câmara e denuncia impunidade em casos de violência no campo

Nesta terça-feira (26), a Comissão Pastoral da Terra (CPT) foi homenageada em sessão solene na Câmara dos Deputados pelos 50 anos de atuação. A iniciativa partiu do deputado federal Nilto Tatto (PT-SP). Estavam presentes na solenidade o Serviço Social do Trabalho (SST), o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e a representação das pastorais sociais.

“Para nós foi um momento de surpresa até ter recebido esse convite”, revela Maria Petronila Neto, da Coordenação Nacional da CPT, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.

Criada em 1975, ainda durante a ditadura militar, a CPT é referência na denúncia de conflitos agrários e ataques a povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais. Para Neto, os desafios permanecem os mesmos. “Os desafios nacionais se arrastam há décadas: a concentração fundiária e a falta de efetivação da política da reforma agrária. A violência no campo vem sendo um grande gargalo”, cita.

Durante o 5º congresso da entidade, realizado em julho em São Luís (MA), a CPT lançou o Atlas de Conflitos, que reúne quase 40 anos de registros de violência. “Mostra essas décadas totalmente crescentes de conflitos, em que o grande gargalo é a falta de efetivação da reforma agrária, mas também o avanço na demarcação e regularização dos povos indígenas e das comunidades tradicionais”, afirma Neto.

A dirigente denuncia ainda a impunidade como um dos fatores que alimentam a violência, sobretudo na Amazônia. “Nós temos um alto índice de assassinatos que não são investigados, em que os causadores da violência não são punidos. Mais de 90% dos casos de assassinato não são investigados e não são levados a júri”, aponta.

Ela destaca que a pressão do agronegócio sobre o governo e projetos que formam a chamada “lei da grilagem” agravam os conflitos. “Acreditamos mais na força da organização dos povos, na organização da sociedade civil, do que mesmo numa boa vontade do governo. Não dá para esperarmos só pela boa vontade do poder público”, lamenta.

Para ouvir e assistir

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira: a primeira às 9h e a segunda às 17h, na Rádio Brasil de Fato98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

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