No painel “Empresas Autônomas: o futuro da gestão com IA e automação”, realizado nesta quinta-feira, 28, durante o TI Inside Innovation Forum, Alberto Delgado, CIO da Volkswagen Financial Services Brasil, destacou que a automação já faz parte do setor automotivo há muito tempo, mas que o momento atual exige uma mudança de mentalidade. “A automação já é uma realidade nas fábricas e em toda a gestão automobilística, mas hoje temos a oportunidade de aproveitar esse momento de forma mais otimista, para colocar a empresa na linha da automação”, afirmou.
Cultura e governança
Para Delgado, automação não é um assunto de tecnologia, mas de todas as áreas de uma companhia; e ressaltou que a transformação digital precisa ir além da tecnologia. “Existe um aspecto cultural muito forte. Uma tarefa que eu fazia, que eu achava normal fazer, hoje pode ser automatizada e liberar tempo para outras atividades de maior valor”, disse.
Para ele, a governança é fundamental para permitir que a inovação ocorra de forma segura. “Criar guardrails dá liberdade para inovar”, pontuou. O CIO reforçou que a implementação de IAs na Volkswagen Financial Services Brasil passou pelo processo de delimitação e desenvolvimento para ser liberada aos colaboradores. “A governança traz outro benefício que é a velocidade com que você começa a ampliar esses acertos. Começamos com cases internos em que a taxa de alucinação era de 50%, e agora estamos com 5%”, exemplifica.
O executivo comparou o processo com uma caixa de areia e relembrou: “cultura come qualquer estratégia no café da manhã”, dita originalmente por Peter Drucker, pai da administração moderna. Para ele, não basta que as inovações de automatização nasçam de um alto nível hierárquico, se as ‘crianças’ – se referindo a um nível hierárquico inferior – não puderem brincar.
“Não é sobre o futuro que a gente tá falando. Se você não começou a delimitar na sua empresa sua caixa de areia para teste, faça. Crie governança e crie guardrails. Vocês vão se surpreender com a quantidade de coisas que aparecem. Deixe as crianças brincarem e se desenvolverem. A empresa inteira tem que se engajar e formar um espaço de automação”, aconselha.
Delgado ressalta que a mudança deve ser na cultura da empresa, e não em seu corpo de funcionários. “A gente busca a inovação, mas não busca a inovação a qualquer preço. Não acho que num horizonte visível de tempo a inteligência vá substituir as pessoas, mas uma mudança é necessária”.