Observadora registra possível híbrido de soldadinho e uirapuru-laranja em Corumbá, MS


Possível híbrido foi registrado em Corumbá (MS)
Flávia Mantero da Silva
Às vezes, a busca por uma espécie rara pode render surpresas ainda maiores. Foi exatamente o que aconteceu com a bióloga Flávia Mantero da Silva em Corumbá (MS).
Enquanto tentava fotografar um casal de uirapurus-laranja (Pipra fasciicauda), ela acabou diante de um pássaro que parecia não se encaixar em nenhum padrão conhecido. O indivíduo apresentava características distintas, levantando a hipótese de ser resultado do cruzamento entre soldadinho (Antilophia galeata) e uirapuru-laranja.
“Nosso guia percebeu que o olho do indivíduo era diferente do macho que havia visto anteriormente. Após alguns dias, ele disse que seria um possível híbrido de soldadinho e uirapuru-laranja. Fiquei super empolgada, pois até então nunca tinha visto um indivíduo híbrido. Foi uma surpresa! Registrá-lo foi difícil porque ele era bem rápido”, lembra.
O biólogo Fernando Igor de Godoy, consultado pelo Terra da Gente, explica que tanto o soldadinho quanto o uirapuru-laranja vivem em matas de galeria, no sub-bosque das florestas. O soldadinho é endêmico do Cerrado, enquanto o uirapuru-laranja ocorre em grande parte desse bioma.
Sobre híbridos, o especialista destaca que eles costumam apresentar plumagem intermediária entre os progenitores e, em alguns casos, também diferenças no comportamento e vocalização.
Ainda assim, a ciência não traz relatos de híbridos entre essas duas espécies. “O livro Handbook of Avian Hybrids of the World (2006), de Eugene M. McCarthy, não menciona cruzamentos entre soldadinho e uirapuru-laranja. Há apenas registros envolvendo soldadinho com tangará e uirapuru-laranja com rabo-de-arame”, explica Godoy.
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“No registro de Corumbá, a plumagem lembra mais o uirapuru-laranja, mas há divergências que podem indicar cruzamento com o soldadinho”, afirma. Apesar dos indícios, até o momento não foram realizadas análises genéticas da espécie para confirmar o hibridismo.
Esse e outros registros da ave reforçam a relevância da ciência cidadã para a compreensão da biodiversidade do Maciço do Urucum, área onde também ocorre o monitoramento da harpia (Harpia harpyja), maior ave de rapina das Américas.
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