Dos palcos aos crimes: cantor sertanejo executado levava vida dupla entre a música e o tráfico


Cantor sertanejo executado a tiros lançou duas músicas em 2019
O cantor e compositor Iuri Gomes Oliveira Ramires, conhecido como Yuri Ramirez, de 47 anos, executado com oito tiros em Campo Grande, na manhã de sábado (30), vivia uma vida dupla entre a música e o crime.
Yuri era cantor desde a adolescência. Ele foi preso diversas vezes, a maioria por tráfico de entorpecentes, chegando a ser considerado o “maior traficante de drogas e armas da Região Noroeste de Goiânia (GO)”, segundo a polícia. O tempo dele era dividido entre os palcos e os crimes.
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Também conhecido como “Cowboy”, Yuri foi preso pela quinta vez em 14 de junho de 2018, em Goiânia, por tráfico de drogas. A prisão aconteceu menos de um ano depois de ele ter deixado a cadeia.
Mesmo com as idas e vindas da prisão, Yuri mantinha a carreira musical. Em dezembro de 2019, lançou a música “Coração de Aroeira” e publicou outras apresentações no YouTube. Em 2020, ele publicou mais uma música: “Tentando mentir pra quem”.
Nas redes sociais, quatro músicas de Yuri aparecem entre as mais ouvidas dele: “Mentiras”, “Tive que fugir”, “O tempo não volta” e “Princesa e o vagabundo”. Em um site de compositores, ele tem 33 músicas registradas como autorais.
Natural de Campo Grande, Ramirez era músico e compositor. O cantor iniciou a carreira musical na adolescência, com influências do rock. Posteriormente, influenciado pelo pai, migrou para o sertanejo, compondo canções baseadas em experiências pessoais.
Em 2020, formou uma dupla sertaneja e se apresentou em estados como Mato Grosso do Sul, São Paulo e Mato Grosso. Depois, seguiu carreira solo, chegando a dividir o palco com artistas conhecidos nacionalmente, como Maria Cecília e Rodolfo.
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Ficha criminal
➡️Prisões em 2001 e 2003 – O cantor sertanejo foi preso pela primeira vez em 2001, por roubo. Dois anos depois, em 2003, voltou a ser detido por tráfico de drogas.
➡️Prisão em 2006 – Naquele ano, o cantor foi flagrado com drogas em São Gabriel do Oeste (MS) e condenado a 10 anos de prisão em regime fechado.
➡️Reincidência na prisão em 2016 – Em 2016, no Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande, Yuri foi flagrado com 30 papelotes e 17 porções de maconha, somando 3,1 kg. O flagrante ocorreu pouco antes de ele concluir a pena de 2006. Em agosto de 2017, Yuri foi absolvido pelo crime cometido dentro da prisão. Na ocasião, afirmou que estava há cerca de 12 anos em regime fechado por conta da regressão de pena.
➡️De volta à cadeia em 2018 – Menos de um ano após deixar a prisão, em 14 de junho de 2018, Yuri foi preso novamente em Goiânia, por tráfico de drogas. Segundo a polícia, ele era o “maior traficante de drogas e armas da Região Noroeste” da capital. A investigação apontou que ele havia vendido 800 kg de maconha trazida do Paraguai. No momento da prisão, usava um documento falso.
Na época da prisão em Goiânia, Yuri estava foragido por envolvimento em um esquema de tráfico de armas. Era procurado pelas polícias de Mato Grosso do Sul e monitorado em Goiás. A investigação apontou que ele negociava um fuzil AK-47. Também foram encontrados áudios em que o cantor falava sobre a venda de outras armas.
Investigações e prisão recentes
➡️Suspeita de estupro em 2024 – Mais recentemente, Yuri passou a ser investigado por suspeita de estupro de duas meninas, de 8 e 13 anos. Segundo denúncia obtida pelo g1, os abusos teriam ocorrido em setembro de 2024.
A denúncia foi feita pela mãe das meninas em julho deste ano, ao saber que o cantor poderia ser solto. Em depoimento à polícia, as crianças relataram os abusos. Com base nos testemunhos, a Justiça concedeu medidas protetivas em favor das vítimas, cerca de um mês antes da execução do cantor.
➡️Prisão em 2025 – No momento em que foi assassinado, Yuri cumpria prisão domiciliar havia menos de um mês. Ele foi preso em fevereiro deste ano, no Jardim Tarumã, com 14,8 kg de maconha. A Guarda Municipal o flagrou deixando uma caixa com a droga na varanda de uma casa.
Yuri negou ter deixado a caixa com a droga, mas teve a prisão convertida em preventiva. A defesa pediu a revogação em março, mas o pedido foi negado. Em 23 de julho, a Justiça revogou a prisão preventiva com aval do Ministério Público, já que ainda havia uma audiência marcada para 17 de setembro. Ele foi solto sob medidas cautelares. As medidas cautelares incluíam:
Proibição de sair da cidade sem autorização judicial por cinco dias;
Recolhimento domiciliar das 22h às 5h e integral nos fins de semana;
Além de monitoramento eletrônico por 90 dias.
Investigação de execução de cantor
O homicídio de Yuri está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). O delegado responsável pelo caso, Rodolfo Daltro, não quis passar detalhes, já que a investigação ocorre em sigilo.
O cantor foi encontrado em um dos quartos e atingido por diversos disparos. Ele caiu de bruços e morreu no local. A perícia encontrou 12 cápsulas de pistola na cena do crime.
Cantor assassinado respondia por vários crimes, a maioria por tráfico de drogas.
PCGO/ Redes sociais
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