
A Micareta de Feira de Santana é muito mais do que sons vibrantes de trios elétricos é também um território sagrado da memória coletiva, onde cada passo na avenida ecoa o nome de quem construiu a história do maior carnaval fora de época do Brasil.
Os circuitos e palcos da festa, mais do que simples rotas, são verdadeiros monumentos vivos que homenageiam personalidades marcantes da cultura feirense, nomes que deixaram seu legado impresso nas cores, sons e tradições da cidade.
Circuito Maneca Ferreira

Quem passeia pela Presidente Dutra durante a Micareta talvez nem imagine que está desfilando sobre um chão de história. O principal circuito da festa leva o nome de Maneca Ferreira, um dos fundadores da Micareta.
Em 1937, em meio às fortes chuvas que inviabilizaram o carnaval tradicional, Maneca liderou um grupo de jovens carnavalescos que decidiu trazer a festa para o mês de abril. A ideia segundo o jornalista e produtor, Guirlânio Guirra, vingou, e a Micareta nasceu. Seu nome, eternizado no coração da folia, celebra aquele que deu o pontapé inicial à tradição que move a cidade até hoje.

“Se um dia vier mudar o local, o nome continua. Está eternizado já o Maneca Ferreira”, resumiu.
Circuito Charles Albert

Na praça da Kalilândia, outro nome brilha no circuito com o mesmo peso simbólico: Charles Albert. Batizado em 2002, o palco carrega o nome de um artista multifacetado e visionário. Charles Albert foi responsável por trazer o glamour dos carnavais do Rio de Janeiro para a Micareta de Feira, inovando com carros alegóricos e desfiles dignos de escola de samba. Segundo o jornalista Guirlânio entre as décadas de 70 e 80, ele transformou a festa em um espetáculo nacional.
“Ele ajudou a elevar a cidade para outros horizontes, porque não vinham só caravanas do Rio de Janeiro, mas pessoas de todo o Brasil”, destacou.

Argentino de origem, com uma banda mexicana e coração feirense, Charles foi além do seu tempo e ajudou a colocar a Micareta no mapa cultural do país.
Palco Jota Morbeck

Outro nome que pulsa no ritmo da festa no palco do Reggae Vibes, na rua Felinto Marques, é o de Jota Morbeck homenageado por sua contribuição à música em Feira de Santana.
Nascido em Rui Barbosa, foi em Feira que encontrou seu lugar no mundo e despontou como um dos grandes nomes do trio elétrico baiano. Primeiro vocalista da Banda Eva, Jucelino Morbeck é considerado por muitos como um dos precursores da nova música baiana, influenciando nomes como Luiz Caldas e abrindo caminho para o que viria a ser o Axé Music. “Foi um dos maiores cantores de trio de todos os tempos, e morreu cedo demais, aos 38 anos”, lamentou Guirra.
Sala da Imprensa
A Micareta também abre espaço para homenagens a profissionais da comunicação que contribuíram e contribuem para divulgar e fortalecer a cultura local. Este ano, segundo Guirra, a sala de imprensa homenageia dois grandes nomes de jornalistas e ex-secretários de Comunicação de Feira de Santana Anchieta Nery (já falecido) e Valdomiro Silva, reconhecidos pelo comprometimento com a cultura local e pela dedicação ao jornalismo feirense. “Sempre cabe mais uma homenagem. E eu gosto mesmo é da homenagem em vida, para que o homenageado sinta esse reconhecimento ainda em carne e osso”, reforçou o jornalista.
Cabe lembrarmos que na Micareta de 2024 os decanos do rádio Dilton Coutinho, Valter Vieira, Silvério Silva, Tanúrio Brito, Itajay Pedra Branca e Dilson Barbosa foram homenageados pela Sala de Imprensa.
Outras Homenagens da Micareta
A Micareta de Feira de Santana que acontecerá entre os dias 01 a 04 de maio contará com um tributo especial ao grande cantor e compositor Carlos Pitta e homenageará o artista plástico Juraci Dórea, em comemoração aos seus 80 anos.

Juraci Dórea é um artista visual, arquiteto e poeta brasileiro, de Feira de Santana, Bahia, conhecido por suas obras que refletem a cultura sertaneja e a vida no interior do estado. Ele é reconhecido por seu trabalho em esculturas, murais e outras formas de arte visual, que frequentemente incorporam elementos da natureza e da cultura popular. Suas obras refletem a cultura sertaneja, a vida no interior do estado, utiliza elementos da natureza e da cultura popular, e incorpora a vida do sertão.

Carlos Pitta, nascido em Feira de Santana, foi um cantor com mais de quatro décadas de carreira, uma referência na Música Popular Brasileira (MPB) e um dos primeiros a identificar o talento de Ivete Sangalo em Salvador, quando ela ainda tinha 17 anos.
Ele tem mais de quinze discos lançados e destaque em ritmos regionais, como forró e xote. Um dos hits mais conhecidos do artista é “Cometa Mambembe”. Pitta nos deixou no dia 07 de janeiro de 2025.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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