Câmara de SP aprova reajuste de metade da inflação para servidores; proposta é de Ricardo Nunes

Com 34 votos favoráveis e 17 contrários, a Câmara dos Vereadores de São Paulo aprovou, na noite desta terça-feira, o projeto de lei (PL) 416/2025, enviado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) à Câmara Municipal, que dispõe sobre reajustes salariais dos servidores municipais. A proposta aprovada prevê correção de 2,6% a ser aplicado a partir de maio deste ano e um segundo reajuste de 2,55% a partir de maio de 2026. A taxa está abaixo da inflação acumulada desde a última correção.

De acordo com Maciel Nascimento, secretário de políticas para educação do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep), a greve continua. “A gente segue em greve. Amanhã [quarta-feira (30)] tem um ato em frente ao gabinete do prefeito às 10h. A gente não teve nenhum protocolo de negociação assinado, não houve negociação”, disse.

Contrário à proposta, o vereador Celso Giannazi (Psol) ressaltou que a arrecadação da atual gestão permite a negociação de um reajuste maior do que a oferta da proposta.

“Vamos chegar no final do ano com quase R$ 10 bilhões a mais do que já foi aprovado aqui na Câmara Municipal. E o que os servidores estão pedindo é que 0,5% desse excesso de arrecadação vá para a valorização dos servidores públicos”, disse.

Após a votação, os parlamentares deram início ao debate de seis emendas à proposta. Os vereadores contrários à proposta votaram contra o agrupamento das emendas em bloco e pediram o debate de cada uma delas, isoladamente.

“Nos apresentamos emendas e substitutivas para melhorar esse projeto”, informou a vereadora Luna Zarattini (PT), que se posicionou contra a proposta de Nunes. “Esse ajuste dessa forma nós não vamos aceitar”, ressaltou.

A emenda aprovada propõe o pagamento dos vales refeição e alimentação em parcela única. “Mas ainda assim é irrisório, porque não cobre um prato de comida no centro de São Paulo, na cidade de São Paulo. Então, nós estamos realmente com uma dificuldade grande”, lamentou Nasciento.

A sessão foi marcada por tumulto e suspensões temporárias dos debates por diversas vezes. Vereadores favoráveis ao reajuste provocaram, com falas ofensivas, servidores e representantes de sindicatos que acompanhavam a sessão. Lucas Pavanato (PL) levantou um cartaz com os dizeres “greve é vagabundagem”. Os professores e servidores municipais estão em greve desde 15 de abril.

“Falar que greve é vagabundagem é não conhecer o mínimo, é não conhecer e desrespeitar a realidade que nós vivemos no serviço público”, disse Giannazi.

Logo no início, a sessão foi suspensa por dez minutos, após uma fala racista da vereadora Cris Monteiro (Novo). “Uma mulher branca, bonita e rica incomoda muito vocês”, provocou Monteiro, em discurso direcionado aos servidores. A vereadora Luana Alves informou que encaminhará denúncia contra a parlamentar do Novo à Corregedoria da Câmara.

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