Tecnologia chinesa: trens a hidrogênio verde podem reduzir impacto ambiental no transporte

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No contexto da crise climática, a expansão das ferrovias surge como uma oportunidade para o desenvolvimento da infraestrutura no Brasil. O transporte sobre trilhos é mais eficiente para pessoas e cargas e tem um impacto ambiental significativamente menor do que o transporte rodoviário, principal modo do país.

Esse foi um dos temas em destaque durante a NT Expo, maior feira ferroviária da América do Sul. O evento de três dias reuniu 500 expositores globais que apresentaram equipamentos, serviços e tecnologias para o setor, sob o tema “Ferrovias Conectadas: O Caminho para um Futuro Mais Verde, Inteligente e Competitivo”.

Entre eles estava a CRRC, maior fabricante mundial de trens, locomotivas e equipamentos ferroviários, que destacou seu compromisso com questões ambientais e investimentos em pesquisa e desenvolvimento.

A CRRC integra o consórcio vencedor do projeto do Trem Intercidades (TIC) entre São Paulo e Campinas, previsto para operar em 2031. Com velocidade máxima de 140 km/h – considerada média internacionalmente, mas a mais rápida do Brasil para passageiros –, os trens serão um marco.

A CRRC Changchun já forneceu mais de 600 vagões para as linhas 1, 2 e 4 do Metrô do Rio e para trens urbanos, incorporando tecnologias como bogies de bitola larga, sistemas de sinalização dupla e ar-condicionado adaptado ao clima tropical, além de elementos culturais sul-americanos.

A empresa também fornecerá 24 trens (96 vagões) automáticos para o Metrô de Belo Horizonte, operando a 80 km/h nas linhas 1 e futura 2.
Na NT Expo, a CRRC exibiu modelos incluindo trens de alta velocidade (até 350 km/h).

Soluções tecnológicas para os desafios brasileiros

Segundo a ANTF (2022), o Brasil possui 30.354 km de ferrovias, com cerca de 3.100 locomotivas e 43.816 vagões – a maioria movida a diesel/GNL, e poucas a biodiesel, menos poluente.

Em março de 2024, a CRRC lançou na China o primeiro trem regional a hidrogênio, com autonomia de 1.000 km a 160 km/h. “Cada composição de 4 vagões armazena 400 kg de hidrogênio, com baterias de 1.200 kW e sistema de armazenamento de 3.200 kW”, explicou Jin Jianzhuang, representante da CRRC, ao Brasil de Fato. “O principal: cada trem reduz 2.750 toneladas de CO²/ano.”

A tecnologia mostra como o Brasil pode modernizar infraestrutura cortando emissões ao substituir rodovias por trilhos.

Dados do Seeg (2023) apontam que o transporte rodoviário emitiu 206 mil toneladas de gases estufa no Brasil – terceira maior fonte, atrás apenas de desmatamento e pecuária. Em São Paulo, lidera as emissões urbanas. Em 2021, o transporte respondeu por 5% das emissões nacionais, sendo 94% do frete proveniente de caminhões (contra apenas 3% das ferrovias).

Eficiência energética

Estudo da Revista Interdisciplinar de Pesquisa em Engenharia (2020) indica que ferrovias reduzem em até 37% as emissões de CO² comparado ao modal rodoviário.

Mas há espaço para melhorias: as três locomotivas a diesel analisadas no estudo ainda são altamente poluentes – realidade da maioria da frota brasileira.

Alternativas incluem locomotivas a biodiesel e, agora, trens a hidrogênio verde, como os da CRRC.

“Com IA, big data e telecomunicações, o setor avança para maior inteligência, segurança, conforto e baixo carbono”, complementou Jin. “Comparados aos trens elétricos, os de hidrogênio têm vantagens como energia limpa, construção rápida, manutenção barata e menos infraestrutura fixa.”

Parcerias e divulgação científica

A CRRC destacou na feira seu projeto Science-Connect, que promove inovações chinesas. “O objetivo é formar especialistas em divulgação científica, ativar bases de difusão e produzir materiais de qualidade”, explicou Wang Huaifeng, representante da empresa.

Executivos da CRRC, incluindo o diretor Wang An’yi, participaram do evento, que anunciou Saulo Feitosa, engenheiro da Universidade de Brasília (UnB), como primeiro “Embaixador Science-Connect” não chinês.

“É uma honra ser ‘Embaixador StarSpeed’. O transporte ferroviário não é só minha profissão, mas minha paixão. Cada projeto e diálogo me faz crer que essa é a rota para conectar o Brasil com eficiência, inteligência e tecnologia. Me comprometo a ser a ponte entre as ferrovias chinesas e as necessidades das cidades brasileiras”, declarou Saulo.

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