Míriam Leitão é eleita para a Academia Brasileira de Letras

A jornalista Miriam Leitão foi eleita para a Academia Brasileira de Letras. Foto: Daniel Delmiro/AgNews

A jornalista e escritora Míriam Leitão foi eleita nesta quarta-feira (30) para a Cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras (ABL), na vaga deixada pelo cineasta Cacá Diegues, morto em fevereiro deste ano. Ela foi escolhida por 20 dos 34 votos dos acadêmicos.

O economista e ex-ministro da Educação Cristovam Buarque recebeu 14 votos. Míriam foi a 12ª mulher eleita, a quinta em seu quadro atual de acadêmicos.

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O presidente da ABL, jornalista Merval Pereira, disse que Míriam Leitão tem todas as qualificações para estar na ABL, é muito ativa nas suas ações e tem um espectro muito amplo de interesse.

“É feminina e feminista. Estamos precisando aumentar nossa representação feminina e Miriam vem em boa hora. Estamos ampliando nossa atuação em vários campos e ela vai ser muito útil”.

A acadêmica Rosiska Darcy disse que é uma alegria receber a nova imortal da ABL. “É um merecimento dela, jornalista de todas as mídias, mulher conhecida de todo o Brasil. Esta eleição é sobretudo de uma mulher democrata, num pleito democrático. Então só temos que festejar. Eram dois ótimos candidatos. Isto faz com que eu esteja satisfeita, porque ela vem aumentar a presença de mulheres na Academia.”

O acadêmico Ruy Castro também celebrou a eleição de Míriam Leitão: “Esta é uma Academia de Letras e Míriam Leitão é uma profissional da palavra e na sua condição de colunista de jornal importante, ela é uma militante da palavra em ação, que é uma coisa que precisamos muito na Academia”.

Biografia

Nascida em Caratinga (MG). em 7 de abril de 1953, Míriam Azevedo de Almeida Leitão é a sexta de 12 filhos do casal Uriel e Mariana.

Começou a vida profissional no Espírito Santo, onde viveu durante os anos de chumbo da Ditadura Militar. Em 1972, quando ia à praia ao lado do marido, Marcelo Piranga, ambos foram capturados por militares.

O casal foi levado ao  Forte de Piratininga, em Vila Velha. No local, os dois foram separados e Míriam foi levada para uma sala escura, onde hoje funciona o anfiteatro do forte. Marcelo ficou preso por 13 meses.

De acordo com a jornalista, então com 19 anos, conta ter sido obrigada a tirar a roupa e ameaçada de estupro coletivo enquanto era interrogada.

Depois de três meses, ela deixou o 38º Batalhão. Emagrecera 11 quilos. Estava “deprimida, mal alimentada, tensa, assustada, anêmica, com carência aguda de vitamina D por falta de sol”. Precisava se recuperar rapidamente para proteger o bebê, que poderia ter sequelas. Vladimir nasceu saudável, em agosto.

No sétimo mês de gestação, Míriam prestou depoimento na 2ª Auditoria da Aeronáutica, no Sumário de Culpa, no jargão militar, “o único momento em que o réu fala”. Diante dos juízes militares, ela relatou as torturas sofridas nos três meses de prisão, mesmo depois de ter recebido recomendações de amigos para não falar nada, pois poderia voltar a ser presa.

Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro

Depois do Espírito Santo, Míriam morou em Brasília, São Paulo, até se mudar definitivamente para o Rio de Janeiro, em 1986.

É escritora com 16 livros publicados de diversos gêneros literários: não ficção, crônica, romance e livros infantis. É jornalista de jornal impresso, rádio, TV e mídia digital. Em 53 anos de vida profissional, trabalhou em vários veículos de imprensa, entre eles Gazeta Mercantil e Jornal do Brasil.

Desde 1991 está no grupo Globo, é colunista do jornal O Globo, comentarista do Bom Dia BrasilGlobonewsCBN e âncora do programa de entrevistas Míriam Leitão Globonews.

Em dezembro de 1972, aos 19 anos, grávida, foi presa por se opor à ditadura militar.

É casada com o escritor e cientista político Sérgio Abranches. Tem dois filhos, Vladimir Netto e Matheus Leitão, e o enteado Rodrigo Abranches. Tem quatro netos Mariana, Daniel, Manuela e Isabel.

*Com informações da Agência Brasil e do Estadão

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