Em coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira (5), a nova ministra das Mulheres, Márcia Lopes (PT), prometeu dar continuidade e ampliar as ações do ministério que, segundo ela, deve atuar de maneira intersetorial para alcançar mulheres em todo o país e abordar desafios como a violência e a desigualdade.
“A gente vem para continuar, para ampliar, para ir ao encontro dessas mulheres em todo o Brasil”, disse a ministra, que já chefiou o Ministério do Desenvolvimento Social (MDA) entre 2010 e 2011. “Eu estive aqui nesse Bloco C [da Esplanada dos Ministérios] por cinco anos, lá na primeira gestão do presidente Lula. E depois continuei andando o Brasil, encontrando mulheres, encontrando a população brasileira que ansiava sempre com a volta de programas e políticas públicas que de fato se preocupassem com a dignidade, com acesso aos direitos”, afirmou.
A nova ministra afirmou que ainda não sabe quais mudanças serão feitas no ministério e considerou um dos maiores desafios a realização da 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, que está marcada para setembro deste ano.
“Esse é um ano de conferência. Vou me reunir ainda essa semana, pretendo, com o Conselho Nacional dos Direitos das Mulheres, para que convoque, que prepare a conferência. Queremos conferências em todos os municípios brasileiros, nos estados e depois a grande conferência nacional, porque esse é o momento da gente se olhar cara a cara e dizer: o que que você tá precisando, mulher?”, declarou Lopes.
O anúncio oficial da nomeação da nova ministra ocorreu após reunião no Palácio da Alvorada com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em que participaram Lopes e Gonçalves, além da ministra da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência, Gleisi Hoffmann (PT). Mas a decisão já estava tomada desde sexta-feira (2), como informou o Brasil de Fato.
“O presidente Lula disse que quer ver as mulheres mais contentes, que ele quer ver as mulheres mais protegidas, que ele quer ver as mulheres em cada em cada município, nos 5.572 municípios desse país, que elas se sintam respeitadas, acolhidas, ouvidas, escutadas. E aí, claro que é muito difícil um país com dimensões continentais dar conta de chegar em todos os lugares. E é isso também que nós vamos fazer junto com todos os outros ministérios”, afirmou.
Márcia Lopes é natural de Londrina (PR) e foi secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Social quando a pasta era chefiada pelo ex-ministro Patrus Ananias. Assumiu o cargo em 2010, quando Ananias deixou o ministério para se candidatar a deputado federal nas eleições daquele ano.
Lopes também foi parte da equipe de transição de governo, em 2022, na área da Assistência Social, em que fez sua formação acadêmica. Ela é irmã do ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência dos governos Lula e Dilma, Gilberto de Carvalho, e está filiada ao PT desde 1982.
Essa é a 12ª troca de ministros desde o começo do governo, e a 5ª apenas neste ano.
“Tranquila, leve, feliz”, diz Cida Gonçalves
De saída, a agora ex-ministra Cida Gonçalves disse que se sente “tranquila, leve e feliz” com a saída do cargo, e que a mudança busca oxigenar o governo com novas pessoas. Gonçalves descartou que a decisão do presidente tenha sido motivada por falta de produtividade ou por supostas denúncias de assédio moral contra sua gestão.
“Não é uma troca por incompetência, por assédio, não é isso. É uma troca de rumo, de momentos. Tem hora que você tá no limite do esgotamento daquilo que você pode avançar, ampliar. E gente nova chega com novo olhar, com uma outra perspectiva”, disse a ex-ministra, agregando ainda que todas as representações contra ela foram arquivadas pelo Conselho de Ética da Presidência da República.
A ex-ministra fez um breve balanço das ações realizadas pelo Ministério das Mulheres sob sua gestão. “Nós estamos deixando um legado de 17 Casas da Mulher Brasileira funcionando, nós temos 16 em construção e 19 em implementação. Nós conseguimos nesse um ano e meio colocar a Lei da Igualdade Salarial na pauta do nosso país. E o 3º Relatório de Transparência já mostrou um resultado positivo. Aumentou o número de empresas em que a desigualdade é só 5%. Aumentou o número de empresas que contratam mulheres negras e mulheres indígenas. Isso significa um grande resultado para o Brasil, para as mulheres”, destacou.
Gonçalves afirmou que não deve ocupar nenhum cargo público e que pretende se dedicar à militância popular. “Eu não vou para lugar nenhum. Eu vou voltar pro lugar que eu vim que é o movimento de mulheres”, finalizou.