
A Micareta de Feira de Santana, a primeira do Brasil, acontece oficialmente de 1º a 4 de maio e as realezas da festa já estão prontas para encantar os foliões que vão brilhar na avenida Presidente Dutra. Com brilho, muito carisma e trajetórias marcadas por resistência e representatividade, a Rainha, o Rei Momo e as Princesas da folia deste ano carregam histórias que vão além da festa momesca. Feita de música, dança, alegria e suor, a Micareta é acima de tudo, feita de gente. Gente que carrega história, herança, luta e muitos sonhos.

Conheça a Rainha, as Princesas e o Rei Momo da Micareta 2025: uma corte de fibra, raiz e representatividade.
A Rainha, Maria Lúcia Longuinho
Influenciadora digital, mãe solo, Maria Lúcia Longuinho, de 26 anos, carrega em si o axé e o orgulho da ancestralidade. Filha de Gogó, presidente do tradicional bloco afro Flor de Ijexá, que este ano completa 44 anos de história, a Rainha traz suas raízes como peça fundamental da sua identidade.
“Sou lá do bairro Tomba, nasci no Conjunto Panorama. Cresci acompanhando meu pai e minha mãe nos preparativos para a saída do bloco. Então, eu tenho esse traço, essa alegria, essa junção da linha afro, cultura essa que carrego no sangue”, contou Maria.

Guiada pelo respeito e a força de uma família que veio do axé, do candomblé, ela leva essa experiência dos tempos em que participou da construção do bloco ao lado da família. “Eu tenho meu príncipe, sou mãe solo, então tem toda essa força da mulher brasileira, da mulher feirense. É muita coisa que quero levar para todos vocês nessa avenida.”

Estreante no concurso, Longuinho venceu logo de primeira. Ela espera que o público abrace a corte dessa edição da festa que veio para abrilhantar ainda mais a folia. “É algo novo, nunca tinha vivido isso. Quero que vocês sintam a minha alegria e sejam contagiados com ela. Esse sangue feirense, esse sangue do axé que corre aqui nas minhas veias e esperem muita alegria que é isso que eu vou levar para vocês.”
Primeira Princesa Luana Portella
Com 26 anos, Luana Santos Portella é auxiliar de vendas e moradora do bairro Mangabeira. Filha de gari e oriunda de uma família de catadoras de materiais recicláveis, ela representa milhares de mulheres invisibilizadas que constroem dignamente sua história.

“Eu sempre estive presente na Micareta. É algo que eu gosto de falar porque eu me sinto representada. Eu venho de uma base que são catadores e catadoras de materiais recicláveis. Meu pai é gari, então eu estive nos dois ambientes: tanto no trabalhador quanto no da curtição. Sinto orgulho das minhas mulheres por vê-las ainda trabalhando na festa e também por ser uma festa que sempre me acolheu, por estar em um ambiente familiar também.”

Luana é persistente: tentou o concurso três vezes até conquistar o título. Ao Acorda Cidade, ela contou o segredo para não desistir. “Representar as demais, porque qualquer concurso que elege uma beleza é necessário que você persista se você acredita no seu potencial. Então, acreditem, se espelhem nisso. Se sintam abraçados. O que esperar de mim é essa alegria contagiante que tenho no meu sangue. Sejam felizes, venham com a gente transmitir a alegria de vocês para a gente e a gente para vocês.”
Segunda Princesa Jéssica Brandão
Com 29 anos e moradora do bairro Queimadinha, Jéssica de Sousa Brandão também é influenciadora digital, uma apaixonada pela folia. Desde criança, vivenciou a Micareta como ambulante e recicladora ao lado da mãe, antes de se tornar foliã e frequentadora assídua dos blocos.

“Minha mãe já me levava para trabalhar, já fui ambulante, trabalhei com reciclagem. Depois eu virei foliã, curtia, queria sair em todos os blocos, pegar todos os trios. Micareta e São João eu contava os dias. Então minha relação com a micareta é desde pequena, desde adolescente.”

Sobre seu reinado, ela foi direta e provou que em mais um ano de avenida ela está preparada para viver essa emoção. “Eu sou da galera. Então o que vai esperar de mim é muita alegria, vibração. Quero ser abraçada também pelo público, assim como eu vou levar alegria, eu quero também receber essa alegria. Então é isso que vai esperar das princesas. Estou com uma corte maravilhosa”, declarou.
Rei Momo Danilo Pereira
Aos 26 anos, o estudante de Educação Física Danilo Pereira de Jesus, veio da comunidade quilombola de Candeal ll, no distrito de Matinha, trazendo uma trajetória marcada pela dança.
Influenciado pelas irmãs que ouviam a cantora Joelma, típico de muitas crianças do norte-nordeste, ele se relacionou com a dança desde criança e de lá para cá não parou mais. Caminhada essa que lhe levou até o trono da Micareta.

“Na minha comunidade de Candeal ll, as oportunidades de acesso eram muito difíceis. Eu vim ter acesso a dança, questões técnicas, questões de estudo, de 2019 para cá. Foi quando eu fiz o curso de instrutor de FitDance. Em 2020, depois entrei na Cia Dance In Flame, daqui de Feira. Fui aprovado nesses dois ambientes que fomenta cultura e dança nas cidades.”
Sua história no concurso começou graças ao incentivo dos amigos que lhe orientaram a se inscrever pela alegria e o carisma que já era conhecido entre eles.
“Me inscrevi no último dia. Eu jamais imaginei estar nesse lugar. É um lugar também que representa muito a minha comunidade, enquanto quilombola, então as pessoas da minha comunidade ficaram muito felizes com esse título. Eu também, meus amigos. Podem esperar muita dança, muita alegria, muito axé, muito amor, muito carinho. Eu sou a pessoa do afeto. Eu amo abraçar as pessoas, eu amo contato. Então é isso que a galera pode esperar de mim durante esses quatro dias de festas incríveis da nossa Micareta 2025”, afirmou Danilo ao Acorda Cidade.

Hoje, ele já está concluindo o curso de educação física na Uefs e se sente realizado com os trabalhos que tem conseguido por conta da dança. Atualmente o Rei Momo dá aulas de dança para idosos, pessoas com deficiências visuais, adolescentes, em academias e no próprio quilombo onde mora. “A dança está literalmente presente na minha vida todos os dias, são sete dias por semana.”
Nos bastidores: Edy Bonrhausen, o arquiteto da festa
Ao lado da sua corte não poderia faltar o conselheiro, aquele que organizou as majestades rumo à vitória. Estamos falando do produtor cultural Edy Bonrhausen, responsável por coordenar o concurso da corte da Micareta 2025.

“Tem sido maravilhosa a experiência. Esse ano a gente inovou e o novo sempre assusta, mas a prova que está dando certo é que minhas meninas estão aí. Tivemos 25 inscritas, todas muito bonitas. A pré-seleção deu muito trabalho para tirar as 10. No dia 16, nasceu esse filho lindo que é essa corte, com minha rainha, minhas princesas e o Rei Momo. Tem sido maravilhoso. Cansado? Sim, mas quem é da luta não foge. Micareta corre no sangue e se você for, vai entender o que eu estou falando”, acrescentou Bonrhausen.
Com informações e produção da jornalista Jaqueline Ferreira do Acorda Cidade
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