Trabalhadores dos EUA, Europa e Ásia usam 1º de Maio para marchar contra Trump e genocídio em Gaza

Trabalhadores de várias regiões dos Estados Unidos e de países da Europa e da Ásia saíram às ruas nesta quinta-feira (1º) para celebrar o Dia Internacional dos Trabalhadores e protestar contra o autoritarismo de Donald Trump e o genocídio cometido por Israel na Faixa de Gaza.

Em diversas cidades norte-americanas, os estadunidenses protestaram contra as políticas migratórias e trabalhistas de Trump, além de rechaçar o tarifaço implementado pelo presidente contra diversos países, por afetar o bem-estar dos trabalhadores.

Foram cerca de mil protestos organizados pela plataforma “50501” (abreviação para 50 protestos, 50 estados, 1 movimento) junto com sindicatos e outras organizações populares. As marchas ocorrem após os primeiros 100 dias de Trump no cargo, período no qual passa por uma queda significativa nos índices de aprovação.

Em Washington, manifestantes marcharam perto da Casa Branca e chamaram as medidas de Trump de “uma guerra contra os trabalhadores”, criticando as demissões de milhares de funcionários federais com base em critérios de “eficiência” recomendados a Trump pelo bilionário e dono da Tesla, Elon Musk.

Na Filadélfia, a Federação Americana do Trabalho e o Congresso de Organizações Industriais, conhecida como AFL-CIO, liderou a manifestação “Trabalhadores Acima dos Bilionários”. Reunidas em frente ao Tribunal Federal, milhares de pessoas exigiram que a imigração não fosse criminalizada e que as deportações em massa de migrantes e sua caça pelo Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) fossem encerradas.

Os manifestantes também rejeitaram o autoritarismo do governo Trump e seus ataques aos direitos básicos protegidos pela constituição. Eles exigiram respeito ao devido processo legal.

O presidente dos EUA foi descrito como uma ameaça à democracia e uma expressão do fascismo em Nova York. Denver, Chicago, Seattle e outras grandes cidades também registraram atos.

Los Angeles, na California, também registrou protestos (Patrick T. Fallon / AFP)

Europa contra o genocídio

Na Espanha, os maiores sindicatos do país, as Comissões de Trabalhadores (CCOO) e a União Geral dos Trabalhadores (UGT), exigiram a redução da jornada de trabalho para 37 horas semanais, o fim do genocídio em Gaza e o fim das compras de armas de Israel pelo governo espanhol.

Em Barcelona, ​​milhares de manifestantes se reuniram na Praça Urquinaona e denunciaram o impacto dos gastos militares nos orçamentos da saúde e da educação. Os sindicatos ainda alertaram sobre o desmantelamento do estado de bem-estar social e o perigo da perda de direitos trabalhistas históricos.

Uma das principais reivindicações no país é a redução da jornada de trabalho para 37 horas. A medida deveria ter sido aprovada nesta quarta-feira (30) pelo Conselho de Ministros, mas foi adiada para a próxima semana por conta do apagão geral que afetou grande parte do país.

Os manifestantes também denunciaram o alto custo das moradias nas principais capitais, o que obrigou muitas famílias a se mudarem para longe de seus empregos.

Em Berlim, na Alemanha, manifestantes rechaçaram ações da extrema direita (ODD ANDERSEN / AFP)

Na França, as manifestações foram convocadas por sindicatos como a Confederação Geral do Trabalho (CGT) e a Confederação Democrática Francesa do Trabalho (CFDT), e exigiram aumentos salariais, proteção aos aposentados. Além das demandas trabalhistas, os manifestantes protestaram contra as forças de extrema direita que vêm crescendo eleitoralmente no país.

Na capital Paris, a marcha principal partiu às 14h (horário local) da Place d’Italie e da Place de la Nation. Com slogans como “Pela paz, nossos aposentados e nossos salários”, os manifestantes demonstraram sua oposição ao que chamaram de “Trumpização” global e às mudanças no Código Trabalhista Francês.

Diferentemente de anos anteriores, os sindicatos não unificaram seus chamados. Os protestos começaram cedo pela manhã em cidades como Marselha, Bordeaux e Estrasburgo, com confrontos entre manifestantes e a polícia em Lille e Lyon. A CGT relatou cerca de 260 manifestações em toda a França e descreveu o dia como um Primeiro de Maio “festivo e combativo”.

A Alemanha registrou um grande ato em Berlim, capital do país. Manifestantes levantram bandeiras antifascistas e rachaçaram as ações de partidos de extrema direita, como a AfD, que se tornou a 2ª força do Parlamento após as últimas eleições no país.

