Cuba: Díaz-Canel se encontra com quase mil delegados em evento contra bloqueio e fascismo

Quase mil representantes de sindicatos e movimentos sociais de 39 países participaram na sexta-feira (2), em Havana, do primeiro Encontro Internacional de Solidariedade com Cuba, pelo Anti-imperialismo e contra o Ressurgimento do Fascismo.

A atividade fez parte das comemorações do Dia Internacional dos Trabalhadores. Durante o encontro, representantes de 269 organizações da Europa, América e Ásia se reuniram com o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel Bermúdez; o ministro das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez Parrilla; e Ulises Guilarte de Nacimiento, secretário-geral da Central de Trabalhadores de Cuba. Também esteve presente Carolina Rangel Gracida, secretária-geral do Comitê Executivo Nacional do Morena (México).

O evento foi aberto pelo vice-ministro das Relações Exteriores, Carlos Fernández de Cossío, que apresentou uma análise detalhada dos impactos do bloqueio imposto pelos Estados Unidos sobre a economia e a vida cotidiana em Cuba.

Durante sua fala, Cossío destacou que o bloqueio se transformou em “um cerco tão sufocante” que restam poucas ações que Washington ainda não tenha tomado para tentar “estrangular a economia cubana”. Ele também criticou as recentes ameaças feitas pelo senador Marco Rubio, que pretende impor sanções a quem contratar os serviços médicos cubanos.

Afirmando a longa tradição revolucionária da ilha, Cossío lembrou que “nada ensina mais do que a adversidade”, e ressaltou que o povo cubano não se rende diante das dificuldades, mas aprende com elas para fortalecer sua resistência e seguir em frente, mesmo nos contextos mais adversos.

Ao tomar a palavra, o presidente Díaz-Canel ironizou as versões da mídia hegemônica que negam o amplo apoio popular à Revolução.

“Alguns meios de comunicação vivem dizendo que a Revolução não tem apoio. Mas, diante da imensa mobilização de ontem, esses mesmos meios passaram a afirmar que as imagens impressionantes haviam sido geradas por inteligência artificial”, comentou.

Sob aplausos, Díaz-Canel agradeceu aos delegados por “serem a voz de Cuba no mundo” e afirmou: “vivenciamos uma magnífica demonstração de unidade e resistência, que mostra que nosso povo jamais será vencido”.

Ele reforçou a urgência de pôr fim ao bloqueio e combater as campanhas que atacam a colaboração médica cubana, considerada por ele “o verdadeiro orgulho da nossa Revolução”. Como exemplo, lembrou a pandemia de covid-19. Embora Cuba tenha desenvolvido sua própria vacina, o país foi impedido de importar agulhas por conta do bloqueio. “Foi graças à solidariedade internacional que conseguimos essas agulhas e salvamos milhões de vidas.”

“A determinação de vencer”

Em entrevista ao Brasil de Fato, Emerson, do Comitê de Ação de Michigan por Cuba, contou que esta é a primeira vez que sua delegação visita a ilha. Vieram dos Estados Unidos há mais de uma semana para conhecer experiências organizativas locais e participar da mobilização do Dia dos Trabalhadores.

Emerson destacou “o alto nível de organização do governo cubano mesmo diante da escassez e da pobreza”. Segundo ele, “a determinação de Cuba em vencer na luta revolucionária é justamente o que o governo dos EUA tenta suprimir”.

“O que meu governo tenta reprimir é aquilo que mantém o povo cubano de pé: o otimismo e o espírito revolucionário”, afirmou.

Michael, da Rede Nacional sobre Cuba, também conversou com o Brasil de Fato e destacou a importância das conexões entre Cuba e Palestina.

“De um lado, o governo dos EUA acusa Cuba de não ter liberdade de expressão e a rotula como país terrorista; de outro, envia armas a Israel que perpetuam o genocídio contra o povo palestino e ainda reprime os que protestam contra essa política dentro dos próprios Estados Unidos”, disse.

Michael lembrou que, enquanto Washington envia armas e bombas para o mundo, Cuba envia médicos.

“Uma ferida aberta na consciência da humanidade”

A ameaça do neocolonialismo e o avanço do fascismo – “alimentado pela política de interferência dos EUA” – também marcaram os debates. O genocídio palestino foi um dos temas centrais. Ao fim do encontro, os delegados aprovaram uma “Declaração de solidariedade e apoio ao povo palestino”.

“Denunciamos diante da história o crime que está sendo cometido”, afirma o documento, que define o genocídio sofrido pelos palestinos como “uma ferida aberta na consciência da humanidade”.

O texto relata que a violência contra civis palestinos, como o incêndio de campos de refugiados e os ataques indiscriminados a hospitais e ambulâncias, são “atos frequentes”.

Desde 7 de outubro de 2023, mais de 51.355 pessoas foram mortas, e o número de feridos ultrapassa 117.248. Mais de um milhão de crianças foram deslocadas à força, vivendo em condições desumanas, sem acesso à água potável, alimentos, abrigo ou atendimento médico.

“Não haverá silêncio até que o heroico povo da Palestina conquiste sua liberdade definitiva, autodeterminação, soberania nacional e o direito ao retorno de todos os refugiados”, conclui o documento.

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