Estudo avalia impactos da guerra comercial no setor de celulose brasileiro

Os impactos diretos da guerra tarifária global iniciada pelo presidente norte-americano Donald Trump devem ser limitados para as exportações brasileiras de celulose, segundo estudo da consultoria Tendências. No entanto, os efeitos indiretos são motivo de preocupação, especialmente diante da desaceleração da economia global e da instabilidade nos mercados.

“Os efeitos indiretos da guerra tarifária sobre a economia brasileira são mais importantes do que os diretos”, afirmou o economista Silvio Campos Neto, sócio da consultoria e responsável pelo estudo. Ele ressaltou que a deterioração do cenário global pode afetar a cotação de matérias-primas e aumentar os riscos financeiros, o que prejudicaria ativos brasileiros. “Os ativos brasileiros seriam perdedores nessa história”, disse.

A avaliação inicial de que o Brasil poderia se beneficiar com tarifas americanas mais favoráveis perdeu força após os Estados Unidos equalizarem a taxa mínima de 10% para todos os países, exceto a China, anulando as possíveis vantagens competitivas.

“Do ponto de vista direto, a pauta de exportações que nós temos hoje com os Estados Unidos não deve sofrer impactos significativos”, reforçou Campos Neto.

CELULOSE: IMPACTO DIRETO LIMITADO

No setor de celulose, os efeitos da guerra tarifária são considerados limitados. Os Estados Unidos são o terceiro principal destino das exportações brasileiras, respondendo por cerca de 15% das vendas externas. Esse percentual relativamente baixo se explica pela forte presença de indústrias integradas no país, que produzem sua própria celulose.

 

Além disso, a celulose brasileira é majoritariamente de fibra curta, enquanto a produção americana se concentra em fibra longa, o que reduz a sobreposição e favorece a competitividade do produto nacional. Nesse contexto, o estudo aponta que o impacto direto das tarifas sobre a celulose deve ser pequeno, mas alerta para a influência negativa de um ambiente global mais volátil.

EFEITOS SOBRE OUTROS SEGMENTOS

O levantamento também examinou os impactos em outros setores, como o agropecuário, automotivo, de bens de capital e químico.

Ao avaliar o cenário, Campos Neto reforçou que há grande incerteza no ar. “Tudo depende muito do humor do Trump e da sua equipe, como eles vão continuar ou não nessa cruzada, e principalmente, daqui para frente ver o que vai surgir dessas potenciais negociações entre Estados Unidos e China, que ainda nem começaram”. Ele concluiu: “O mundo está globalizado e um país depende de outro em várias frentes”.

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