Na Itália, grandes sindicatos realizaram manifestações em diversas cidades do país para exigir medidas governamentais para garantir maior segurança no local de trabalho. Os protestos se concentraram em Roma, Montemurlo, onde um trabalhador morreu em 2021, e Casteldaccia, palco de cinco mortes recentes em uma indústria.

Na Grécia, os sindicatos ferroviários e marítimos aderiram a uma greve geral de 24 horas nesta quinta, deixando o país sem transporte público e com portos bloqueados em plena temporada turística. O protesto exigia aumentos salariais e melhorias nas condições de trabalho. A Federação Marítima Pan-Helênica (PNO), o principal sindicato dos marinheiros, manteve todos os navios de passageiros atracados.

Em comunicado, a organização exigiu o fim da violação contínua do horário de trabalho , “a contratação de todos os colegas desempregados, a eliminação do trabalho não declarado, a assinatura de acordos coletivos de trabalho em todas as categorias de navios” e assistência médica adequada para a tripulação.

Na Suécia, centenas de pessoas marcharam pelo centro de Estocolmo nesta quarta-feira (30) para protestar contra os ataques contínuos de Israel em Gaza, como parte de manifestações maiores do Dia Internacional dos Trabalhadores, com fortes mensagens de solidariedade ao povo palestino.

O protesto, realizado no distrito de Odenplan, viu ativistas, cidadãos e artistas pedirem acesso humanitário urgente a Gaza e responsabilização pelo genocídio cometido por Israel. Os manifestantes carregavam faixas com os dizeres “Crianças estão sendo mortas em Gaza”, “Escolas e hospitais estão sendo bombardeados” e “Imponha um embargo ao genocídio de Israel”.

A Defesa Civil de Gaza informou nesta quinta que pelo menos 29 pessoas foram mortas desde a noite anterior devido a bombardeios israelenses no território palestino. O número total de palestinos mortos já passa de 52 mil, sendo a maioria mulheres e crianças. Além disso, Israel mantém Gaza sob um bloqueio total que impede a entrada de qualquer insumo básico como água, comidas e remédios, o que faz o país ser acusado de utilizar a fome como arma de guerra.

Ásia contra tarifas de Trump

As principais capitais asiáticas também tiveram marchas neste 1º de Maio, com reivindicações como aumentos salariais, fim do emprego precário e proteção estatal dos direitos trabalhistas.

Os protestos também foram marcados pela oposição ao tarifaço de Donald Trump, classificado pelos trabalhadores como uma ameaça ao desenvolvimento, com consequentes perdas de empregos.

Nas Filipinas, manifestantes marcharam pelas ruas da capital Manila e exigiram salários mais altos, proteção no emprego, direito de sindicalização, serviços públicos de qualidade e o fim da corrupção. A marcha se aproximou do Palácio Presidencial e a polícia montou barricadas para impedir a passagem dos manifestantes.

O grupo trabalhista Kilusang Mayo Uno pediu um aumento no salário mínimo e criticou as políticas econômicas de Ferdinand Marcos Jr. De acordo com a plataforma, elas priorizam a privatização, a liberalização comercial e a desregulamentação para atrair capital estrangeiro às custas dos trabalhadores.

China vive feriado de 5 dias que estimula turismo interno (GREG BAKER / AFP)

Já na Coreia do Sul, os atos em Seul coincidiram com o fim de uma greve de fome dos membros da Conferência Nacional de Solidariedade dos Trabalhadores Escolares Irregulares, que exigiam melhores salários e condições de trabalho.

Em meio a slogans como “Trabalhadores, uni-vos!”, funcionários de vários setores marcharam pela capital japonesa Tóquio, exigindo melhores salários, assistência médica e estabilidade de preços. Entre a multidão, também eram visíveis cartazes com mensagens de rejeição às políticas do governo Trump, particularmente as pressões tarifárias.

De acordo com Said Iqbal, presidente da Confederação dos Sindicatos da Indonésia , cerca de 200 mil trabalhadores no país do Sudeste Asiático foram às ruas em busca de aumentos salariais, padrões de proteção para trabalhadores domésticos e migrantes e a eliminação de regulamentações de subcontratação e do sistema de terceirização.

Enquanto isso, na cidade turca de Istambul, pelo menos 400 manifestantes foram presos quando tentavam participar de uma manifestação do Dia do Trabalho na praça Taksim. A polícia teria colocado cercas e implementado outras restrições para impedir o acesso ao local.

Na China, a data foi celebrada em meio a cinco dias de feriado prolongado que estimula as viagens e o turismo doméstico. Na véspera, o presidente Xi Jinping elogiou o status e o papel da classe trabalhadora e dos sindicatos no desenvolvimento do país e as conquistas do movimento trabalhista chinês.

*Com AFP e Telesur

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